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sábado, abril 17, 2004

Retrato do poeta a estas horas

Privo bem mais com Camões
do que com quantos poetas
chamam hoje as atenções
de salões e de selectas.

No olhar, trago o sol-posto;
no peito, um sino a rebate;
no meu rosto, este desgosto
e esta réstea de resgate
com que tento guarnecer o meu posto
de combate.

(-...País o meu, que se quis
país
de raiz
corroída!...)

Agora, aqui me perfilo
entre eunucos e anões.
-Quem dirá que sou da pátria de Camilo
e de Camões?...

(Trespassado de traições
cercado de renegados...
-... Vai-se a ver: tenho, em Camões,
um dos meus antepassados
mais chegados. Mais chegados!)

Eis quase só o que resta
- entre ouropéis
e troféus... -
de uma pátria, como esta,
que foi de reis
e é de réus!
--------------

Abril, Abril foi o mês...
À hora mais desabrida...
- Que silêncio que se fez,
desde então, na minha vida!...

(Quanto ao silêncio, suponho,
foi a razão por que vim
com este sonho: este sonho
aos gritos dentro de mim!)
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Pelos cálculos que fiz,
'stá na hora prometida.

-... Assim haja cicatriz
que suture, sare e cure
tanta ferida.... Tanta ferida!...


Rodrigo Emílio

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