sábado, abril 23, 2005
ALFREDO PIMENTA
Faleceu, há onze anos, Alfredo Pimenta e, a cada minuto que passa, mais e mais sentimos acentuar-se o imenso vazio que a sua ausência nos deixou.
Recobram direitos de cidade velhos mitos encobertos por palavras novas, alastram, por toda a parte, a desorientação e o temor, a falta de carácter e a estupidez, a demência suicida e a corrupção. E, ai de nós, o autor de "Palavras à Juventude", com o seu imenso saber, o seu denodo, a sua genialidade de polemista, não está presente. O lutador de tantas batalhas em defesa da Portugalidade, na solidão do túmulo, já não pode responder aos desafios do inimigo.
Ao que não temos assistido depois da sua morte e, em especial, ao que não estamos a assistir, no momento presente! Quantas abdicações e quantas baixezas, quantos crimes impunes e quantas torpezas celebradas!
Combatemo-las, conforme é nosso dever, mas por mais que façamos, nunca o poderemos substituir, ao panfletário ardente e impetuoso que, sem receios, falsos respeitos ou vacilações, sabia profligar com violência inaudita, por entre a cobardia reinante, as deserções, as mentiras, as falsificações, as calúnias.
Ah! Com que enternecida e magoada saudade recordamos os tempos da nossa adolescência, em que seguíamos com paixão e ansiedade as pelejas e lutas de Alfredo Pimenta que, de azorrague em punho, expulsava os vendilhões do templo e açoitava os fariseus.
A geração a que pertenço tem uma impagável dívida de gratidão para com o escritor de "Eu e as Novidades".
Debelada na sua crença e na sua confiança, desorientada por falsos profetas, contemplando à sua volta um espectáculo torpe de recuos disfarçados e transigências encapotadas, vacilava, perturbada, mal sabendo como e para onde dirigir-se. Era em 1945. Por todos os lados se ouviam hinos à Liberdade e à Democracia. Velhos contra-revolucionários, que conhecíamos e admirávamos, apareciam de repente de chapéu na mão perante erros por eles outrora desmascarados e, com sorrisos subtis, dedicavam-se à ingente tarefa de conciliar o inconciliável. Perante o nosso pasmo, antigos monárquicos integralistas rompiam despudoradamente a elogiar o regime inglês demo-parlamentarista, discreteavam com ardor sobre eleições e teciam loas à livre expressão do pensamento. E com estupefacção encarávamos a amnésia absoluta que parecia ter tocado os que, há bem poucos anos, senão meses, usavam fardas vistosas, estendiam o braço em continência, falavam com elogio das experiências alemã e italiana, veneravam Pétain e exaltavam Franco e a Falange.
Com espanto e admiração víamos reaparecer no tablado os mesmos pobres falhados expulsos do governo em 1926, a manejar argumentos ultraconhecidos, a professar os princípios que nas escolas nos tinham ensinado serem a causa da ruína a que o País fora conduzido antes do 28 de Maio. E a esses falhados que surgiam com embófia a reclamar foros e privilégios em nome dos seus perversos dogmas, atendiam-nos, davam-lhes satisfações; pouco a pouco, eles conseguiam reintegrar-se na vida política portuguesa com a máxima desfaçatez e o maior dos desplantes.
Às suas pessoas, de quando em quando, ainda se jogavam uns remoques sem sal. Às ideologias que invocavam, porém, onde estava o atrevido que se permitisse lançar-lhes uma certeira estocada? Sim, quem, ao ouvir falar em Liberdade, tinha coragem para responder que o ideal de Liberdade é um repelente absurdo, ou, ao escutar o elogio da Democracia, ousava ripostar que a Democracia e o sufrágio são o culto da incompetência, o primado do dislate?
Teciam-se muitas considerações sobre a falta de programa das oposições, alardeava-se a obra do regime, mas razões sérias, razões autênticas, as razões da Razão e da Lógica, ninguém as apresentava, antes todos (alguns tendo-as tantas vezes exibido em palavras e escritos) pareciam apostados em fazer o possível e o impossível para as deixar ocultas e esquecidas.
