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segunda-feira, dezembro 06, 2004

A IDEIA 

Assim como o jovem e sensível democrata, formado pela Enciclopédia e pelos seus princípios, descobria uma nova exaltação com o nascimento dos Estados Unidos, criados pela franco-maçonaria, também, no século vinte, a Itália é a primeira a realizar a política de uma doutrina nacionalista e social. Em seguida, Portugal de Oliveira Salazar, baseado nos princípios cristãos, dá o modelo de um sistema corporativo inspirado em La Tour du Pin, que não tinha sido aplicado em Itália senão nos quadros de uma administração mais rigorosamente estatista.
Quando, por sua vez, a Alemanha levou a cabo a sua revolução, deu-lhe evidentemente personalidade própria, que não há razão para transferir para outra parte. Sem querer entrar nos pormenores dos seus dogmas raciais, religiosos ou imperialistas, é certo que deu ao Nacional-Socialismo universal, pelo menos, a sua ideia de proselitismo e também, pelo menos, as suas solenidades. O culto da Pátria manifestava-se em cerimónias de beleza única no seu género, com funções diurnas e nocturnas, na noite de Walpurgis (Santa Walpurge, 1.º de Maio) com iluminações de projectores e archotes, com enormes e numerosas bandas de música, com canções de guerra e de paz, cantadas por milhões de homens.
Enfim, nos anos que se seguiram, os diversos movimentos nacionalistas, vencedores ou candidatos ao Poder, fossem quais fossem as suas dissemelhanças, cada um trazia o seu carácter particular, ou reforçava a noção de uma revolução universal, análoga, por exemplo, à que abrasou a Europa em 1848.
O Mundo interessava-se pelas tentativas de Mustafa Kemal para criar um sentimento nacional turco. Via-se o brasido a atear por toda a parte e a brilhar com uma fraca ou forte labareda, e pressentia-se a iminência do seu alastramento ao Mundo inteiro. Era assim nas planícies e nos canais da Holanda, nos lameiros, pastos e campos de túlipas, com os batalhões de ciclistas — o National Socialistische Bewegung — de Mussert; e até nos arrabaldes de Londres, nos campos, nas minas com o British Union of Fascists de Oswald Mosley.
Os suíços com os movimentos da Suíça românica ou germânica, os búlgaros com a Defesa da Pátria, e as Legiões Nacionais; os dinamarqueses com os seus nacionais-socialistas; os noruegueses com a sua Associação Nacional; todos os povos, por sua vez, desde os barrancos balcânicos às áridas paisagens da Grécia, e aos fiordes gelados; das planuras vermelhas de Castela aos montes verdes e brancos onde tange uma sineta perdida, iniciavam uma longa noite agitada e de insónias em que cada um ouvia cantar à sua moda: Nação, desperta!
Na Roménia, Corneliu Codreanu faz aos seus legionários discursos cheios de poesia rude e colorida, apelando para o sacrifício, honra e disciplina, reclamando esse «estado de iluminação colectiva, só vista até hoje nos grandes movimentos religiosos», a que ele chamava estado de «ecumenidade nacional», e criava o movimento original, monástico e militar da Guarda Nacional.
E, enfim, na Bélgica, terra do liberalismo tradicional, o rexismo, independentemente dos seus outros méritos, apoiava-se, por causa do seu chefe de trinta anos, Leon Degrelle, no elemento original mais espectacular e atraente do mundo novo: a mocidade.
O universo flamejava, o universo exultava e congregava-se, o universo trabalhava. Por toda a parte os olhares voltavam-se para o que alguns, desde 1933, acocorados diante do muro das lamentações, gemendo, chamavam, sem distinção, fascismo.
Robert Brasillach
(Les Sept Couleurs, pág. 197, in «Nação», n.º 98, 10.01.1948, pág. 6)

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