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quinta-feira, março 18, 2004

Democracias liberais e democracias populares
"Decerto, entre as democracias do Oeste e as democracias populares as diferenças são nítidas e palpáveis. Todavia, para além das diferenças, existe uma atmosfera axiológica comum. O ideal é o mesmo - é o endeusamento do homem individual, é o propósito de alcançar um estádio histórico em que seja suprimida a obediência constringente e custosa e o poder desapareça (ou se torne um simples delegado e mandatário das nossas vontades que, a todo o tempo, se possa destituir e derrubar legitimamente), é o intento de erguer na Terra uma harmonia perfeita em que todos façam o que querem e dêem largas às suas tendências, aspirações e desejos. O esforço, o sacrifício, o dever, a honra, a disciplina, a fidelidade são desconhecidos ou desprezados pelos ideários das democracias ocidentais e das democracias marxistas que lhes preferem, de longe, a felicidade pessoal, a tranquilidade, o bem-estar ruminante. Jefferson, venerado patriarca da Constituição dos U.S.A. - actualmente o guia político do Ocidente - considerava modelares o sistema governativo dos Estados Unidos e o dos índios americanos porque eram aqueles em que existiam menos leis. Por seu turno, Lenine proclamava objectivo do Comunismo a abolição do Estado. Numa palavra: para os fundadores dos dois regimes a meta a atingir está na redução ao mínimo dos imperativos e normas obrigatórias ou, até, na sua supressão. A anarquia é o fim último e perfeito. Claro que as democracias ocidentais e democracias populares divergem, profundamente, quanto aos meios a empregar para se conseguir esse fim. As primeiras proclamam indispensáveis a pluralidade de partidos e os parlamentos, sustentando que, sem eles, só há tirania e opressão. As segundas entendem que a libertação final apenas pode nascer de uma ditadura que elimine os expoliadores do povo (os que tudo possuem e oprimem os que nada possuem), defendem a tese de que as instituições jurídicas, sem o correspondente substracto económico, são mera burla e que, sem a força, nada se faz no sentido da demolição das velhas estruturas opressivas."
António José de Brito

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