De certo, o ambiente que nos rodeava inspirava-nos pouca simpatia e a formação que nos fora ministrada fazia-nos desconfiar dos ídolos podres, pintados e retocados a fresco, perante os quais se prosternavam direitas e esquerdas (umas mais moderadamente e menos sinceramente, as outras com verdadeiros êxtases histéricos). Todavia, com a nossa inexperiência e a nossa timidez, vacilávamos, oscilávamos. Pois não seria pretensiosismo julgar que se impunha pugnar contra a loucura da época, quando pensadores de responsabilidade procediam à interpretação autêntica dos seus anteriores ensinamentos reaccionários e concluíam que eram perfeitamente compatíveis com os anseios contemporâneos, ou quando estadistas e governantes, que pareciam os mais interessados (quase pessoalmente) em não fraquejar e transigir, enveredavam pelo caminho dos compromissos e das transigências doutrinárias?
Estaríamos a compreender melhor as ideias e os factos do que homens, já maduros, com largos serviços e em cuja coragem e desinteresse pessoal acreditávamos então piamente?
Tudo nos impelia a não persistir, a fechar também os olhos, a passar uma esponja sobre o passado, a comungar na estupidez do momento e a bradar, por exemplo, que a monarquia era a mais genuína das democracias ou a tocar a sanfona da união dos Portugueses quaisquer que fossem as suas convicções (boas ou más, nacionais ou antinacionais – só não podiam ser marxistas) sob a égide de um presidencialismo mais ou menos bicéfalo ou bucéfalo.
Simplesmente, havia Alfredo Pimenta. Alfredo Pimenta que não desanimava, que não temia, que não hesitava e que sem cessar, se batia, como os heróis antigos, por entre um turbilhão de poeira, sozinho, contra uma legião de adversários. Alfredo Pimenta não nos deixava perplexos ou desamparados, não buscava alibis, não passava um traço sobre as suas atitudes de ontem, as suas convicções de ontem. Monárquico, continuava monárquico, de um monarquismo sem equívocos e, por isso mesmo, antidemocrático, antiparlamentar, antiliberal. Nacionalista, defensor da autoridade, não o comoviam os tropos da dignidade do homem, da indeclinável autonomia do pensamento, da beleza da democracia; antes continuava a perfilhar a tese do primado da Ordem e da Hierarquia. E não tinha receio em proclamar-se fiel à memória dos vencidos, dos que saudara com entusiasmo quando no Poder e que não descia a renegar ou a deixar cair num olvido prudente e cómodo.
Lendo-o, nos seus artigos, nos seus opúsculos, nas suas obras eruditas, nós sentíamo-nos renascer. Os cepticismos desapareciam, os ânimos aqueciam de novo, a fé reaparecia.
Que magoada saudade nos possui, agora, ao recordarmos o tempo em que o pensamento de Alfredo Pimenta nos acompanhava permanentemente, em que aguardávamos, com incontida impaciência, o correio que nos trazia os periódicos onde ele escrevia, em que corríamos vinte vezes à livraria a perguntar se já tinha chegado o seu último volume cuja próxima aparição os jornais tinham anunciado.
Jamais voltaremos a seguir, com entusiasmo e ânsia, a acção veemente de Alfredo Pimenta, a pelejar pela Pátria e pelo Rei e a castigar asperamente quem os traía ou negava. E, hoje em dia, na hora tão turbada que atravessamos, hora só comparável aos mais perturbadores instantes do ano fatídico de 1945, experimentamos, como nunca, a dor pungente da falta de Alfredo Pimenta. Que bons e utilíssimos combates ele saberia travar, quantos jovens salvaria, à semelhança do que fez connosco, dos abismos niilistas da dúvida e dilaceração interiores, dentre os que, no momento presente, esgrimem com os seus próprios fantasmas ou se deixam embalar em tristes conformismos sem que uma voz potente os chame ao caminho claro do dever nacional.
