quarta-feira, julho 27, 2005
HERANÇA COMUM
Morreu um Homem que foi verdadeiramente Grande. Morreu — O Homem. É preciso remontar a D. João II para encontrar na História da Pátria uma figura de estadista a quem Portugal tanto deva. Duas figuras impressionantemente homólogas. Quase meio milénio as separa, mas não foi sem razão que uma voz autorizada lembrou que às vezes só de séculos a séculos surgem homens de génio na História de um país.
Príncipe perfeito foi o egrégio rei do século XV. Foi por igual Príncipe Perfeito o Homem-águia do século XX, perante cuja memória todos os portugueses dignos deste nome se inclinam com respeito, tantos em funda dor, muitos com veneração.
Era grande. Não se pode ser grande sem ter amigos, não se pode ser grande sem fazer inimigos. Salazar tinha-os. Mas estou em crer que mesmo aqueles que em vida se lhe opunham não deixarão agora, os que tiverem nobreza de alma, de prestar homenagem ao seu valor humano, à isenção e integridade que o esmaltavam, ao inultrapassável poder mental e volutivo, à pulcritude da sua acção de condutor de homens — mesmo se dela discordavam ou até se a hostilizaram. A morte passou o negro manto: decerto, in pectore, os adversários pousam as armas para saudar o clarão humano que se extinguiu e sentir que o vulto não podia ser maior.
Paulo Cunha
(In Política, n.º 14/15, 15/30.07.1971, pág. 13)
0 Comentários
Príncipe perfeito foi o egrégio rei do século XV. Foi por igual Príncipe Perfeito o Homem-águia do século XX, perante cuja memória todos os portugueses dignos deste nome se inclinam com respeito, tantos em funda dor, muitos com veneração.
Era grande. Não se pode ser grande sem ter amigos, não se pode ser grande sem fazer inimigos. Salazar tinha-os. Mas estou em crer que mesmo aqueles que em vida se lhe opunham não deixarão agora, os que tiverem nobreza de alma, de prestar homenagem ao seu valor humano, à isenção e integridade que o esmaltavam, ao inultrapassável poder mental e volutivo, à pulcritude da sua acção de condutor de homens — mesmo se dela discordavam ou até se a hostilizaram. A morte passou o negro manto: decerto, in pectore, os adversários pousam as armas para saudar o clarão humano que se extinguiu e sentir que o vulto não podia ser maior.
Paulo Cunha
(In Política, n.º 14/15, 15/30.07.1971, pág. 13)
0 Comentários
Comments:
Enviar um comentário
Blog search directory