<$BlogRSDURL$>

domingo, outubro 03, 2004

NACIONALISMO REVOLUCIONÁRIO E NACIONALISMO REACCIONÁRIO 

III – Rumo ao Futuro
2.2 "Luta pela abolição da "Europa-Protectorado" - A nível europeu pretende o nacionalismo revolucionário a construção de uma verdadeira independência em relação aos EUA e URSS, que passará pelo apoio incondicional a todas as tentativas insurreccionais, a Leste, contra os corpos expedicionários soviéticos de ocupação, e pela liquidação do poder norte-americano na Europa Ocidental, através da edificação de um Exército europeu poderoso e fortemente ideologicizado (rompimento com as teses do exército de funcionários ou de polícias), liberto do auxilio militar do Pentágono, que mais não é do que um travão a uma real emancipação europeia, e pela desmontagem da estrutura multinacional norte-americana, que explora os sectores vitais da economia europeia, sem compensação real.
2.2.1- Parece evidente que qualquer tentativa de fazer a URSS regressar às suas fronteiras de 1939 só poderá ser empreendida por aqueles que forem portadores de uma "verdadeira alternativa de justiça" ao sistema soviético. Esta realidade essencial, tantas vezes esquecida, vem-nos, por exemplo, nas palavras de Jean Thiríart: "É normal que muitos europeus do Leste hesitem na troca de ocupante. A ideia de que o seu levantamento contra os Russos só aproveitaria aos Americanos e ao seu sistema económico-social não os entusiasma nem os incita. A situação altera-se completamente se o apelo à revolta contra o ocupante russo é lançado por uma Europa comunitária. É então o apelo de irmãos. Na medida em que garantimos as reais conquistas sociais às populações da Europa do Leste, o nosso nacionalismo europeu torna-se uma força de molde a provocar a derrocada, pelo interior, do protectorado russo".
Assim se compreenderá que não é algo de vago o falar-se em acção revolucionária: porque, num terreno em que a plutocracia ocidental, mercê dos erros acumulados, apenas procura "sobreviver" e jogar na defensiva, o nacionalismo revolucionário pode falar de política de ataque, de conquista, de revolução.
2.2.2. Longe da "unificação" europeia, entendida como submissão dos povos a um projecto mundialista, fruto da coacção dos grandes grupos económicos e dos seus aliados políticos, o nacionalismo revolucionário pretende uma verdadeira "unidade" construída na livre colaboração das comunidades nacionais, na criação de uma zona poderosa que sirva de freio aos sonhos de condomínio mundial. Mas esta solidariedade não terá mais por base a "Europa Legal", parlamentar, fraca e corrompida, nem os mecanismos repressivos e retrógrados que criou. Porque hoje as vozes livres fazem-se ouvir fora dessa Europa ligada apenas por interesses económicos. Europa que em momentos decisivos se encontra sempre de joelhos perante Washington, fraca e de má consciência perante Moscovo. Após a revolução nacional nos vários países, impõe-se a criação de um novo mecanismo institucional que assegure uma cooperação europeia justa, eficaz, livre e responsável.
2.3. "Aliança diplomática ofensiva, de oposição às actuais superpotências, radicalmente diversa da política ambígua e debilitante do “Não Alinhamento" - Uma unidade construída na liberdade significa assim também a liberdade das Nações, como comunidades de destino, cumprirem o seu fio histórico.
Resulta daí, então, a importância da criação de uma grande aliança defensiva que englobe, para além da Europa física, os seus aluviões culturais noutros continentes. Aí estão os países africanos, sobretudo aqueles que só Portugal pode compreender e ajudar a libertar. Porque, histórica, cultural e emocionalmente, só a Nação Portuguesa poderá, querendo servir de ponte com um Terceiro Mundo liberto da impostura do "não alinhamento", visto que foi a única que soube construir um Destino fora do estrito espaço europeu. Para além disso, a África é o prolongamento natural da Europa, e as economias dos dois continentes são até complementares.
Uma aliança diplomática passaria também por uma política de amizade com o mundo árabe, atirado hoje para os braços soviéticos pela cegueira dos políticos europeus. No mesmo contexto se poderia englobar a China, como aliado táctico no combate a Moscovo, embora potencial perigo futuro para a segurança mundial. Tudo dependeria da capacidade e habilidade de manobra.
Portanto, com a África, "simbiose", impedindo qualquer ameaça ao flanco Sul da Europa; com o mundo árabe, "amizade", pois a unidade árabe fecha a estrada de África a Moscovo, elimina o pretexto de intervenção americana no Mediterrâneo, serve de tampão e ponte entre a Europa e a Ásia Ocidental; com as superpotências, qualquer política de "coexistência" que implique a divisão da Europa, ou da sua colonização e tutela, será totalmente rejeitada.
Porque a verdadeira coexistência só existe em Estados soberanos.
Muito mais seria preciso dizer sobre as perspectivas da acção nacionalista revolucionária. Para já, foram lançados alguns tópicos, pontos comuns aos vários grupos nacionalistas revolucionários em busca de uma solidariedade cooperativa. O trabalho mais importante será no entanto a sua clarificação posterior, com base numa aturada reflexão militante.
Por agora, importa apreender-se isto: a História ensina que, nos momentos de crise, o mundo só avança pela "acção" dos grupos decididos. Não serão as Academias poeirentas que poderão validamente desmentir tal evidência.
NUNO ROGEIRO
(Nota: sublinha-se que o presente artigo, a terceira e última parte do ensaio que temos vindo a publicar, data de 27 de Setembro de 1979; a sua leitura não poderá portanto fazer-se sem ter presente o decurso de 25 anos e as mudanças entretanto ocorridas no mundo.)

0 Comentários
Comments: Enviar um comentário
Divulgue o seu blog! Blog search directory

This page is powered by Blogger. Isn't yours?