quinta-feira, novembro 25, 2004
Entrevista com Maurice Bardèche
Num tempo já longínquo em que nem se antevia que a Rússia deixasse de ser comunista, a revista portuense "Último Reduto" realizou uma entrevista com o escritor Maurice Bardèche.
Transcreve-se aqui o trabalho, uma vez que poucos certamente têm a possibilidade de o conhecer do papel.
Último Reduto - Maurice Bardèche, você que viveu o período que antecedeu a II Guerra, que viveu a Guerra e também o pós guerra qual a sua opinião sobre a época actual?
Maurice Bardèche – A época actual é uma época cega, hipócrita e incapaz de grandeza: são simplórios impressionados com as imagens que lhes são mostradas (pelos mass media). Criaram uma imagem completamente falsa deles mesmos e da guerra: a imagem que lhes foi imposta. Os alemães, nação plástica, foram transformados pela reeducação, tal como o tinham sido por Hitler. Esqueceram o seu heroísmo e o exemplo que deram ao mundo. Os franceses, esses esqueceram que foram uma nação vencida e retomaram todos os defeitos que foram a causa da sua derrota. Sufocam sob o regime democrático, sem ousarem inventar uma ideia política diferente.
U.R. Qual a sua posição face ao movimento cultural designado por Nova Direita. Está de acordo com os princípios que orientam esta nova corrente?
M.B. A Nova Direita prestou um grande serviço abrindo as janelas, fazendo-nos conhecer uma cultura americana e anglo saxónica que ignorávamos e impedindo que ficássemos prisioneiros da nossa convicção da excelência exclusiva do génio francês. Trata-se de uma renovação cultural que deu uma imagem mais dinâmica da Direita. Igualmente uma imagem mais tolerante.
Mas esta renovação não se assume do ponto de vista político. Não tem outros objectivos que não sejam apenas os de influenciar por infiltração a classe política, ao jeito da Franco-Maçonaria. Esta táctica que exige muitos anos, arrisca-se ao malogro dada a rapidez da História. A sua visão do Homem, inspirada em Nietzsche, insiste no valor da energia e da virilidade. Neste ponto, ela é um excelente instrumento de renascimento cultural. Mas tem também o defeito de passar por cima de vinte séculos de civilização cristã, o que diminui em muito o seu impacto sob o ponto de vista prático.
O seu arranque foi muito vigoroso mas a sua influência é estagnante devido à sua afectação de apoliticismo, que não engana ninguém e que os impede hoje em dia de propor as soluções práticas e propriamente dito políticas que a Oposição carece.
U.R. Alguém já o definiu como um anarquista de Direita. Que pensa disso?
M.B. Não estou de acordo com essa qualificação de anarquista de Direita. Pelo contrário, a minha posição política é muito coerente. Condeno o regime democrático na sua qualidade de regime de decomposição e de facilidades. Exijo que não se rejeite a experiência dos regimes de unidade nacional que fizeram a força e a grandeza da Alemanha e da Itália, que estes sejam julgados com objectividade e que deles seja adoptado tudo o que tiveram de salutar para esses países, ao mesmo tempo evitando os seus excessos.
Tenho esperança que os Estados europeus se libertem da dominação da plutocracia internacional e que os seus regimes políticos sejam fundados sobre uma adesão popular e sobre uma justiça social.
Não creio que a burguesia rica dos nossos países, demasiado podre e abastardada, nos possa impôr as suas normas culturais.
Foi esta posição anti-burguesa e anti-reaccionária que me trouxe, às vezes, essa qualificação de anarquista de Direita que no que me diz respeito é completamente imprópria e deformante.
U.R. Há escritores, e não dos piores, que defendem que a salvação da Europa poderá vir da Rússía. Pode-nos sintetizar a sua opinião sobre este tema que a curto prazo nos poderá vir a afectar?
M.B. Sempre fui da opinião que a Europa devia procurar tornar-se independente das duas superpotências pela sua estratégia própria, economia e concepções políticas. Mas é evidente que na hora actual, devido ao tempo perdido, as nações europeias não podem conservar a sua independência senão sob a protecção dos Estados Unidos. A URSS tal como é hoje, não pode sonhar outra coisa que não seja instaurar o seu protectorado sobre a Europa, mais provavelmente pela sua finlandização que pela guerra.
Para que uma aliança com a URSS fosse possível, tornar-se-ia necessário que ela deixasse de ser comunista, situação que não é de encarar actualmente.
