quinta-feira, dezembro 09, 2004
LES SEPT COULEURS DE BRASILLACH — OU O FASCÍNIO DO FASCISMO
(um palpitante painel da Europa heróica e combatente passado a pente-fino por Rodrigo Emílio)
O que tem estado a passar-se com Robert Brasillach mais de cinquent‘anos decorridos após a sua mise-à-mort, quero dizer: isto de andar, actualmente, em maré-alta — se não até numa roda-viva — de reedições, a obra fascizante e fascinante que ele nos legou (obra de mágico e encantatório prosador de ideias como não há segundo e, desde logo, à prova de confrontos), constitui acontecimento dos mais assombrosos dos últimos tempos na esfera literária da vida europeia.
Ainda recentemente, foi a vez de vir de novo a lume esse romance a sete cores, essa iriada e irisada e miniante narrativa que ostenta por título Les Sept Couleurs, precisamente.
Obra das mais discutidas do autor de Notre Avant-Guerre e de Lettre à un Soldat de la Classe Soixante, pretendem uns que Les Sept Couleurs não vai além de um mero alarde de virtuosismo literário, de um capricho criador — stricto sensu entendido, e só como tal considerado —; outros, então, acham por seu turno, que tão-apenas se trata de um talentoso exercício formal e formalista sobre as virtualidades — narrativas, epistolares, diarísticas, filosofantes, dialogais, documentais e poéticas — do estilo, enquanto agente gerador de ficção; não poucos, ainda, atribuem ao livro a classificação simplista de romance fragmentário, ou esqueleto de romance, dado o funcional ecletismo do texto (e daí, o epíteto pejorativamente avocado para ele de “apanhado de elementos ou comistão de subsídios e achegas para um romance”); não falta, inclusivé, e finalmente, muito quem se limite — ou quem se desunhe — com soberana displicência a falar de diletantismo gratuito, de versatilidade exibicional, de poliformismo de recreio a propósito de Les Sept Couleurs — e por aí se fique, sem mais aquelas, a dar o assunto por encerrado—.
À primeira vista, o cavalo-de-batalha centra-se, pois, essencialmente, no aspecto lúdico da obra e no seu aparente artificialismo estrutural. Quer dizer: põe-se, concretamente, em causa e de manifesto, o carácter experimental da perfomance e o cariz, alegadamente narcisista que a terá porventura assistido ou lhe terá, eventualmente, presidido. Questiona-se de alto a baixo a aplicação (que só quando superficialmente circunscrita poderá, aliás, ser tida e havida como coisa esparsa, desgarrada ou avulsamente plasmada), questiona-se, pois — dizia eu — a aplicação e modo de emprego das técnicas de composição adoptadas e eximiamente manuseadas no corpo do relato, como se de um corpo de delito se tratara!... Desde logo, contestam os detractores do primoroso e precioso texto o matizado esquematismo do molde — do modelo — aprontado e, por tabela, desmerecem outrossim do sucedâneo e sucessivo jogo-de-espelhos a que está literalmente exposto — e, segundo eles, constrangido — todo o fio condutor do discurso criador. Mais: consideram os sobreditos cujos que peca a narração, antes, depois e acima de tudo, pelo postiço e afectado tratamento que é conferido ao enunciado geral, e germinal da fábula; dizem mais ainda as mesmas más-línguas que o mal do conjunto estará ou residirá sobretudo no espartano e embaraçoso espartilho que tolhe e paralisa de polo a polo a por demais cromática e feérica profusão de fundo e de forma ensaiados no récit; em última e derradeira análise: a grande pecha do livro enquanto peça romanesca pròpriamente dita, consistirá, segundo os demolidores da mesma — e não têm eles sido poucos...— na plurifacetada gama de planos, de motivos e/ou de géneros praticada e no critério de distribuição — sumamente rigorista, ao que sustentam, e de algum modo, pré-fabricado — que esse leque de elementos recebe da parte de Robert Brasillach: do destino e papel que ele lhes dá — que ele lhes impõe — no concerto da história, administrando-os por todo o espectro da intriga sob a forma de arco-íris (pronto-a-vestir — digamos assim e assim mesmo, só por dizer... —)
A realidade, entretanto, é bem outra. Toda outra, a génese e/ou natureza de tais reparos, a veraz motivação de semelhantes reservas.
