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segunda-feira, setembro 05, 2005

PARLAMENTARISMO — REPÚBLICA - MONARQUIA 

«...O regime parlamentar traz os países em que se introduz, perfeitamente aos trambolhões, de desgraça em desgraça, de miséria em miséria, de chantage em chantage. Conspícuos filósofos proclamam, às vezes, que Portugal não se podia furtar à influência do regime parlamentar instalado na Europa pela Revolução francesa, e consolidado, na mesma Europa, por Napoleão, o autêntico servidor dos princípios revolucionários. É uma ilusão e um erro. Se esses pedantes obtusos de 1820 não tivessem tido a má sina de enxertar numa aspiração nacional, a da libertação de Beresford, a aspiração oculta das lojas maçónicas e do filosofismo revolucionário, a Nação portuguesa que nunca fora nação de escravos, nem tivera Reis tiranos, bem podia ter continuado a sua vida tranquila de Nação trabalhadora e crente. Mas, admitindo mesmo que Portugal não podia ser alheio à varíola revolucionária, não vejo motivos para que tenhamos de aceitar a situação que essa varíola nos criou, e antes não reajamos formalmente contra ela. Pela minha parte, porque sei o que lhe devo, em dúvidas e preconceitos da inteligência, pela minha parte farei tudo quanto em minhas forças estiver para que dessa varíola maldita não fiquem vestígios e em vez de propor transações e abdicações, proponho muito claramente a guerra definitiva e sem tréguas, a tal moléstia.»
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«...Regime de opinião, quantas mais opiniões houver, mais anarquia. Os regimes de opinião são o descalabro dos países. Num regime de opinião, todas as opiniões são legítimas. E como cada opinião vale pelo número dos seus partidários, os regimes de opinião vivem constantemente sob a luta da conquista que cada opinião faz dos partidários. Esta luta transforma-se a breve trecho num hábito que modifica a sensibilidade, o carácter, a mentalidade e a vida da Nação. Entra-se no regime da guerra civil sistemática.
A Nação, de una, passa a ser um aglomerado de rivalidades, de ambições de mando, e utopias perigosas, de invejas e de mentiras. É o que a Nação portuguesa, desgraçadamente, é hoje. É raro o português que a politiquice mesquinha não empolga. O abandono da vida provincial, esta queda brusca sobre Lisboa, este congestionamento da vida da capital, este exército infindável de burocratas — toda esta miséria a que assistimos é o resultado lógico do regime de opinião, do regime parlamentar, do regime democrático, do regime liberal, do regime que a Revolução francesa gerou, e os pedantes obtusos de 1820 introduziram entre nós, e a Carta Constitucional sancionou. A fórmula é esta: Revolução francesa — 1820 — Monarquia Constitucional — República.»
(n Coisas da Política, «A Época», n.º 2437, 15.03.1926, pág. 1)
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«...a consequência lógica dos regimes democráticos, dos regimes de opinião é a complicação, a barafunda, o ninguém se entende, o sarilho, o caos.»
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«... Dentro da república, não há a fazer nada. Tudo quanto se tentar fazer dentro da república, é gastar, inutilmente, energias, desperdiçar, inutilmente, esforços, correr, inutilmente, riscos gravíssimos, e agravar, inutilmente, a desordem nacional. Todo aquele que fizer sair um soldado do seu ofício para, dentro da república, tentar modificar a situação, é um criminoso, porque dentro da república não há, não pode haver, não haverá jamais salvação possível. Ela é o próprio mal: tudo o mais são manifestações secundárias, consequências fatais. Só fora da República, a Nação deve e pode procurar a solução para a crise profunda em que se debate, e da qual este beco sem saída da actual situação republicana é um simples episódio minúsculo, apesar do muito que se tem dito e escrito a seu respeito. Só fora da república, e dentro da Monarquia, a Nação se salvará. Parece isto uma afirmação banal, mas não o é tanto que não haja ainda espíritos cegos ou pervertidos que o não vêem.»
(n Num Beco Sem Saída, «A Época», n.º 2435, pág. 1, 25.05.1926)
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«...Entre servir a República, uma ficção, e servir o Rei, uma Pessoa, há uma grande diferença, tão grande que não é preciso gastar tempo a demonstrá-la. Se amanhã o Exército destruísse a República, o Exército não era traidor a ninguém, porque a República é uma fórmula. Mas o Rei não é uma fórmula, nem mesmo o Rei constitucional, transformado em chancela: o Rei é herdeiro da Dinastia criadora da Nação.
Atingi-lo a Ele é atingir a Nação no que esta tem de mais nobre e de mais belo: o seu Passado contínuo.»
(In O Mestre de Obras, in «A Época», n.º 2624, 01.12.1926, pág. 5)

ALFREDO PIMENTA

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