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quarta-feira, abril 28, 2004

As Nações e a Europa
"Não é na destruição das forças nacionais que nos elevaremos".
"Ao contrário, temos de recorrer à conjugação das forças nacionais existentes se quisermos que se refaça uma Europa, para uma política de desenvolvimento, de colaboração e de apoio das autonomias nacionais viáveis, tal como aos interesses naturais e às afinidades comuns."
"Em vez de se condenar as Nações mais antigas a uma dissolução, renunciando às reservas de energia latentes, que são mesmo a substância do seu ser nacional, não seria melhor usar as forças construtivas que nelas se contêm e que correm o risco de se dispersarem, confundidas no vasto conglomerado onde poderão ser concentradas?"
"A organização do mundo, interessada na manutenção das bases da civilização, não se pode fazer no plano supranacional, mas somente no plano da harmonia, do entendimento entre soberanias nacionais. E, menos ainda que as outras, a parte europeia deste aglomerado não poderá continuar a ignorar as realidades existentes e a embaraçar-se em criações políticas que, sobre o plano teórico, podem parecer mais coerentes, mas que não tardarão a revelar, na prática, a fragilidade ou o artifício da sua construção. A ideia de uma Europa Federal parece-me situada fora de toda a possibilidade por vários motivos (...)"
"As boas amizades, os bons tratados, as boas alianças entre nações unidas por afinidades reais, para salvaguardar a sua independência, serão mais capazes de refazer a Europa do que torná-la num amontoado amorfo e privado de toda a vida profunda, na qual se acabarão por sacrificar as nações que a compõem".
"Pretender confundir as suas nacionalidades e os seus interesses não será mais que, no fundo, preparar um novo caos de onde não poderá sair, frente a um adversário comum, senão uma resistência anárquica. Decapitar as soberanias nacionais será, à hora do conflito, expor-se a não dispor de mais do que um pedaço sem personalidade e quase sem nome, que carecerá de todas as razões para se defender que as nações possuem na sua história. Querendo elevar uma muralha não se faria mais que uma decoração ilusória. A vã aparência de força, que assim teria estabilizado, não teria outro resultado que o de aproximar o perigo. Porque, não somente é improvável a sua eficácia na guerra, mas é certo que é impotente na regulamentação de um só dos problemas da paz..."

SALAZAR, em entrevista a Henri Massis

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