No fundo, os que seguem julgando de tal sorte — com tão especiosas e judiciosas razões que de razoável nada têm — o ressurrecto voluminho do poeta de Fresnes, enfermam (é óbvio que sim, e eles mesmo sabem lindamente que assim é, melhor do que ninguém) de um bizantino e ridículo preciosismo, qual seja o de tão-só e unicamente se confinarem, remeterem e cingirem com ostensiva hostilidade (e levando no bico, a bordo do bico, a água choca das piores intenções) a um tipo de abordagem meramente cortical, extremamente tendencioso e por demais redutor; a uma apreciação sumaríssima, pois, muito de superfície, e ainda por cima unilateral, da obra — atidos apenas ao aspecto confeccional da mesma, não sensíveis senão à feição poligonal, do seu recorte externo e à tessitura poliédrica, da multivariada arquitectura que é a sua — perfeita, de resto (mais-que-perfeita, digo), já em ordem ao projecto gizado e à configuração ideada, já assim no que tange à elaboração empreendida — mas que eles (os tais...) supõem ou querem fazer supôr ser o ponto vulnerável, a fenda, a brecha, por excelência, por onde a estrutura unitária do romance dá de si, estala e rebenta pelas costuras e abre comprometedoramente com fragor. À falta de melhor pretexto ou de um pretexto mais abrumador, pegaram-lhe por aí — até, que mais não seja, só para despistar... — Porque o que é facto é que a mola-real, as razões de fundo mais profundas de tamanho desagrado e de tão grande e manifesta má-vontade em relação ao livro, são, afinal, de bem diversa etiologia.
Assim, nada por nada espanta que sobre-maneira toe aos que de tal guiza agem e procedem — e que viva e imensamente lhes convenha ver ou querer ver a obra sob esse e só por esse mesmo prisma —, pois é por demais sabido que profissionais da destruição armados de má-fé até à raiz dos cabelos, possuídos por dentro (e na mesma por fora...) da mais estanhada das malevolências, prontos e dispostos por tudo e por nada a denegrir tudo, todos e mais alguma coisa, apostados por sistema em minimizar mesmo uma peça-mestra consumada como esta vem a ser — os há e haverá, sempre que esteja em causa e na berlinda ou que entre em jogo o nome — remorso de um poeta maldito como é o caso de Brasillach.
Seja lá como for, devo pessoalmente confessar que, no cosmorama criador do mártir de Montrouge, Les Sept Couleurs é o meu livro predilecto — de comandita e taco-a-taco com Le Voleur d‘Étincelles — mau-grado tudo o que nele possa haver, com efeito, de experimental, de laboratorial ou de esquemático no atinente ao processo seguido. (Aludo naturalmente à sucessiva e sugestiva exposição ou explanação das técnicas, tonalidades e/ou cambiantes estilísticas — ao todo, sete, como do título decorre — que formalmente o estruturam).
Outras obras de Brasillach — o caso, por exemplo, de Comme le Temps Passe...— talvez sejam bastante mais representativas de uma aquisição mágica, de uma dimensão sortílega, digo: de uma conquista estética bem mais efectiva para a área da ficção maior, enquanto domínio do maravilhoso revelado e do fascínio puro e enquanto fenómeno de incantação mais propriamente literário (literário ao pé da letra, entenda-se).
Em nenhuma, porém, como nesta (faz muito, integrada na popular colecção Le Livre de Poche) se oferece ao leitor aquele quadro de um combate interior expresso em termos de combate exterior que Lawrence Durrel considera apanágio de todas as grandes criações.
De facto, a par da finura psicológica que o percorre, do poder de sugestão que o atravessa, da densidade poética que o envolve e do prodígio de arte em que se plasma e realiza, o volume reimpresso agora mesmo pela enésima vez, transmite-nos com um grau de autenticidade não igualado por outro livro qualquer — tanto seu como alheio — a imagem plástica, desbordante de força e de alegria e estuante de juventude do Fascismo italiano; “la hauteur et l‘espérance” do Terceiro Reich alemão; a grandeza e magnitude apocalípticas e sem embargo redentoras da campanha militar franquista e da gesta nacionalista na moldura espantosa da guerra de Espanha.