U.R. Maurice Bardèche, as suas actividades políticas foram nulas durante a ocupação alemã da França, durante a II Guerra Mundial. Qual a sua opinião sobre essa época?
M.B. A ocupação de uma parte do território francês pelos alemães foi um período difícil para todos os franceses, o que é natural, mas foi igualmente um período dramático, não o devendo ter sido. Se Churchill primeiro e os soviéticos depois não tivessem mobilizado a população civil da França para uma guerra política contra os regimes ditos fascistas, a França ter-se-ia mantido à margem desta guerra, como lhe garantia o armistício, e a divisão e o ódio teriam sido evitados. Foram os criminosos políticos, armados pelo estrangeiro, que instauraram em primeiro lugar o terrorismo e depois a guerra civil.
A França foi levada à força para esta guerra donde o marechal Pétain a terá querido livrar. Os ódios criados por esta situação foram saciados pela depuração de 1945, que fez mais vítimas que o célebre Terror de 1793. Esta depuração confiscou o poder cultural e o poder político em proveito da minoria que tinha a pretensão de ter resistido aos alemães e de ter tido sobre eles uma vitória que não foi senão o resultado do desembarque anglo americano.
U.R. Inevitavelmente teria que lhe pôr esta questão: você, Maurice Bardèche, que privou durante tantos anos com o seu cunhado e genial poeta Robert Brasillach, que foi sempre o seu melhor defensor e divulgador, o que pensa de Robert Brasillach?
M.B. Não posso num período tão curto falar de Robert Brasillach. Era um homem corajoso, terno e generoso, a quem a indignação e o desejo de servir a sua pátria inspiraram as posições políticas que assumiu antes da Guerra, juntamente com toda a extrema-direita francesa, contra a guerra criminosa desejada pelo judaísmo internacional, posição que continuou a manter durante o período da ocupação.
Apesar da petição feita por todos os grandes escritores do seu tempo, foi condenado à morte devido às suas ideias políticas que tinha divulgado nos seus artigos publicados no semanário Je Suis Partout.
A sua morte foi uma perda irreparável para uma geração literária da qual ele tinha sido o grande animador e que foi destruída pela perseguição, tal como a geração de 1914 o foi pela I Guerra.
U.R. Gostaria que nos falasse sobre o longo processo de que foi vítima pela publicação do livro "Nuremberga ou a terra prometida", pelo qual foi ironicamente acusado de propaganda anarquista, para terminar por ser condenado a um ano de prisão e à destruição da edição incriminada.
Por que motivo o presidente Coty lhe terá indultado a pena?
M.B. O meu livro sobre o processo de Nuremberga foi o primeiro protesto na Europa contra o simulacro de julgamento organizado pelos vencedores contra os homens de Estado e os generais dos vencidos. Este julgamento falsificou a História e lançou um libelo acusatório que poderia de igual forma ser instaurado aos Aliados pelas atrocidades cometidas por estes e pelas suas responsabilidades no declarar e prosseguir da guerra. No decurso do processo que me foi instaurado fui preso preventivamente, medida nunca antes tomada num processo de imprensa, fui absolvido num primeiro julgamento e depois condenado por apelo para uma instância superior, a um ano de cadeia, por magistrados especialmente nomeados para a circunstância.
O presidente Coty utilizou o seu direito de perdão para encurtar a duração da minha pena, pela sua indignação de homem honesto contra um procedimento que era aos seus olhos, um escandaloso atentado contra a liberdade de expressão.
U.R. O movimento que você criou, o Movimento Social Europeu, para além de ter conseguido uma união real nos nacionalistas-revolucionários debaixo da mesma bandeira em toda a Europa, chegou a conseguir uma posição de relevo no panorama político. Que motivos o levaram a dissolvê-lo?
Penso que seria útil que nos falasse do M.S.E., das suas ideias, dos seus objectivos e da sua experiência, e em que medida o devemos ter como exemplo.
M.B. O objectivo do M.S.E. era um levantamento moral da Europa com o objectivo imediato de reagir contra o processo de reeducação da Alemanha e da Europa. O movimento deveria reagrupar os partidos mais dinâmicos dos diferentes países europeus. Propunha-se o desenvolvimento desses partidos e o esclarecimento da opinião pública. Esse desenvolvimento foi travado por reacções policiais, perseguições e pela ausência de um suporte de imprensa que fosse eficaz.