Sem dúvida, ficaram-nos os ensinamentos, as lições contidas nos seus escritos de historiador, de pensador político, de polemista, lições sempre válidas e cujo conteúdo importa difundir e divulgar no máximo grau. Com todo o seu incomensurável valor, não podem, no entanto, substituir a presença actuante do incomparável guia e orientador intelectual que ensinava a ver claro e falar claro, face aos acontecimentos mais alucinantes e desorientadores.
Não hesito em escrever que eu e alguns dos meus companheiros dos tempos de Coimbra lhe devemos a essência, o âmago mesmo das nossas formações mentais, nem em proclamar, com segurança, que se entre os de menos de quarenta anos ainda há um pensamento que merece com legitimidade a bela denominação de nacionalista e quem esteja disposto a levar avante a tarefa da Revolução impedindo que o Estado Novo se autodissolva por preguiça e imbecilidade, é a Alfredo Pimenta que isso se deve e apenas a ele.
Porque são esses e só esses – os que o seguiram e compreenderam em vida ou os que, depois, se juntaram aos primeiros na devoção pelo seu espírito e a sua memória – os únicos que têm sempre presente aquele austero lema que o Mestre lhes legou e que, perenemente, os acompanha no fundo dos corações:
«Quando chegar a minha vez de cair, e não andará (...) o momento muito longe de nós, quando chegar a minha vez de cair, não hesitem e sigam além, de olhos postos no futuro, no Dever, no Cumprimento do Dever, tendo nos ouvidos, constantemente viva, como hoje, ardente, como hoje, categórica, como hoje, esta palavra de ordem: lutar.
No mais aceso do combate, quando o temporal for mais violento, o ciclone for mais desvairado, lembrem-se de mim e oiçam, no meio do rugir dos elementos desencadeados, tão distinta como agora a ouvem, esta palavra de ordem: lutar.
...Lutar! Temos uma Pátria a salvar da morte e da infâmia que a rondam. Temos uma civilização a exumar dos escombros de uma Vitória abjecta» (1).
António José de Brito
Nota:
1 - In A Nação de 29 de Fevereiro de 1948.
(in «Gil Vicente», Vol. XII, 2ª série, nº 9/10, Setembro/Outubro de 1961, págs. 133/137)
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Recobram direitos de cidade velhos mitos encobertos por palavras novas, alastram, por toda a parte, a desorientação e o temor, a falta de carácter e a estupidez, a demência suicida e a corrupção. E, ai de nós, o autor de "Palavras à Juventude", com o seu imenso saber, o seu denodo, a sua genialidade de polemista, não está presente. O lutador de tantas batalhas em defesa da Portugalidade, na solidão do túmulo, já não pode responder aos desafios do inimigo.
Ao que não temos assistido depois da sua morte e, em especial, ao que não estamos a assistir, no momento presente! Quantas abdicações e quantas baixezas, quantos crimes impunes e quantas torpezas celebradas!
Combatemo-las, conforme é nosso dever, mas por mais que façamos, nunca o poderemos substituir, ao panfletário ardente e impetuoso que, sem receios, falsos respeitos ou vacilações, sabia profligar com violência inaudita, por entre a cobardia reinante, as deserções, as mentiras, as falsificações, as calúnias.
Ah! Com que enternecida e magoada saudade recordamos os tempos da nossa adolescência, em que seguíamos com paixão e ansiedade as pelejas e lutas de Alfredo Pimenta que, de azorrague em punho, expulsava os vendilhões do templo e açoitava os fariseus.
A geração a que pertenço tem uma impagável dívida de gratidão para com o escritor de "Eu e as Novidades".
Debelada na sua crença e na sua confiança, desorientada por falsos profetas, contemplando à sua volta um espectáculo torpe de recuos disfarçados e transigências encapotadas, vacilava, perturbada, mal sabendo como e para onde dirigir-se. Era em 1945. Por todos os lados se ouviam hinos à Liberdade e à Democracia. Velhos contra-revolucionários, que conhecíamos e admirávamos, apareciam de repente de chapéu na mão perante erros por eles outrora desmascarados e, com sorrisos subtis, dedicavam-se à ingente tarefa de conciliar o inconciliável. Perante o nosso pasmo, antigos monárquicos integralistas rompiam despudoradamente a elogiar o regime inglês demo-parlamentarista, discreteavam com ardor sobre eleições e teciam loas à livre expressão do pensamento. E com estupefacção encarávamos a amnésia absoluta que parecia ter tocado os que, há bem poucos anos, senão meses, usavam fardas vistosas, estendiam o braço em continência, falavam com elogio das experiências alemã e italiana, veneravam Pétain e exaltavam Franco e a Falange.
