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domingo, março 14, 2004

Eleições e necrofilia
Hoje os espanhóis vão às urnas, ainda aturdidos pela tragédia.
Vão às urnas eleitorais, vão a sufrágio.
Nos dias que passaram muitos deles estiveram a acompanhar outras urnas, noutros sufrágios.
Espantosa esta duplicidade semântica das palavras que designam o ritual supremo da superstição democrática, a aproximá-lo de um exercício necrófilo.
E inacreditável mesmo é o abjecto espectáculo de necrofilia política a que se entregaram os principais agentes em cena, tentando cada um capturar em seu proveito o imenso horror que atingiu o cidadão comum. Procurando todos fazer votar os mortos a seu favor ...
Neste cenário, os resultados, que são inegavelmente importantes, acabam por nem ser sentidos como tal: não vão certamente trazer gente melhor para as cadeiras do poder, quer confirmem os que lá estão quer tragam os que se apresentam como alternativa.
Nestas ocasiões sinto a diferença, como é diferente o ser fascista: não, nós não somos iguais a eles. O Fascismo, com esse nome ou outro, tem que ser superação, transcendência, ultrapassagem. Superior exigência e rigor moral. Ou um homem se eleva, e então vale pela norma que segue, ou então não é nada, só mais um na massa indistinta e anónima.

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