Os diferentes governos cedo interditaram a entrada no seu território dos membros do praesidium do M.S.E. Estas dificuldades levaram-nos a temer que o M.S.E. não fosse senão um entendimento formal sem acção política real. A morte dramática do nosso principal correspondente alemão Karl Heinz Priester igualmente nos levou a tomar a decisão de pôr a organização numa semi-obscuridade. Não houve dissolução mas o MSE deixou de ser um movimento político para ser apenas representado por revistas e boletins de imprensa. As ideias que norteiam o MSE são idênticas às que anteriormente já expus.
U.R. Em 1952, você criou a mais antiga e prestigiada publicação da Oposição Europeia: o "Défense de l`Occident". Pode-nos sintetizar os objectivos de "Défense de l`Occident" e quais as ilacções a tirar de mais de 30 anos de luta?
M.B. "Défense de l`Occident" foi fundada em 1952 para sustentar a acção do Movimento Social Europeu. Equipas sucessivas me ajudaram no início. Essas equipas provinham das gerações da Guerra e depois por homens mais jovens interessados pelas nossas ideias.
Mas aos poucos a polarização da vida política francesa mobilizou os militantes para os grandes partidos e provocou o esfrangalhamento das pequenas formações da Oposição. "Défense de l`lOccident" acabou por não ser senão uma revista de ideias, na qual muitos aspectos da vida económica e sobretudo cultural deixaram de ser tratados. Ela já não era senão a expressão das minhas ideias pessoais. Constatando este isolamento, decidi suspender a publicação da revista ao cabo do seu trigésimo ano de publicação.
U.R. Creio, sem qualquer espécie de exagero ou bajulação, que você é o mais antigo e o mais célebre combatente e ideólogo da Terceira Posição, talvez o último dessa extraordinária geração de escritores, poetas e artistas que a França nos deu.
A minha ideia seria que falasse um pouco sobre tudo isto, sobre a sua geração, sobre a sua experiência, enfim sobre tantos anos de luta.
M.B. A resposta a esta pergunta exigiria um livro inteiro. A nossa geração foi desfigurada e sacrificada pela confiscação dos meios de expressão.
As sensibilidades são, hoje em dia, enquadradas e canalizadas. Sob o nome de Liberdade ou sob o nome de Revolução, conformismos opostos e todo poderosos foram criados.
O poder ilimitado dos sindicatos impôs esses mesmos conformismos à classe operária e dilacerou a sua vitalidade e independência naturais.
Diante desta artilharia intelectual análoga às novas armas que apareceram no campo da estratégia, as armas individuais são impotentes. Não é possível repetir conquistas de poder progressivas como as que a história do NSDAP nos oferece como modelo. Os golpes de Estado dar-se-ão doravante do interior. É a gravidade das circunstâncias que obrigará à mudança. Tudo o que podemos fazer é manter um modelo, não deixando morrer uma Ideia. Isso diz respeito agora à vossa geração e não à dos sobreviventes da nossa.
U.R. Para terminar, embora tivesse vontade de o ficar aqui a escutar durante horas, gostaria que falasse sobre qualquer assunto que por lapso não tenha sido focado, e por fim, que aqui deixasse o seu conselho e última mensagem aos camaradas portugueses.
M.B. A nossa sociedade já só tem a hipótese de escolha entre duas formas de escravatura faraónicas: aquela que nos propõe o mecanismo industrial capitalista e apela que nos propõe a ditadura do proletariado.
Nós somos hoje os únicos defensores da liberdade real. Mas essa liberdade real pressupõe a independência e a independência só é possível pela renúncia a uma parte das liberdades formais, oferecidas pela democracia. Acredito que a liberdade real se há-de impôr um dia se o desejo dos homens de serem eles mesmos e não produtos uniformizados triunfar sobre o desejo de conforto e demissão.
O que falta aos nossos contemporâneos é a virilidade e a vontade! Vós tendes as mãos nuas, mas as vossas armas neste combate são a vossa lucidez, a vossa energia, a vossa paciência e a vossa generosidade. São armas preciosas, mas a sua utilização depende hoje em dia das circunstâncias que decidirão o vosso futuro e sobre as quais vós não tendes nenhum poder.
Mas é necessário estar pronto, e de momento a vossa missão é estarem prontos!
- Je vous en remercie, Maurice Bardèche!
E assim terminou a entrevista que tivemos o prazer de fazer com Maurice Bardèche: um símbolo da Oposição Europeia, uma vida de luta que todos os camaradas deverão tomar como exemplo.
