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sábado, março 20, 2004

Os adoradores do Sol
Depois de Francisco Louçã ter esclarecido as massas que os culpados dos atentados de Madrid foram os fascistas surgiu Durão Barroso a corroborar, com ligeira nuance: aquilo é obra do nazismo.
Para quem duvidava da persistência dos quadros intelectuais dos vinte anos, aí está a demonstração.
Para quem não reparava no fundo ideológico comum que une os políticos do sistema, aí tem para meditar.
Sempre que é necessário encontrar uma explicação, saltam-lhes as formas mentais interiorizadas e automatizadas quando das velhas leituras.
E se fossem só estes! A verdade é que os carris do marxismo-leninismo deteminam o sentido do pensamento de muita e muita gente que hoje por aí está a dar lições na praça pública. O maniqueísmo radical das análises, o extremismo das conclusões, com laivos de profetismo quase apocalíptico, são a marca de um marxismo reconvertido apressadamente. O fascínio que ontem os tinha feito aderir à única doutrina que lhes aparecia com uma irresistível dinâmica conquistadora do universo fez com que se virassem agora com paixão para o único Sol de onde lhes parece irradiar a força bruta.
O ódio sem limites pelos vencidos, os atropelados pela marcha irreversível da história que intentaram atrapalhar, sempre vistos como perversos entraves à perfeição das coisas, é outra marca generalizada e comum.
Ouçam-nos na televisão, essa legião de Pachecos que eu conheci fanatizados pelo marxismo-leninismo-maoísmo, e estudem o fenómeno. Trata-se de psicologia e de política, simultaneamente.

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