quinta-feira, setembro 08, 2005
A Ditadura
«...Partidário, à falta de melhor, da Ditadura pessoal, responsável, em que temos vivido, com todos os seus defeitos, com todos os seus inconvenientes, com todos os seus perigos, asseguro-o desde já, preferível à constitucionalidade que se nos oferece, eu votaria a continuação da Ditadura, e opor-me-ia à sua transformação em regime constitucional.
A verdade é que foi ela que nos deu o saneamento financeiro, o impulso admirável do fomento, o prestígio externo, e a magnífica ordem nas ruas que torna possível o trabalho fecundo e a prosperidade económica.
Se a sua obra é esta, não vejo motivo para se mudar.
Como português, como contribuinte, como homem de trabalho, como chefe de família — e além disso, porque sou convocado a votar, direi pura e simplesmente que, à falta de melhor, a Ditadura estava muito bem como estava, e que o País saindo dela vai meter-se no imprevisto.
E no entanto, no próximo domingo, votarei.
Em que voto, então?
Voto, em primeiro lugar, na Inteligência, representada superiormente pelo sr. Presidente do Conselho.
É um regalo excepcional para o meu espírito, ouvi-lo ou lê-lo. Subtil, sem ser incompreensível ou difícil; claro, sem ser banal; castigado na forma de se exprimir, sem cair em requintes doentios — e depois, acima disso tudo, embebido numa doutrina que só não é perfeita por lhe faltar o fecho da abóbada — o espírito do sr. Presidente do Conselho é do mais formosos espíritos políticos da nossa História.
O infeliz Trindade Coelho tinha razão: fala europeu. Ao nacionalismo da sua linguagem corresponde o universalismo do seu pensamento.
Salvo raras excepções os governantes do Estado que a República revelou ou teve falavam pretoguês, e o seu pensamento era, quando muito, um pensamento de botequim ou de baiúca. Os melhores ainda chegavam ao pensamento de partido. Nenhum atingira o pensamento nacional: o sr. Presidente do Conselho Oliveira Salazar ultrapassa as fronteiras da Nação: é o pensamento europeu, no que este tem de mais profundo e mais sólido.
Voto, pois, em primeiro lugar, na Inteligência, que o sr. Presidente do Conselho representa.»
Alfredo Pimenta
(In Eu voto! E porque voto?, «A Voz», n.º 2811, págs. 1/6, 14.12.1934)
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A verdade é que foi ela que nos deu o saneamento financeiro, o impulso admirável do fomento, o prestígio externo, e a magnífica ordem nas ruas que torna possível o trabalho fecundo e a prosperidade económica.
Se a sua obra é esta, não vejo motivo para se mudar.
Como português, como contribuinte, como homem de trabalho, como chefe de família — e além disso, porque sou convocado a votar, direi pura e simplesmente que, à falta de melhor, a Ditadura estava muito bem como estava, e que o País saindo dela vai meter-se no imprevisto.
E no entanto, no próximo domingo, votarei.
Em que voto, então?
Voto, em primeiro lugar, na Inteligência, representada superiormente pelo sr. Presidente do Conselho.
É um regalo excepcional para o meu espírito, ouvi-lo ou lê-lo. Subtil, sem ser incompreensível ou difícil; claro, sem ser banal; castigado na forma de se exprimir, sem cair em requintes doentios — e depois, acima disso tudo, embebido numa doutrina que só não é perfeita por lhe faltar o fecho da abóbada — o espírito do sr. Presidente do Conselho é do mais formosos espíritos políticos da nossa História.
O infeliz Trindade Coelho tinha razão: fala europeu. Ao nacionalismo da sua linguagem corresponde o universalismo do seu pensamento.
Salvo raras excepções os governantes do Estado que a República revelou ou teve falavam pretoguês, e o seu pensamento era, quando muito, um pensamento de botequim ou de baiúca. Os melhores ainda chegavam ao pensamento de partido. Nenhum atingira o pensamento nacional: o sr. Presidente do Conselho Oliveira Salazar ultrapassa as fronteiras da Nação: é o pensamento europeu, no que este tem de mais profundo e mais sólido.
Voto, pois, em primeiro lugar, na Inteligência, que o sr. Presidente do Conselho representa.»
Alfredo Pimenta
(In Eu voto! E porque voto?, «A Voz», n.º 2811, págs. 1/6, 14.12.1934)
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