Esta entrevista foi realizada em Dezembro do ano transacto pelo nosso director Manuel Monteiro, com a colaboração do camarada Henrique dos Reis.
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Transcreve-se aqui o trabalho, uma vez que poucos certamente têm a possibilidade de o conhecer do papel.
Último Reduto - Maurice Bardèche, você que viveu o período que antecedeu a II Guerra, que viveu a Guerra e também o pós guerra qual a sua opinião sobre a época actual?
Maurice Bardèche – A época actual é uma época cega, hipócrita e incapaz de grandeza: são simplórios impressionados com as imagens que lhes são mostradas (pelos mass media). Criaram uma imagem completamente falsa deles mesmos e da guerra: a imagem que lhes foi imposta. Os alemães, nação plástica, foram transformados pela reeducação, tal como o tinham sido por Hitler. Esqueceram o seu heroísmo e o exemplo que deram ao mundo. Os franceses, esses esqueceram que foram uma nação vencida e retomaram todos os defeitos que foram a causa da sua derrota. Sufocam sob o regime democrático, sem ousarem inventar uma ideia política diferente.
U.R. Qual a sua posição face ao movimento cultural designado por Nova Direita. Está de acordo com os princípios que orientam esta nova corrente?
M.B. A Nova Direita prestou um grande serviço abrindo as janelas, fazendo-nos conhecer uma cultura americana e anglo saxónica que ignorávamos e impedindo que ficássemos prisioneiros da nossa convicção da excelência exclusiva do génio francês. Trata-se de uma renovação cultural que deu uma imagem mais dinâmica da Direita. Igualmente uma imagem mais tolerante.
Mas esta renovação não se assume do ponto de vista político. Não tem outros objectivos que não sejam apenas os de influenciar por infiltração a classe política, ao jeito da Franco-Maçonaria. Esta táctica que exige muitos anos, arrisca-se ao malogro dada a rapidez da História. A sua visão do Homem, inspirada em Nietzsche, insiste no valor da energia e da virilidade. Neste ponto, ela é um excelente instrumento de renascimento cultural. Mas tem também o defeito de passar por cima de vinte séculos de civilização cristã, o que diminui em muito o seu impacto sob o ponto de vista prático.
O seu arranque foi muito vigoroso mas a sua influência é estagnante devido à sua afectação de apoliticismo, que não engana ninguém e que os impede hoje em dia de propor as soluções práticas e propriamente dito políticas que a Oposição carece.
U.R. Alguém já o definiu como um anarquista de Direita. Que pensa disso?
M.B. Não estou de acordo com essa qualificação de anarquista de Direita. Pelo contrário, a minha posição política é muito coerente. Condeno o regime democrático na sua qualidade de regime de decomposição e de facilidades. Exijo que não se rejeite a experiência dos regimes de unidade nacional que fizeram a força e a grandeza da Alemanha e da Itália, que estes sejam julgados com objectividade e que deles seja adoptado tudo o que tiveram de salutar para esses países, ao mesmo tempo evitando os seus excessos.
Tenho esperança que os Estados europeus se libertem da dominação da plutocracia internacional e que os seus regimes políticos sejam fundados sobre uma adesão popular e sobre uma justiça social.
Não creio que a burguesia rica dos nossos países, demasiado podre e abastardada, nos possa impôr as suas normas culturais.
Foi esta posição anti-burguesa e anti-reaccionária que me trouxe, às vezes, essa qualificação de anarquista de Direita que no que me diz respeito é completamente imprópria e deformante.
U.R. Há escritores, e não dos piores, que defendem que a salvação da Europa poderá vir da Rússía. Pode-nos sintetizar a sua opinião sobre este tema que a curto prazo nos poderá vir a afectar?
M.B. Sempre fui da opinião que a Europa devia procurar tornar-se independente das duas superpotências pela sua estratégia própria, economia e concepções políticas. Mas é evidente que na hora actual, devido ao tempo perdido, as nações europeias não podem conservar a sua independência senão sob a protecção dos Estados Unidos. A URSS tal como é hoje, não pode sonhar outra coisa que não seja instaurar o seu protectorado sobre a Europa, mais provavelmente pela sua finlandização que pela guerra.
Para que uma aliança com a URSS fosse possível, tornar-se-ia necessário que ela deixasse de ser comunista, situação que não é de encarar actualmente.
U.R. Maurice Bardèche, as suas actividades políticas foram nulas durante a ocupação alemã da França, durante a II Guerra Mundial. Qual a sua opinião sobre essa época?
