sábado, fevereiro 19, 2005
FASCISMO E FUTURO
O esclarecimento de todo o processo político exige a leitura correcta dos acontecimentos, dentro de uma perspectiva ordenada de entendimentos e equações. Realismo e objectividade prescrevem uma visão fria, aberta e larga dos sucessos, para depois nos debruçarmos com a inteligência conformada em verdade e iluminação.
Ou seja: a afirmação fascista obriga hoje a uma tensão crítica, que o peso dos anos só serve para carregar a sua própria maturação — como vemos a continuidade do processo político revolucionário (nacional, social e popular), como procuramos tecer as malhas que assegurarão a continuidade da Grande Ideia, eis o que perseguimos.
Primeiro: o que temos neste momento, em Portugal? De 1820 a 1926 tivemos o Estado Velho, a Nação desapossada do Estado, os Portugueses sob o domínio das classes políticas burguesas, que asseguravam de modo permanente o divórcio entre a Nação e o Estado. O Estado não era o Estado da Nação.
Segundo: em 1926 pretendeu-se a criação de um Novo Estado, a Nação de novo no Poder, unificada nos seus propósitos e destinos, conformada à sua Vocação — a instauração de uma Política Nacional.
Pretendeu-se a criação do Estado Novo. E iniciou-se a batalha pela «transformação do Estado» (Salazar). A batalha fundamental, o combate imprescindível e necessário.
Não podemos neste momento expender uma teoria crítica desta luta pela transformação do Estado a partir do 28 de Maio, tão só assinalar o seu carácter essencial para a definição correcta de um processo político desencadeado. E concretamente, consignar a sua proposição como a perspectiva exacta por que se deve ler a Revolução Nacional, servindo-nos de referência básica para o quadro dos seus progressos e desenvolvimentos, dos seus atrasos e retrocessos, dos seus desvios e heresias: até que ponto o Estado demo-liberal se transformou num Estado Novo, verdadeiramente nacional e totalitário, e onde a independência de Portugal fosse o corolário da independência de todos os Portugueses, espiritual, social e economicamente.
Esta é a questão que os militantes têm de estudar e responder, porque da sua resposta dependerá o futuro da Revolução.
Até que ponto temos uma Revolução Nacional autêntica? Quais os factores positivos e quais os negativos? O que e quem impede que o processo revolucionário se consuma em verdade e ortodoxia? O que queremos? O que pretendemos concretamente? Quais as respostas que damos aos problemas actuais da Nação, cada vez mais à mercê da sabotagem sistemática que vem lavrando por todas as esferas?
É uma visão problemática que temos de estruturar, para provar a nossa capacidade revolucionária, ciente sempre do princípio básico de todas as revoluções — as revoluções são feitas por revolucionários.
Quando se vê proclamar que o planeamento porque se obriga o País é uma «revolução social controlada», a vigilância dos militantes da ortodoxia revolucionária deve procurar saber por quem é controlada essa «revolução», quem determina exactamente os mecanismos de uma iniciativa de que depende grandemente o destino nacional. É que quando vemos cada vez mais, em postos de decisão dos organismos planificadores, elementos que dão «apenas» uma colaboração «técnica», e cuja idoneidade política deixa muito a desejar, temos o direito de suspeitar que nem tudo se passa como deveria passar-se, gerando-se uma coligação entre o grande capital e os tecnocratas, perante o qual o Povo e a Revolução sairão certamente defraudados.
Quando a conspiração imperialista internacional procura forjar novas armas de combate contra nós, e a coberto do progresso do país se pretende entrar em pactos de servidão ao grande capitalismo apátrida, conforme poderíamos facilmente demonstrar, é caso para reforçar a vigilância e proclamar que queremos efectivamente o Estado Novo, libertado das clientelas escuras que a inteligência corcunda promove.
Quando vemos, ou quando sabemos, que até aquelas forças da ordem cujo serviço à Revolução e à Pátria são inestimáveis, por vezes são postas em cheque na altura em que o dever as obriga a cortar a direito, e são desautorizadas e escarnecidas, temos a obrigação de reforçar a vigilância, e proclamar que queremos realmente uma Ordem Nova, libertada das desordens que os espíritos anquilosados apostaram contra a nossa Pátria.
De tal modo façamos, que onde estivermos estará a Ortodoxia e a Revolução autêntica.
De tal modo façamos, que onde estivermos estarão aqueles que o povo vê como os seus mais lídimos e desinteressados defensores.
