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segunda-feira, novembro 29, 2004

UNIDOS E AVANTE! 

Um dos grandes males da acção nacionalista, uma das doenças que mais nos corroem e uma das armas que nos destrói mais eficazmente, tem sido o divisionismo. Ele é um espírito diabólico, já que Diabo significa precisamente «o que divide», em oposição ao Espírito de Deus que é unificador. As artimanhas diabólicas segredam, inspiram, acicatam e agitam pequenas divergências, feridas de amor próprio, plumas de vaidades, ardores de ambições, rigores de puritanismo, particularismos de critério, gregarismos de capela, invejas, despeitos, mágoas, desconfianças, intrigas.
Exerce-se aquela observação que a ironia popular exprime assim: «Pica-me, Pedro, que a minha mãe está no rego...» E vamo-nos agravando uns aos outros, num jogo de pingue-pongue, crescentemente incompatibilizador.
É tempo de vencermos este inimigo interno. Ultrapassemos as nossas divisões. Esqueçamos velhas ofensas. Apaguemos motivos de discórdia. Somos diferentes por temperamento, por estilos, por gostos. Temos defeitos, uns mais, outros menos, uns estes, outros aqueles. Somos humanos, também nas nossas fraquezas e nos nossos erros. Não nos atiremos pedras, mutuamente, e, mesmo que cada qual se julgue melhor, saiba, por generosidade, por compreensão, por sacrifício à utilidade geral, perdoar e calar e esquecer. Não transformemos em ódios sectários as nossas querelas pessoais e os nossos motivos privados, não os carreguemos de forças ideológicas; porque nascem, às vezes, oposições doutrinárias exactamente dessas lutas entre indivíduos ou entre grupos, na exploração especulativa de uma justificação.
Não se poderá, é claro, rasoirar todos a uma concordância e igualdade absolutas. Nem se exige que desapareçam aparentamentos e agregados por amizades ou por particulares interesses comuns ou por tonalidades especiais na visão das realidades e dos problemas. Pretende-se é que, para além de tudo isso, exista e se exerça uma acção unida, um apoio recíproco, uma solidadariedade com base na doutrina que todos defendemos, na fundamental atitude perante o mundo, e com fito de vitorioso combate contra o inimigo, de eficácia na instauração da Nova Ordem: justiça social, prestígio da Hierarquia, da Autoridade e do Estado, culto da Fidelidade, integramento da realização pessoal no corpo do Bem Comum, defesa da Europa e da Civilização Ocidental, na contribuição de todos os povos para o progresso humano, da raça humana, na harmonia e conjugação das raças, do nacionalismo, na construção da unidade e no amor da universalidade.
Neste momento, lançamos um apelo, e desejaríamos que fosse como um toque de clarim. Chamamos todos a uma colaboração unívoca, a um serviço convergente, na medida das forças, méritos e especialidades de cada um. Seja este jornal um ponto de encontro e um revigorador de energias, possa esclarecer e informar, dinamizar esforços e conduzir a luta. Apuremos a vigilância, acendamos o entusiasmo, mantenhamo-nos juvenilmente vigorosos e criadores, pela autocrítica às deficiências e pela renovação constante. Contra a rotina, contra o acomodamento, contra o desânimo, contra a tecnocracia e o burocratismo, contra a transigência, contra o amen-amen e os penachos e o divisionismo, — saibamos erguer-nos e fazer verdade esta condição de vida: a Revolução Continua!
Goulart Nogueira
In Agora, n.º 319, págs. 1/11, 26.08.1967

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