M.B. A ocupação de uma parte do território francês pelos alemães foi um período difícil para todos os franceses, o que é natural, mas foi igualmente um período dramático, não o devendo ter sido. Se Churchill primeiro e os soviéticos depois não tivessem mobilizado a população civil da França para uma guerra política contra os regimes ditos fascistas, a França ter-se-ia mantido à margem desta guerra, como lhe garantia o armistício, e a divisão e o ódio teriam sido evitados. Foram os criminosos políticos, armados pelo estrangeiro, que instauraram em primeiro lugar o terrorismo e depois a guerra civil.
A França foi levada à força para esta guerra donde o marechal Pétain a terá querido livrar. Os ódios criados por esta situação foram saciados pela depuração de 1945, que fez mais vítimas que o célebre Terror de 1793. Esta depuração confiscou o poder cultural e o poder político em proveito da minoria que tinha a pretensão de ter resistido aos alemães e de ter tido sobre eles uma vitória que não foi senão o resultado do desembarque anglo americano.
U.R. Inevitavelmente teria que lhe pôr esta questão: você, Maurice Bardèche, que privou durante tantos anos com o seu cunhado e genial poeta Robert Brasillach, que foi sempre o seu melhor defensor e divulgador, o que pensa de Robert Brasillach?
M.B. Não posso num período tão curto falar de Robert Brasillach. Era um homem corajoso, terno e generoso, a quem a indignação e o desejo de servir a sua pátria inspiraram as posições políticas que assumiu antes da Guerra, juntamente com toda a extrema-direita francesa, contra a guerra criminosa desejada pelo judaísmo internacional, posição que continuou a manter durante o período da ocupação.
Apesar da petição feita por todos os grandes escritores do seu tempo, foi condenado à morte devido às suas ideias políticas que tinha divulgado nos seus artigos publicados no semanário Je Suis Partout.
A sua morte foi uma perda irreparável para uma geração literária da qual ele tinha sido o grande animador e que foi destruída pela perseguição, tal como a geração de 1914 o foi pela I Guerra.
U.R. Gostaria que nos falasse sobre o longo processo de que foi vítima pela publicação do livro "Nuremberga ou a terra prometida", pelo qual foi ironicamente acusado de propaganda anarquista, para terminar por ser condenado a um ano de prisão e à destruição da edição incriminada.
Por que motivo o presidente Coty lhe terá indultado a pena?
M.B. O meu livro sobre o processo de Nuremberga foi o primeiro protesto na Europa contra o simulacro de julgamento organizado pelos vencedores contra os homens de Estado e os generais dos vencidos. Este julgamento falsificou a História e lançou um libelo acusatório que poderia de igual forma ser instaurado aos Aliados pelas atrocidades cometidas por estes e pelas suas responsabilidades no declarar e prosseguir da guerra. No decurso do processo que me foi instaurado fui preso preventivamente, medida nunca antes tomada num processo de imprensa, fui absolvido num primeiro julgamento e depois condenado por apelo para uma instância superior, a um ano de cadeia, por magistrados especialmente nomeados para a circunstância.
O presidente Coty utilizou o seu direito de perdão para encurtar a duração da minha pena, pela sua indignação de homem honesto contra um procedimento que era aos seus olhos, um escandaloso atentado contra a liberdade de expressão.
U.R. O movimento que você criou, o Movimento Social Europeu, para além de ter conseguido uma união real nos nacionalistas-revolucionários debaixo da mesma bandeira em toda a Europa, chegou a conseguir uma posição de relevo no panorama político. Que motivos o levaram a dissolvê-lo?
Penso que seria útil que nos falasse do M.S.E., das suas ideias, dos seus objectivos e da sua experiência, e em que medida o devemos ter como exemplo.
M.B. O objectivo do M.S.E. era um levantamento moral da Europa com o objectivo imediato de reagir contra o processo de reeducação da Alemanha e da Europa. O movimento deveria reagrupar os partidos mais dinâmicos dos diferentes países europeus. Propunha-se o desenvolvimento desses partidos e o esclarecimento da opinião pública. Esse desenvolvimento foi travado por reacções policiais, perseguições e pela ausência de um suporte de imprensa que fosse eficaz.
