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sexta-feira, agosto 27, 2004

Filippo Tomaso Marinetti: Nota Biobibliográfica 

No ano literário que se cumpriu em 22 de Dezembro de 1976, pode dizer-se que foi escamoteado o centenário de Filippo Tomaso Marinetti. E esta ocorrência aconteceu... apesar da importância da presença literária de Marinetti em toda a renovação literária do mundo - desde a Rússia até à América do Sul -, mormente em Portugal, em que até houve ume revista com a titulo de "Portugal Futurista"... Marinetti publicava, em 1909, no "Figaro", o primeiro manifesto do Futurismo e afirmava, nele, exactamente a finalizá-lo: "Nós queremos cantar o amor do perigo, o hábito à energia e à temeridade. A coragem, a audácia, a revolta serão elementos essenciais da nossa poesia".
Quando o "Figaro" tornou público este manifesto, Marinetti não era um adventício. A grande Sarah Bernhardt declamara uma poesia sua - Les Vieux Marins- em 1897. Outra poesia sua fora premiada nos Lundis Populaires. O poema La Conquète das Étoiles viera a público em 1902. Seguiu-se-lhe um novo volume de líricas: Destruction. Le Roi Bombance- um drama para o teatro, representada no Théatre de L'Oeuvre, traz a data de 1905 e o editor era o Mercure de France. Um ano depois do manifesto, Marinetti publicava a novela Mafarka, il Futurista. Com a publicação do Manifesto termina a primeira fase da vida literária de Marinetti, essa que se caracterizou pelo uso da língua francesa na sua obra literária e pele difusão da poesia francesa em Itália. A esta sua actividade se deve a divulgação na sua pátria dos poetas Baudelaire, Mallarmé, Verlaine, Rimbaud, Gustavo Kahn, Régnier, Maeterlink, Verhaeren, Moréas, Paulo Fort, Contesse de Noailles e tantos mais que seria longo enumerá-los todos. É também nesta fase que ele funda com Benelli e Preti a revista Poesia (1905) que Ferdinando Paolieri saúda com entusiasmo e exaltação. Foi no primeiro número de Poesia que surgiu impressa pela primeira vez, uma cena do drama de D'Annunzio - Nave -, então o maior poeta da Itália, ao lado das colaborações de Pascoli, Marradi, Ada Negri, Paul Adam, Catulle Mendés e Gustavo Kahn.
No Manifesto Futurista, sem tibiezas, Marinetti afirmara: "Nenhuma obra que não tenha carácter agressivo pode ser uma obra-prima. Nós queremos glorificar a guerra - a única higiene do mundo - o militarismo, o patriotismo, o gesto destruidor dos libertários, as belas ideias pelas quais se morre". Como se vê era todo um programa de comportamento humano e os anos que se seguiram ao Manifesto comprovaram que se não tratava de palavras lançadas ao vento mas de ideias em marcha. Daí que Giuseppe Zoppi possa dizer no estudo que antecede as páginas de Marinetti no primeiro volume da "Antologia della Letteratura Italiana" (1939) que, a partir daqui, "Marinetti è il capo riconosciuto del Futurismo" e que "clamorosa fu l'adesione al Futurismo di Papini e Soffici, à Firenze".
Como o afirmei anteriormente, o Futurismo era, antes de mais nada, um comportamento. Daí que todos os que foram futuristas tivessem ficado marcados para sempre. As premissas futuristas - para eles dogmas - foram atiradas à cara dos burgueses e dos filisteus como chapadas acusatórias. Não se tratava de um diletantismo: tratava-se, outrossim, de uma afirmação. E tanto assim era que, declarada a guerra de 14, os futuristas são pela intervenção ao lado das tropas francesas. Marinetti combate na frente de batalha e é ferido. O escultor e pintor Umberto Boccioni e o arquitecto António Sant'Elia - o profeta da nova arquitectura - dão a vida pela Pátria. Eram as tais "belas ideias pelas quais se morre". Marinetti tinha afirmado, em 1911, esta proposição programática que causara espanto e que, ao diante, se realizaria, passando da potência ao acto: «A palavra Itália» deve prevalecer sobre a palavra "liberdade".
Em 2 de Dezembro de 1944, Marinetti morre em Bellagio, vitima de um enfarte, depois de ter ocupado a Presidência da Academia italiana e outros cargos honrosos.
Sobre o que foi e o que representou o futurismo deve ler-se, antes de mais nada, o que o próprio Marinetti escreveu na Enciclopédia Italiana, além do pertinente ensaio de Francesco Flora - Dal Romanticismo al Futurismo e ainda Il Poeta Marinetti, de Tullio Panteo (1908) e F.-T. Marinetti et le Futurisme, de R. Le Brun (Paris - 1911). As obras principais de Marinetti, em língua italiana, como refere Giuseppe Zoppi, no volume citado anteriormente, são Manifesti del Futurismo(4 volumes), Teatro Sintetico Futurista(2 volumes), Scelta di Poesia e Parole in Libertá, L'Alcova d'Acciaio, Futurismo e Fascismo, Novelle coile Labra Tinta, Il Fascino dell'Egipto, L'Aero Poema del Golfo della Spezia, Il Poema Africano della Divisione "28 Ottobre".
Amândio César

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