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domingo, novembro 21, 2004

PRESENÇA DE BRASILLACH 

Juventude, alegria de viver, vontade de acção — acção comandada por um pensamento claro e firme... — Sim, creio que são estas as características mais salientes da obra do grande poeta e mártir fuzilado há 50 anos.
Destacam-se da sua personalidade duas outras qualidades que admiro igualmente ou até mais, e que apraz à minha sensibilidade e à minha formação recordar hoje, qualidades específicas da juventude que ele soube encarnar tão bem: a coerência e a fidelidade. Coerência e fidelidade que levaram este moço condutor de jovens à dádiva generosa da sua vida, ao holocausto da sua vida jovem e pura, última e admirável lição que ele quis dar ao mundo democrático, cobarde e frouxo, dissoluto, castrado e estúpido que o imolou.
Nestes tempos de agonia da Europa, teria podido fugir para a Suíça, subtrair-se à ferocidade sanguinária das democracias vitoriosas. Mas tal gesto equivaleria a abandonar a sua família, os amigos e aqueles (inumeráveis) que acreditavam nele e o seguiam; isso teria sido, até certo ponto, diminuir um pouco a sua obra, a sua missão, o seu prestígio, reduzir a verdade que ele sempre tinha defendido com a sua palavra e a sua presença
Como um novo André Chenier — maior que André Chenier! — entregou-se à prisão e foi impiedosamente assassinado.
A influência de Robert Brasillach na juventude nacionalista portuguesa, mesmo na juventude em geral, ao longo destes cinquenta anos que se seguiram à sua execução, foi, pode dizer-se, maior ainda depois da sua morte, pela sua morte, que durante os vinte anos da sua vida em que escreveu e publicou a sua obra.
Escritor excepcional, pensador esclarecido, poeta de uma grande sensibilidade, no qual a sua juventude permanecerá como a marca indelével da sua personalidade (toda a sua obra volumosa e profunda foi escrita entre os 17 e os 35 anos), não podia deixar de ser lido pelos jovens, respeitado, admirado, compreendido e seguido pelos jovens.
Insensatos os que supuseram que, ao roubarem-lhe a vida, podiam silenciar os ecos da sua palavra redentora, sã e viril! Bem pelo contrário, a sua figura e a sua obra só se engrandeceram com o martírio.
A verdade que ele defendeu estala diante dos nossos olhos mais forte, mais clara e mais límpida, graças ao holocausto desse escritor genial e corajoso que aos gritos de “Viva a França!”, morreu fulminado pelas balas do pelotão de execução. É por isso que hoje, 50 anos depois, milhares de jovens em numerosos países evocam com emoção sincera a memória do poeta fuzilado, seu mestre e seu irmão.
Caetano de Melo Beirão

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