Com espanto e admiração víamos reaparecer no tablado os mesmos pobres falhados expulsos do governo em 1926, a manejar argumentos ultraconhecidos, a professar os princípios que nas escolas nos tinham ensinado serem a causa da ruína a que o País fora conduzido antes do 28 de Maio. E a esses falhados que surgiam com embófia a reclamar foros e privilégios em nome dos seus perversos dogmas, atendiam-nos, davam-lhes satisfações; pouco a pouco, eles conseguiam reintegrar-se na vida política portuguesa com a máxima desfaçatez e o maior dos desplantes.
Às suas pessoas, de quando em quando, ainda se jogavam uns remoques sem sal. Às ideologias que invocavam, porém, onde estava o atrevido que se permitisse lançar-lhes uma certeira estocada? Sim, quem, ao ouvir falar em Liberdade, tinha coragem para responder que o ideal de Liberdade é um repelente absurdo, ou, ao escutar o elogio da Democracia, ousava ripostar que a Democracia e o sufrágio são o culto da incompetência, o primado do dislate?
Teciam-se muitas considerações sobre a falta de programa das oposições, alardeava-se a obra do regime, mas razões sérias, razões autênticas, as razões da Razão e da Lógica, ninguém as apresentava, antes todos (alguns tendo-as tantas vezes exibido em palavras e escritos) pareciam apostados em fazer o possível e o impossível para as deixar ocultas e esquecidas.
De certo, o ambiente que nos rodeava inspirava-nos pouca simpatia e a formação que nos fora ministrada fazia-nos desconfiar dos ídolos podres, pintados e retocados a fresco, perante os quais se prosternavam direitas e esquerdas (umas mais moderadamente e menos sinceramente, as outras com verdadeiros êxtases histéricos). Todavia, com a nossa inexperiência e a nossa timidez, vacilávamos, oscilávamos. Pois não seria pretensiosismo julgar que se impunha pugnar contra a loucura da época, quando pensadores de responsabilidade procediam à interpretação autêntica dos seus anteriores ensinamentos reaccionários e concluíam que eram perfeitamente compatíveis com os anseios contemporâneos, ou quando estadistas e governantes, que pareciam os mais interessados (quase pessoalmente) em não fraquejar e transigir, enveredavam pelo caminho dos compromissos e das transigências doutrinárias?
Estaríamos a compreender melhor as ideias e os factos do que homens, já maduros, com largos serviços e em cuja coragem e desinteresse pessoal acreditávamos então piamente?
Tudo nos impelia a não persistir, a fechar também os olhos, a passar uma esponja sobre o passado, a comungar na estupidez do momento e a bradar, por exemplo, que a monarquia era a mais genuína das democracias ou a tocar a sanfona da união dos Portugueses quaisquer que fossem as suas convicções (boas ou más, nacionais ou antinacionais – só não podiam ser marxistas) sob a égide de um presidencialismo mais ou menos bicéfalo ou bucéfalo.
Simplesmente, havia Alfredo Pimenta. Alfredo Pimenta que não desanimava, que não temia, que não hesitava e que sem cessar, se batia, como os heróis antigos, por entre um turbilhão de poeira, sozinho, contra uma legião de adversários. Alfredo Pimenta não nos deixava perplexos ou desamparados, não buscava alibis, não passava um traço sobre as suas atitudes de ontem, as suas convicções de ontem. Monárquico, continuava monárquico, de um monarquismo sem equívocos e, por isso mesmo, antidemocrático, antiparlamentar, antiliberal. Nacionalista, defensor da autoridade, não o comoviam os tropos da dignidade do homem, da indeclinável autonomia do pensamento, da beleza da democracia; antes continuava a perfilhar a tese do primado da Ordem e da Hierarquia. E não tinha receio em proclamar-se fiel à memória dos vencidos, dos que saudara com entusiasmo quando no Poder e que não descia a renegar ou a deixar cair num olvido prudente e cómodo.
