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quarta-feira, março 30, 2005

O EXEMPLO DOS RESTAURADORES 

No dia 1 de Dezembro de 1640, numerosos fidalgos armados acorrem ao paço habitado pela Duquesa de Mântua, vice-rainha de Portugal. Penetram no Palácio, vencem as resistências e executam Miguel de Vasconcelos, traidor à Pátria, hediondo símbolo do domínio dos Áustrias. O velho D. Miguel de Almeida assoma a uma varanda e anuncia ao Povo a libertação do Reino. Forma-se imediatamente uma grande multidão que aclama El-Rei D. João IV.
Esta Revolução, preparada havia meses, deve-se essencialmente à coragem, à dedicação e ao entusiasmo viril de um punhado de conjurados, jovens fidalgos reunidos em volta de D. Antão de Almada. Foi no Palácio dos condes de Almada, hoje sede do Comissariado Nacional da Mocidade Portuguesa, que se realizaram as reuniões secretas dos Restauradores. É digno e justo apontar às novas gerações o nobre exemplo que esta data encerra. Não devemos esquecer que a acção firme e consciente de uma pequena élite pode salvar uma situação considerada desesperada.
Quando certos princípios estão em perigo, quando a Justiça e o Direito são ultrajados, a inacção chama-se complacência culpável, e a renúncia chama-se cobardia. Mas isso não se dirá de nós. No momento em que a Pátria sofre mutilações e feridas no seu corpo, não podemos tolerar que seja também atacada no seu espírito. A juventude que salvou Portugal em 1640 tem de ser o exemplo da juventude actual para vencermos e aniquilarmos a traição.
Ora, pela sua índole como pela força das circunstâncias, a Mocidade Portuguesa não pode viver na defensiva. Temos, pois, de atacar e de destruir a traição onde quer que ela se encontre entrincheirada. A tanto nos obriga o facto de o aniversário da Revolução de 1 de Dezembro ser consagrado como o Dia da Mocidade. Devemos permanecer fiéis ao espírito heróico dos Restauradores. Como eles, sabemos sacrificar o nosso comodismo ao serviço do Ideal que professamos.
Afirmamos que é absolutamente indispensável, que mantenhamos — com toda a dureza, com toda a decisão, com toda a violência se for necessário — a imutabilidade dos nossos postulados iniciais, a permanência dos nossos princípios doutrinários e das nossas técnicas educativas.
Juramos que a Mocidade nunca se resignará em deixar vis traidores apoderarem-se do Portugal salvo pelo sangue e pelo ideal dos gloriosos caídos pela Pátria no Ultramar.
Proclamamos que nós servimos a Revolução.
O exemplo dos Restauradores da Independência deve nortear os rapazes da Mocidade Portuguesa que lutam e sofrem pela nossa patriótica Organização.
Jovens de Portugal! Vinde às nossas fileiras, ouvi o nosso apelo e lutai também por Portugal, Uno, Grande e Forte.
Luís Fernandes
(In «Agora», n.º 289, pág. 10, 17.12.1966)

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