Romance problemático e romance de tese, romance, ao mesmo tempo, da natureza e da condição humanas, Les Sept Couleurs, propõe, promove assim, antes do mais e depois de tudo, o entendimento e a exaltação de toda uma idade humana e política empolgante fundada na verdade do sangue, arrancada às certezas de um sonho magnífico, sustentada pelo império cupular dos valores do Belo, dos princípios do Bem e dos conceitos e noções imperecíveis da Pureza, da Justeza, da Dureza, da Fortaleza, da Grandeza, da Nobreza, do Honor e da Bravura.
O significado de que se reveste mais esta recentíssima tiragem de Les Sept Couleurs transcende no entanto a própria reevocação do tempo histórico a que a leitura do livro nos reporta e reconduz, para assinalar, primacialmente, o regresso mesmo do poeta fuzilado ao seio, círculo, perímetro e audiência de todos aqueles que, nunca tendo deixado de privar com ele intimamente, saúdam e entrevêm neste retorno como que um vivo e luminoso testemunho da esperança a depositar no futuro europeu — cujo vislumbre sem jaça é de todo inapartável do exemplo e memória de Robert Brasillach—.
E já agora por agora conforta ver como os títulos de quem foi incontestavelmente o maior, o melhor e o mais enfeitiçante ficcionista da Europa criadora de 30 e 40, começam, enfim, a deixar de ser espécimes raros e preciosidades praticamente inobtíveis para entrarem de vez e em grande e em força nos circuitos comerciais do mercado livreiro a preços perfeitamente acessíveis, quer dizer: ao alcance módico e dentro das sempre reduzidas e diminutas posses ou possibilidades aquisitivas da bolsa e porta-moedas dos mais jovens.
Robert Brasillach, hoje como há cinquenta e tal anos, segue, pois, e em suma, a desempenhar no indiferentismo demissionário que por aí campeia à solta e à la diable o mesmo preponderante papel formativo e normativo de guia, obreiro e condutor de gerações — gerações como a nossa — que, por não calar nem consentir mutilações que atentem contra território e pensamento, generosa e ardorosamente se bate ainda agora e agora e sempre e apesar de tudo, de peito feito — a dar, a expôr, a oferecer o peito às balas, a cara aos princípios e o corpo ao manifesto —.
Brasillach, traçador de caminhos. Brasillach, apontador de virtudes. Brasillach, um nome — um alto e norteante nome — que, só à sua conta, vale por toda uma era portentosa!
Rodrigo Emílio
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O que tem estado a passar-se com Robert Brasillach mais de cinquent‘anos decorridos após a sua mise-à-mort, quero dizer: isto de andar, actualmente, em maré-alta — se não até numa roda-viva — de reedições, a obra fascizante e fascinante que ele nos legou (obra de mágico e encantatório prosador de ideias como não há segundo e, desde logo, à prova de confrontos), constitui acontecimento dos mais assombrosos dos últimos tempos na esfera literária da vida europeia.
Ainda recentemente, foi a vez de vir de novo a lume esse romance a sete cores, essa iriada e irisada e miniante narrativa que ostenta por título Les Sept Couleurs, precisamente.
Obra das mais discutidas do autor de Notre Avant-Guerre e de Lettre à un Soldat de la Classe Soixante, pretendem uns que Les Sept Couleurs não vai além de um mero alarde de virtuosismo literário, de um capricho criador — stricto sensu entendido, e só como tal considerado —; outros, então, acham por seu turno, que tão-apenas se trata de um talentoso exercício formal e formalista sobre as virtualidades — narrativas, epistolares, diarísticas, filosofantes, dialogais, documentais e poéticas — do estilo, enquanto agente gerador de ficção; não poucos, ainda, atribuem ao livro a classificação simplista de romance fragmentário, ou esqueleto de romance, dado o funcional ecletismo do texto (e daí, o epíteto pejorativamente avocado para ele de “apanhado de elementos ou comistão de subsídios e achegas para um romance”); não falta, inclusivé, e finalmente, muito quem se limite — ou quem se desunhe — com soberana displicência a falar de diletantismo gratuito, de versatilidade exibicional, de poliformismo de recreio a propósito de Les Sept Couleurs — e por aí se fique, sem mais aquelas, a dar o assunto por encerrado—.
