terça-feira, setembro 28, 2004
Aconteceu em Setembro
Faz hoje precisamente 30 anos, mais hora menos hora, andavam os nossos revolucionários ocupadíssimos na nobre tarefa da caça ao fascista: apanhados um a um, de casa em casa, alguns ainda em pijama, lá foram encher as celas de Caxias, em cortejo de ramonas e berliets, os perigosos reaccionários que ao que se dizia faziam perigar a jovem democracia.
O Walter Ventura, um dos distinguidos, escreve hoje um belo apontamento sobre a experiência no semanário "O Diabo".
Poucos dos contemporâneos conseguem imaginar o ambiente de loucura que varria o país nessa época, o inacreditável quadro que oscilava entre a comédia mais patusca e a tragédia mais sombria.
Neste aniversário recordo tantos que já se foram, e os poucos que ainda aí andam a carregar o fardo da vida; e cá por coisas deixo aqui a minha homenagem ao Dr. António José de Brito, que não sendo preso nessa hora (apesar de bem merecedor da honraria) certamente por desorganização dos serviços respectivos, tratou então de escrever em nobre desafio os seus "Diálogos de Doutrina Anti-Democrática", que editou e fez distribuir à sua custa, consignando que só esperava não deixar um testemunho indigno das ideias a que dedicava a sua vida e a sua fé. Impossível transmitir o que significava nesses anos seguintes, de 75 e 76, a simples exibição altaneira de um título assim.
Foi precisamente há trinta anos, numa manhã como esta. O Manuel Múrias, o Goulart Nogueira, e tantos, tantos outros, centenas de portugueses numa leva só, a que outras se seguiriam, começavam então o seu estágio pela "obra prisional do Estado Novo".
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O Walter Ventura, um dos distinguidos, escreve hoje um belo apontamento sobre a experiência no semanário "O Diabo".
Poucos dos contemporâneos conseguem imaginar o ambiente de loucura que varria o país nessa época, o inacreditável quadro que oscilava entre a comédia mais patusca e a tragédia mais sombria.
Neste aniversário recordo tantos que já se foram, e os poucos que ainda aí andam a carregar o fardo da vida; e cá por coisas deixo aqui a minha homenagem ao Dr. António José de Brito, que não sendo preso nessa hora (apesar de bem merecedor da honraria) certamente por desorganização dos serviços respectivos, tratou então de escrever em nobre desafio os seus "Diálogos de Doutrina Anti-Democrática", que editou e fez distribuir à sua custa, consignando que só esperava não deixar um testemunho indigno das ideias a que dedicava a sua vida e a sua fé. Impossível transmitir o que significava nesses anos seguintes, de 75 e 76, a simples exibição altaneira de um título assim.
Foi precisamente há trinta anos, numa manhã como esta. O Manuel Múrias, o Goulart Nogueira, e tantos, tantos outros, centenas de portugueses numa leva só, a que outras se seguiriam, começavam então o seu estágio pela "obra prisional do Estado Novo".
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