Lendo-o, nos seus artigos, nos seus opúsculos, nas suas obras eruditas, nós sentíamo-nos renascer. Os cepticismos desapareciam, os ânimos aqueciam de novo, a fé reaparecia.
Que magoada saudade nos possui, agora, ao recordarmos o tempo em que o pensamento de Alfredo Pimenta nos acompanhava permanentemente, em que aguardávamos, com incontida impaciência, o correio que nos trazia os periódicos onde ele escrevia, em que corríamos vinte vezes à livraria a perguntar se já tinha chegado o seu último volume cuja próxima aparição os jornais tinham anunciado.
Jamais voltaremos a seguir, com entusiasmo e ânsia, a acção veemente de Alfredo Pimenta, a pelejar pela Pátria e pelo Rei e a castigar asperamente quem os traía ou negava. E, hoje em dia, na hora tão turbada que atravessamos, hora só comparável aos mais perturbadores instantes do ano fatídico de 1945, experimentamos, como nunca, a dor pungente da falta de Alfredo Pimenta. Que bons e utilíssimos combates ele saberia travar, quantos jovens salvaria, à semelhança do que fez connosco, dos abismos niilistas da dúvida e dilaceração interiores, dentre os que, no momento presente, esgrimem com os seus próprios fantasmas ou se deixam embalar em tristes conformismos sem que uma voz potente os chame ao caminho claro do dever nacional.
Sem dúvida, ficaram-nos os ensinamentos, as lições contidas nos seus escritos de historiador, de pensador político, de polemista, lições sempre válidas e cujo conteúdo importa difundir e divulgar no máximo grau. Com todo o seu incomensurável valor, não podem, no entanto, substituir a presença actuante do incomparável guia e orientador intelectual que ensinava a ver claro e falar claro, face aos acontecimentos mais alucinantes e desorientadores.
Não hesito em escrever que eu e alguns dos meus companheiros dos tempos de Coimbra lhe devemos a essência, o âmago mesmo das nossas formações mentais, nem em proclamar, com segurança, que se entre os de menos de quarenta anos ainda há um pensamento que merece com legitimidade a bela denominação de nacionalista e quem esteja disposto a levar avante a tarefa da Revolução impedindo que o Estado Novo se autodissolva por preguiça e imbecilidade, é a Alfredo Pimenta que isso se deve e apenas a ele.
Porque são esses e só esses – os que o seguiram e compreenderam em vida ou os que, depois, se juntaram aos primeiros na devoção pelo seu espírito e a sua memória – os únicos que têm sempre presente aquele austero lema que o Mestre lhes legou e que, perenemente, os acompanha no fundo dos corações:
«Quando chegar a minha vez de cair, e não andará (...) o momento muito longe de nós, quando chegar a minha vez de cair, não hesitem e sigam além, de olhos postos no futuro, no Dever, no Cumprimento do Dever, tendo nos ouvidos, constantemente viva, como hoje, ardente, como hoje, categórica, como hoje, esta palavra de ordem: lutar.
No mais aceso do combate, quando o temporal for mais violento, o ciclone for mais desvairado, lembrem-se de mim e oiçam, no meio do rugir dos elementos desencadeados, tão distinta como agora a ouvem, esta palavra de ordem: lutar.
...Lutar! Temos uma Pátria a salvar da morte e da infâmia que a rondam. Temos uma civilização a exumar dos escombros de uma Vitória abjecta» (1).
António José de Brito
Nota:
1 - In A Nação de 29 de Fevereiro de 1948.
(in «Gil Vicente», Vol. XII, 2ª série, nº 9/10, Setembro/Outubro de 1961, págs. 133/137)
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