À primeira vista, o cavalo-de-batalha centra-se, pois, essencialmente, no aspecto lúdico da obra e no seu aparente artificialismo estrutural. Quer dizer: põe-se, concretamente, em causa e de manifesto, o carácter experimental da perfomance e o cariz, alegadamente narcisista que a terá porventura assistido ou lhe terá, eventualmente, presidido. Questiona-se de alto a baixo a aplicação (que só quando superficialmente circunscrita poderá, aliás, ser tida e havida como coisa esparsa, desgarrada ou avulsamente plasmada), questiona-se, pois — dizia eu — a aplicação e modo de emprego das técnicas de composição adoptadas e eximiamente manuseadas no corpo do relato, como se de um corpo de delito se tratara!... Desde logo, contestam os detractores do primoroso e precioso texto o matizado esquematismo do molde — do modelo — aprontado e, por tabela, desmerecem outrossim do sucedâneo e sucessivo jogo-de-espelhos a que está literalmente exposto — e, segundo eles, constrangido — todo o fio condutor do discurso criador. Mais: consideram os sobreditos cujos que peca a narração, antes, depois e acima de tudo, pelo postiço e afectado tratamento que é conferido ao enunciado geral, e germinal da fábula; dizem mais ainda as mesmas más-línguas que o mal do conjunto estará ou residirá sobretudo no espartano e embaraçoso espartilho que tolhe e paralisa de polo a polo a por demais cromática e feérica profusão de fundo e de forma ensaiados no récit; em última e derradeira análise: a grande pecha do livro enquanto peça romanesca pròpriamente dita, consistirá, segundo os demolidores da mesma — e não têm eles sido poucos...— na plurifacetada gama de planos, de motivos e/ou de géneros praticada e no critério de distribuição — sumamente rigorista, ao que sustentam, e de algum modo, pré-fabricado — que esse leque de elementos recebe da parte de Robert Brasillach: do destino e papel que ele lhes dá — que ele lhes impõe — no concerto da história, administrando-os por todo o espectro da intriga sob a forma de arco-íris (pronto-a-vestir — digamos assim e assim mesmo, só por dizer... —)
A realidade, entretanto, é bem outra. Toda outra, a génese e/ou natureza de tais reparos, a veraz motivação de semelhantes reservas.
No fundo, os que seguem julgando de tal sorte — com tão especiosas e judiciosas razões que de razoável nada têm — o ressurrecto voluminho do poeta de Fresnes, enfermam (é óbvio que sim, e eles mesmo sabem lindamente que assim é, melhor do que ninguém) de um bizantino e ridículo preciosismo, qual seja o de tão-só e unicamente se confinarem, remeterem e cingirem com ostensiva hostilidade (e levando no bico, a bordo do bico, a água choca das piores intenções) a um tipo de abordagem meramente cortical, extremamente tendencioso e por demais redutor; a uma apreciação sumaríssima, pois, muito de superfície, e ainda por cima unilateral, da obra — atidos apenas ao aspecto confeccional da mesma, não sensíveis senão à feição poligonal, do seu recorte externo e à tessitura poliédrica, da multivariada arquitectura que é a sua — perfeita, de resto (mais-que-perfeita, digo), já em ordem ao projecto gizado e à configuração ideada, já assim no que tange à elaboração empreendida — mas que eles (os tais...) supõem ou querem fazer supôr ser o ponto vulnerável, a fenda, a brecha, por excelência, por onde a estrutura unitária do romance dá de si, estala e rebenta pelas costuras e abre comprometedoramente com fragor. À falta de melhor pretexto ou de um pretexto mais abrumador, pegaram-lhe por aí — até, que mais não seja, só para despistar... — Porque o que é facto é que a mola-real, as razões de fundo mais profundas de tamanho desagrado e de tão grande e manifesta má-vontade em relação ao livro, são, afinal, de bem diversa etiologia.
Assim, nada por nada espanta que sobre-maneira toe aos que de tal guiza agem e procedem — e que viva e imensamente lhes convenha ver ou querer ver a obra sob esse e só por esse mesmo prisma —, pois é por demais sabido que profissionais da destruição armados de má-fé até à raiz dos cabelos, possuídos por dentro (e na mesma por fora...) da mais estanhada das malevolências, prontos e dispostos por tudo e por nada a denegrir tudo, todos e mais alguma coisa, apostados por sistema em minimizar mesmo uma peça-mestra consumada como esta vem a ser — os há e haverá, sempre que esteja em causa e na berlinda ou que entre em jogo o nome — remorso de um poeta maldito como é o caso de Brasillach.
