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quinta-feira, maio 13, 2004

Ping Pong 

A Aliança Nacional deu-se ao trabalho de responder ao meu pequeno texto "O essencial e o acessório". Agradeço a atenção, que sempre é consolador uma pessoa descobrir que alguém o lê.
A dado passo escreve-se, com referência à necessária destrinça entre o que é essencial e o que é acessório na definição política dos nacionalistas, que:
"Mas estou certo de não temer esse trabalho tanto como "camisanegra" parece temê-lo"; "É que as posições que a AN considera essenciais à definição dum nacionalismo do presente (mas sobretudo do futuro e de futuro) não são dirigidas ao campo que pensa e onde a AN teria causado escusada divisão, com certas tomadas de "posições pessoais"; "O campo a que nos dirigimos não é esse, mas o dos que não sabem que são nacionalistas ou que vêem no nacionalismo qualquer coisa de radical com que não podem estar de acordo e que os não pode conquistar"; "Pretendemos, e não penso que outra coisa valha a pena, que esses, a quem de facto nos dirigimos e que o novo nacionalismo quer "conquistar", compreendam que o nosso nacionalismo não se confunde com os outros nacionalismos".
Ora bem, de novo encontro aqui razões para aplaudir e razões para colocar algumas reticências.
Em primeiro lugar, um protesto pela alusão aos meus temores pessoais: este camisanegra sempre foi um fascista destemido. Portanto, abaixo essa prosápia, que no máximo admito um empate nessa matéria.
Agora quanto às ideias: louvável me parece o espírito aberto e conquistador que é proclamado; um nacionalista parte à conquista de todos, e naturalmente que os destinatários da sua acção devem ser sobretudo aqueles que não são nacionalistas, ou ainda não o são, ou ainda não sabem que o são. Excelente. Não faz sentido querer convencer os que já estão convencidos. Mas esse projecto de conquista do corpo social (óptimo: tudo o que é nacional é nosso!) pressupõe que já esteja definida essa essência que se quer fazer alastrar... E neste ponto pode revelar-se trágico esquecer que para a definição desse continente ideológico é indispensável contar com os que já são, contar com um forte núcleo de onde o movimento se expanda. Partir com essa ilusão de que certas posições próprias podem representar mais que isso mesmo, convicções pessoais, traduz-se normalmente apenas numa aventura pessoal. Essa exclusão de princípio de um campo que não interessa e a que não nos dirigimos em contraposição a outro campo que esse sim interessa e a que nos dirigimos, não prenuncia nada de bom. A afirmação voluntarista de que o nosso nacionalismo é que é bom e o demais não interessa não é de esperar que contribua para o debate franco e despreconceituoso que noutros passos se apregoa.
Em geral essas estratégias resultam simplesmente na alienação voluntária dos que havia, desprezados à partida, sem que se convença ninguém dos outros, que olham desinteressados porque do que lhes é oferecido já têm aquilo que poderiam querer, sem precisar de ir por aí, e do resto não vêem razão para passar a querer. No fim da aventura só resta a descoberta do isolamento completo. O drama de Marcelo.

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