quarta-feira, agosto 31, 2005
OS NOSSOS MORTOS
«...Do seu sangue de mártires se alimenta a nossa esperança, no seu exemplo nobre se caldeia a nossa fé. De olhos postos no horizonte longínquo onde se preparam e se esboçam as linhas do Futuro, ouvindo o ritmo apressado das gerações moças que chegam cheias de entusiasmo e de ardor, nós, os que ainda não tombamos no campo que a metralha tem varrido, ou a desventura tem perturbado, ou a morte tem invadido — nós fieis à fé livre e ousadamente jurada, temos a certeza de que o cativeiro da Pátria terminará, porque no sangue que ensopa a terra, eternamente vivo para a nossa saudade, germinarão, lindas e poderosas, as flores da vitória resgatadora.
A hora suprema da libertação definitiva há-de chegar. Quando? Perscruta a gente a neblina, à procura dos sinais precursores. Quantas miragens que se desfizeram! Quantas miragens que hão-de esvair-se! Não importa!
Os nossos mortos, aqueles que se foram de olhos cravados na Bandeira que é de todos nós, porque atravessou, nos tempos modernos, o sonho epopeico do nosso império africano, Bandeira em que se amortalharam os que nas terras ultramarinas fundiram em bronze o nome sem par de Portugal; os nossos mortos, aqueles que caíram sem deixarem cair das mãos ou a espada do comando, ou a pena de escritores, ou a arma de combatentes; os nossos mortos que formam já alicerce sobre que se há-de erguer a fortaleza invencível — esses mandam-nos que persistamos na luta, para que possamos ser dignos do seu carinho e do seu auxilio sobrenatural.
Eles, de longe, como sombras, aguardam-nos, que a nossa hora é fatal. Esperam que todos nós, ao chegarmos junto deles, possamos dizer, com legítimo orgulho: cumprimos! E será essa a grande, a verdadeira homenagem que eles aceitarão...»
Alfredo Pimenta
(In Os Nossos Mortos, «Gil Vicente», nº 1/2, pág. 13, 8.º vol., Janeiro/Fevereiro de 1932)
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A hora suprema da libertação definitiva há-de chegar. Quando? Perscruta a gente a neblina, à procura dos sinais precursores. Quantas miragens que se desfizeram! Quantas miragens que hão-de esvair-se! Não importa!
Os nossos mortos, aqueles que se foram de olhos cravados na Bandeira que é de todos nós, porque atravessou, nos tempos modernos, o sonho epopeico do nosso império africano, Bandeira em que se amortalharam os que nas terras ultramarinas fundiram em bronze o nome sem par de Portugal; os nossos mortos, aqueles que caíram sem deixarem cair das mãos ou a espada do comando, ou a pena de escritores, ou a arma de combatentes; os nossos mortos que formam já alicerce sobre que se há-de erguer a fortaleza invencível — esses mandam-nos que persistamos na luta, para que possamos ser dignos do seu carinho e do seu auxilio sobrenatural.
Eles, de longe, como sombras, aguardam-nos, que a nossa hora é fatal. Esperam que todos nós, ao chegarmos junto deles, possamos dizer, com legítimo orgulho: cumprimos! E será essa a grande, a verdadeira homenagem que eles aceitarão...»
Alfredo Pimenta
(In Os Nossos Mortos, «Gil Vicente», nº 1/2, pág. 13, 8.º vol., Janeiro/Fevereiro de 1932)
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