Seja lá como for, devo pessoalmente confessar que, no cosmorama criador do mártir de Montrouge, Les Sept Couleurs é o meu livro predilecto — de comandita e taco-a-taco com Le Voleur d‘Étincelles — mau-grado tudo o que nele possa haver, com efeito, de experimental, de laboratorial ou de esquemático no atinente ao processo seguido. (Aludo naturalmente à sucessiva e sugestiva exposição ou explanação das técnicas, tonalidades e/ou cambiantes estilísticas — ao todo, sete, como do título decorre — que formalmente o estruturam).
Outras obras de Brasillach — o caso, por exemplo, de Comme le Temps Passe...— talvez sejam bastante mais representativas de uma aquisição mágica, de uma dimensão sortílega, digo: de uma conquista estética bem mais efectiva para a área da ficção maior, enquanto domínio do maravilhoso revelado e do fascínio puro e enquanto fenómeno de incantação mais propriamente literário (literário ao pé da letra, entenda-se).
Em nenhuma, porém, como nesta (faz muito, integrada na popular colecção Le Livre de Poche) se oferece ao leitor aquele quadro de um combate interior expresso em termos de combate exterior que Lawrence Durrel considera apanágio de todas as grandes criações.
De facto, a par da finura psicológica que o percorre, do poder de sugestão que o atravessa, da densidade poética que o envolve e do prodígio de arte em que se plasma e realiza, o volume reimpresso agora mesmo pela enésima vez, transmite-nos com um grau de autenticidade não igualado por outro livro qualquer — tanto seu como alheio — a imagem plástica, desbordante de força e de alegria e estuante de juventude do Fascismo italiano; “la hauteur et l‘espérance” do Terceiro Reich alemão; a grandeza e magnitude apocalípticas e sem embargo redentoras da campanha militar franquista e da gesta nacionalista na moldura espantosa da guerra de Espanha.
Romance problemático e romance de tese, romance, ao mesmo tempo, da natureza e da condição humanas, Les Sept Couleurs, propõe, promove assim, antes do mais e depois de tudo, o entendimento e a exaltação de toda uma idade humana e política empolgante fundada na verdade do sangue, arrancada às certezas de um sonho magnífico, sustentada pelo império cupular dos valores do Belo, dos princípios do Bem e dos conceitos e noções imperecíveis da Pureza, da Justeza, da Dureza, da Fortaleza, da Grandeza, da Nobreza, do Honor e da Bravura.
O significado de que se reveste mais esta recentíssima tiragem de Les Sept Couleurs transcende no entanto a própria reevocação do tempo histórico a que a leitura do livro nos reporta e reconduz, para assinalar, primacialmente, o regresso mesmo do poeta fuzilado ao seio, círculo, perímetro e audiência de todos aqueles que, nunca tendo deixado de privar com ele intimamente, saúdam e entrevêm neste retorno como que um vivo e luminoso testemunho da esperança a depositar no futuro europeu — cujo vislumbre sem jaça é de todo inapartável do exemplo e memória de Robert Brasillach—.
E já agora por agora conforta ver como os títulos de quem foi incontestavelmente o maior, o melhor e o mais enfeitiçante ficcionista da Europa criadora de 30 e 40, começam, enfim, a deixar de ser espécimes raros e preciosidades praticamente inobtíveis para entrarem de vez e em grande e em força nos circuitos comerciais do mercado livreiro a preços perfeitamente acessíveis, quer dizer: ao alcance módico e dentro das sempre reduzidas e diminutas posses ou possibilidades aquisitivas da bolsa e porta-moedas dos mais jovens.
Robert Brasillach, hoje como há cinquenta e tal anos, segue, pois, e em suma, a desempenhar no indiferentismo demissionário que por aí campeia à solta e à la diable o mesmo preponderante papel formativo e normativo de guia, obreiro e condutor de gerações — gerações como a nossa — que, por não calar nem consentir mutilações que atentem contra território e pensamento, generosa e ardorosamente se bate ainda agora e agora e sempre e apesar de tudo, de peito feito — a dar, a expôr, a oferecer o peito às balas, a cara aos princípios e o corpo ao manifesto —.
Brasillach, traçador de caminhos. Brasillach, apontador de virtudes. Brasillach, um nome — um alto e norteante nome — que, só à sua conta, vale por toda uma era portentosa!
Rodrigo Emílio
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