De tal modo façamos, que onde estivermos aí estará o Futuro garantido, e a Revolução e a Pátria se alegrarão em nós.
José Valle de Figueiredo
(In «Agora», n.º 329, 04.11.1967, pág. 14.)
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Ou seja: a afirmação fascista obriga hoje a uma tensão crítica, que o peso dos anos só serve para carregar a sua própria maturação — como vemos a continuidade do processo político revolucionário (nacional, social e popular), como procuramos tecer as malhas que assegurarão a continuidade da Grande Ideia, eis o que perseguimos.
Primeiro: o que temos neste momento, em Portugal? De 1820 a 1926 tivemos o Estado Velho, a Nação desapossada do Estado, os Portugueses sob o domínio das classes políticas burguesas, que asseguravam de modo permanente o divórcio entre a Nação e o Estado. O Estado não era o Estado da Nação.
Segundo: em 1926 pretendeu-se a criação de um Novo Estado, a Nação de novo no Poder, unificada nos seus propósitos e destinos, conformada à sua Vocação — a instauração de uma Política Nacional.
Pretendeu-se a criação do Estado Novo. E iniciou-se a batalha pela «transformação do Estado» (Salazar). A batalha fundamental, o combate imprescindível e necessário.
Não podemos neste momento expender uma teoria crítica desta luta pela transformação do Estado a partir do 28 de Maio, tão só assinalar o seu carácter essencial para a definição correcta de um processo político desencadeado. E concretamente, consignar a sua proposição como a perspectiva exacta por que se deve ler a Revolução Nacional, servindo-nos de referência básica para o quadro dos seus progressos e desenvolvimentos, dos seus atrasos e retrocessos, dos seus desvios e heresias: até que ponto o Estado demo-liberal se transformou num Estado Novo, verdadeiramente nacional e totalitário, e onde a independência de Portugal fosse o corolário da independência de todos os Portugueses, espiritual, social e economicamente.
Esta é a questão que os militantes têm de estudar e responder, porque da sua resposta dependerá o futuro da Revolução.
Até que ponto temos uma Revolução Nacional autêntica? Quais os factores positivos e quais os negativos? O que e quem impede que o processo revolucionário se consuma em verdade e ortodoxia? O que queremos? O que pretendemos concretamente? Quais as respostas que damos aos problemas actuais da Nação, cada vez mais à mercê da sabotagem sistemática que vem lavrando por todas as esferas?
É uma visão problemática que temos de estruturar, para provar a nossa capacidade revolucionária, ciente sempre do princípio básico de todas as revoluções — as revoluções são feitas por revolucionários.
Quando se vê proclamar que o planeamento porque se obriga o País é uma «revolução social controlada», a vigilância dos militantes da ortodoxia revolucionária deve procurar saber por quem é controlada essa «revolução», quem determina exactamente os mecanismos de uma iniciativa de que depende grandemente o destino nacional. É que quando vemos cada vez mais, em postos de decisão dos organismos planificadores, elementos que dão «apenas» uma colaboração «técnica», e cuja idoneidade política deixa muito a desejar, temos o direito de suspeitar que nem tudo se passa como deveria passar-se, gerando-se uma coligação entre o grande capital e os tecnocratas, perante o qual o Povo e a Revolução sairão certamente defraudados.
Quando a conspiração imperialista internacional procura forjar novas armas de combate contra nós, e a coberto do progresso do país se pretende entrar em pactos de servidão ao grande capitalismo apátrida, conforme poderíamos facilmente demonstrar, é caso para reforçar a vigilância e proclamar que queremos efectivamente o Estado Novo, libertado das clientelas escuras que a inteligência corcunda promove.
Quando vemos, ou quando sabemos, que até aquelas forças da ordem cujo serviço à Revolução e à Pátria são inestimáveis, por vezes são postas em cheque na altura em que o dever as obriga a cortar a direito, e são desautorizadas e escarnecidas, temos a obrigação de reforçar a vigilância, e proclamar que queremos realmente uma Ordem Nova, libertada das desordens que os espíritos anquilosados apostaram contra a nossa Pátria.
De tal modo façamos, que onde estivermos estará a Ortodoxia e a Revolução autêntica.
De tal modo façamos, que onde estivermos estarão aqueles que o povo vê como os seus mais lídimos e desinteressados defensores.
De tal modo façamos, que onde estivermos aí estará o Futuro garantido, e a Revolução e a Pátria se alegrarão em nós.
José Valle de Figueiredo
(In «Agora», n.º 329, 04.11.1967, pág. 14.)
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