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quarta-feira, setembro 29, 2004

Dores de cabeça 

A esquerda doméstica não é capaz de esquecer o resultado do célebre referendo sobre o aborto.
Volta não volta, aí está a exigir um novo, e num tom que não permite duvidar que caso o resultado desagradasse seria de repetir a repetição, e assim indefinidamente, até conseguir o resultado desejado.
Nessa altura parava a dança: tudo estava dito, causa finita...
E não há maneira de fazer ver aos nossos irrequietos esquerdistas que o bom povo tem muito mais em que pensar, e na verdade tem pouca diisponibilidade para tal assunto, mergulhado que está em problemas sérios e verdadeiros.
Mas nestes a nossa esquerda, viciada no salão e no espectáculo, ainda nem sequer pensou. Ela sabe lá do povo!
Nem pensa nisso... tem aquilo atravessado, traz aquela ideia fixa.
E depois o costume de pensar nunca foi muito lá de casa. Em matéria de ideias é melhor adquirir tudo feito. Pensar mói e cansa, e no fim dá dores de cabeça.
Lembro-me bem do que observava o Rodrigo Emílio:
- "Um marxista é geralmente um sujeito que confunde "reflexão" com "enxaqueca".
Não sei se por falta de hábito se quê, o caso é que todas as vezes que qualquer comuna entra em reflexão por sua conta e risco, já se sabe que pega logo uma valentíssima dor de cabeça - daquelas de pôr a dita cuja "à razão de juros"!

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