Os diferentes governos cedo interditaram a entrada no seu território dos membros do praesidium do M.S.E. Estas dificuldades levaram-nos a temer que o M.S.E. não fosse senão um entendimento formal sem acção política real. A morte dramática do nosso principal correspondente alemão Karl Heinz Priester igualmente nos levou a tomar a decisão de pôr a organização numa semi-obscuridade. Não houve dissolução mas o MSE deixou de ser um movimento político para ser apenas representado por revistas e boletins de imprensa. As ideias que norteiam o MSE são idênticas às que anteriormente já expus.
U.R. Em 1952, você criou a mais antiga e prestigiada publicação da Oposição Europeia: o "Défense de l`Occident". Pode-nos sintetizar os objectivos de "Défense de l`Occident" e quais as ilacções a tirar de mais de 30 anos de luta?
M.B. "Défense de l`Occident" foi fundada em 1952 para sustentar a acção do Movimento Social Europeu. Equipas sucessivas me ajudaram no início. Essas equipas provinham das gerações da Guerra e depois por homens mais jovens interessados pelas nossas ideias.
Mas aos poucos a polarização da vida política francesa mobilizou os militantes para os grandes partidos e provocou o esfrangalhamento das pequenas formações da Oposição. "Défense de l`lOccident" acabou por não ser senão uma revista de ideias, na qual muitos aspectos da vida económica e sobretudo cultural deixaram de ser tratados. Ela já não era senão a expressão das minhas ideias pessoais. Constatando este isolamento, decidi suspender a publicação da revista ao cabo do seu trigésimo ano de publicação.
U.R. Creio, sem qualquer espécie de exagero ou bajulação, que você é o mais antigo e o mais célebre combatente e ideólogo da Terceira Posição, talvez o último dessa extraordinária geração de escritores, poetas e artistas que a França nos deu.
A minha ideia seria que falasse um pouco sobre tudo isto, sobre a sua geração, sobre a sua experiência, enfim sobre tantos anos de luta.
M.B. A resposta a esta pergunta exigiria um livro inteiro. A nossa geração foi desfigurada e sacrificada pela confiscação dos meios de expressão.
As sensibilidades são, hoje em dia, enquadradas e canalizadas. Sob o nome de Liberdade ou sob o nome de Revolução, conformismos opostos e todo poderosos foram criados.
O poder ilimitado dos sindicatos impôs esses mesmos conformismos à classe operária e dilacerou a sua vitalidade e independência naturais.
Diante desta artilharia intelectual análoga às novas armas que apareceram no campo da estratégia, as armas individuais são impotentes. Não é possível repetir conquistas de poder progressivas como as que a história do NSDAP nos oferece como modelo. Os golpes de Estado dar-se-ão doravante do interior. É a gravidade das circunstâncias que obrigará à mudança. Tudo o que podemos fazer é manter um modelo, não deixando morrer uma Ideia. Isso diz respeito agora à vossa geração e não à dos sobreviventes da nossa.
U.R. Para terminar, embora tivesse vontade de o ficar aqui a escutar durante horas, gostaria que falasse sobre qualquer assunto que por lapso não tenha sido focado, e por fim, que aqui deixasse o seu conselho e última mensagem aos camaradas portugueses.
M.B. A nossa sociedade já só tem a hipótese de escolha entre duas formas de escravatura faraónicas: aquela que nos propõe o mecanismo industrial capitalista e apela que nos propõe a ditadura do proletariado.
Nós somos hoje os únicos defensores da liberdade real. Mas essa liberdade real pressupõe a independência e a independência só é possível pela renúncia a uma parte das liberdades formais, oferecidas pela democracia. Acredito que a liberdade real se há-de impôr um dia se o desejo dos homens de serem eles mesmos e não produtos uniformizados triunfar sobre o desejo de conforto e demissão.
O que falta aos nossos contemporâneos é a virilidade e a vontade! Vós tendes as mãos nuas, mas as vossas armas neste combate são a vossa lucidez, a vossa energia, a vossa paciência e a vossa generosidade. São armas preciosas, mas a sua utilização depende hoje em dia das circunstâncias que decidirão o vosso futuro e sobre as quais vós não tendes nenhum poder.
Mas é necessário estar pronto, e de momento a vossa missão é estarem prontos!
- Je vous en remercie, Maurice Bardèche!
E assim terminou a entrevista que tivemos o prazer de fazer com Maurice Bardèche: um símbolo da Oposição Europeia, uma vida de luta que todos os camaradas deverão tomar como exemplo.
Esta entrevista foi realizada em Dezembro do ano transacto pelo nosso director Manuel Monteiro, com a colaboração do camarada Henrique dos Reis.
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