sábado, maio 22, 2004
Também assino!
Os bloguistas d'"O Acidental" resolveram colocar em linha um abaixo-assinado reclamando esclarecimento público e total das questões relativas à tortura e aos maus tratos praticados sobre presos políticos em Portugal nos anos que se seguiram ao 25 de Abril.
Claro que a iniciativa é inconsequente, e a intenção não é das melhores. Os promotores sabem que isto não conduzirá a nada, e o seu propósito é só criar embaraços aos seus irmãos-desavindos do lado esquerdo do sistema, e ao mesmo tempo banalizar as notícias das torturas americanas.
Mas mesmo assim é divertido observar esta reclamação: se fossem mesmo analisados a fundo os acontecimentos, como explicariam os responsáveis a atitude de então de tantos dos actuais gurus da linha em que se situam? Ou ignoram que Pacheco Pereira, João Carlos Espada, Vasco Graça Moura, Durão Barroso, não eram então menos radicais no seu revolucionarismo do que o Major Tomé, o Major Dinis de Almeida, o Miguel Portas ou o Francisco Louçã?
E onde pensam os mimosos liberais d'"O Acidental" que estavam nessa altura personalidades como Freitas do Amaral, Sá Carneiro, Amaro da Costa, e tantos outros?
Pois é, andavam nos gabinetes do poder, uns no Governo, outros na Assembleia, outros no Conselho de Estado.. e garanto que a todos eles recorreram centenas e centenas de pessoas, pessoalmente ou por escrito, comunicando os seus casos ou de familiares e amigos, e implorando uma intervenção.
Se fosse conhecido até onde chegou a indignidade e a cobardia da direita tolerada da época, creio que os promotores da petição se recolheriam envergonhados.
Mas fiquemos por aqui. Na realidade houve nesses tempos milhares e milhares de prisões arbitrárias, houve torturas, houve maus tratos, numa escala e numa dimensão que os rapazes d'"O Acidental" não sonham.
No Regimento de Polícia Militar, no Ralis, no Quartel-General da Região Militar do Porto, em Caxias, até em cárcere avulso e privado.
Por tudo isso, eu assino o abaixo-assinado. Porque os gestos simbólicos também têm sentido. Mas sem confiança nenhuma de que tal iniciativa venha a servir para esclarecer alguma coisa.
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Claro que a iniciativa é inconsequente, e a intenção não é das melhores. Os promotores sabem que isto não conduzirá a nada, e o seu propósito é só criar embaraços aos seus irmãos-desavindos do lado esquerdo do sistema, e ao mesmo tempo banalizar as notícias das torturas americanas.
Mas mesmo assim é divertido observar esta reclamação: se fossem mesmo analisados a fundo os acontecimentos, como explicariam os responsáveis a atitude de então de tantos dos actuais gurus da linha em que se situam? Ou ignoram que Pacheco Pereira, João Carlos Espada, Vasco Graça Moura, Durão Barroso, não eram então menos radicais no seu revolucionarismo do que o Major Tomé, o Major Dinis de Almeida, o Miguel Portas ou o Francisco Louçã?
E onde pensam os mimosos liberais d'"O Acidental" que estavam nessa altura personalidades como Freitas do Amaral, Sá Carneiro, Amaro da Costa, e tantos outros?
Pois é, andavam nos gabinetes do poder, uns no Governo, outros na Assembleia, outros no Conselho de Estado.. e garanto que a todos eles recorreram centenas e centenas de pessoas, pessoalmente ou por escrito, comunicando os seus casos ou de familiares e amigos, e implorando uma intervenção.
Se fosse conhecido até onde chegou a indignidade e a cobardia da direita tolerada da época, creio que os promotores da petição se recolheriam envergonhados.
Mas fiquemos por aqui. Na realidade houve nesses tempos milhares e milhares de prisões arbitrárias, houve torturas, houve maus tratos, numa escala e numa dimensão que os rapazes d'"O Acidental" não sonham.
No Regimento de Polícia Militar, no Ralis, no Quartel-General da Região Militar do Porto, em Caxias, até em cárcere avulso e privado.
Por tudo isso, eu assino o abaixo-assinado. Porque os gestos simbólicos também têm sentido. Mas sem confiança nenhuma de que tal iniciativa venha a servir para esclarecer alguma coisa.
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