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segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Permanência de Salazar 

Conheceu e sofreu horas das mais dramáticas, mas atravessou uma existência longa e gloriosa.
Quarenta anos de governo rodeado do maior respeito e prestígio inexcedível. Entregou-se devotadamente à Pátria que serviu sem qualquer retribuição, sem qualquer vaidade. Foi chamado no momento extremamente difícil, mas Portugal depressa acreditou nesse Mestre de Coimbra e vai obtendo a Paz, a prosperidade e o respeito internacional.
Duma inteligência invulgar, um carácter inalterável, uma fortíssima personalidade, depressa se impôs e com ele os princípios que o iluminaram e dele fizeram um genial político. Erudito em matérias sociais conseguiu uma formação de cujos fundamentos nunca se desviou e com serenidade ia incutindo na Nação. Permaneceu fidelíssimo a eles e com que coragem e confiança os ditava ao Povo.
Católico por convicção, era naturalmente humano, mas duro quando se tratava de reprimir um acto que ferisse a consciência nacional. Por isso imprimiu unidade e disciplina.
Defensor da autoridade quando necessário, mas protector da total liberdade para que cada Português se valorizasse tanto mais e melhor. Humanista integral porque exigia do Homem um esforço constante no sentido de realizar a mais alta perfeição.
Fiel à verdade, recto ao seu espírito, seguro nos seus rumos, houve biógrafos e ensaístas que o consideravam uma «impressionante figura intelectual e política»; alguns até o têm por um «mistério» quando o comparam com outros chefes de nomeada. Porque foi acima de tudo um Homem de Fé.
Muitos dos grandes leaders políticos fraquejam perante as crises e são normalmente incapazes de manter uma linha de firmeza e coerência que se avizinha. Eis porque atraiu o respeito e o interesse do Mundo. Ele foi um Homem de Estado.
Um monge ao serviço da Pátria: afastado de tudo e de todos, entregou-se à meditação passando o dia a dia das quatro décadas de governo a estudar e a executar. Um verdadeiro asceta.
A Realidade-Nação compelia-o a respeitar os seus valores morais, sociais, éticos, históricos, geográficos, económicos, «se o Nacionalismo é uma expressão que se aplica mais do que à terra dos antepassados, ao seu sangue, às suas obras, à sua herança moral e espiritual, do que à sua herança material», ele é na verdadeira acepção da palavra um Nacionalista.
Porque profundamente conhecedor da Civilização Ocidental, que tem como imperativo projectar universalmente os seus valores, que assentam numa Fé comum, o Cristianismo. Ninguém como ele lutou em África, na Ásia e na Oceânia pela Civilização da Europa. Pode por isso figurar ao lado dos nossos Maiores.
Pessoas que nos merecem muita consideração o invocaram como Príncipe — pelo respeito que tributou aos Superiores Valores, pela dedicação à Pátria, pela Confiança que lhe vinha do Povo. Se a Monarquia prepara cuidadosamente os seus futuros Reis para a Nação muito deles poder exigir, ele foi um Príncipe com toda a grandeza que a palavra encerra. Por isso um Homem de excepção.
Deixou uma doutrina basilar quando afirmou: «Não discutimos Deus e a Virtude, não discutimos a Pátria e a sua História; não discutimos a Família e a sua Moral; não discutimos a glória do trabalho e o seu dever»...
Rasgou caminhos que nos estimulam a continuar a História de Portugal, as Virtudes do seu Povo e a defesa inquebrantável da integridade do Solo Pátrio.
Salazar não morreu, desapareceu a sua Figura, mas o Espírito permanece, agora entrou na História, cabe-nos continuá-lo. Este o nosso reconhecimento.
António Maria Pinheiro Torres
(In Política, n.º 14/15, 15/30.07.1971, pág. 10)

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