sábado, dezembro 17, 2005
Orientação
Por vezes sinto o impulso a que aludia há dias Miguel Castelo Branco. Será que vale a pena o tempo e o esforço gastos neste exercício teimoso? Será que não estarei a perder com isto outras possibilidades de mais valor? Não será o vício da blogação um gesto inútil e vaidoso, sem outro efeito que não o de nos vermos ao espelho quando ligamos uma dada página da internet?
A tentação de abandonar, o cansaço, alguma frustração, a sensação de estar a falar só para mim ou para um restrito grupo que também disso não precisava, assaltam-me amiúde, no transcurso dos dias e das noites.
E todavia, sinto e penso que o caminho certo é continuar.
Nos últimos tempos tive acesso aos miseráveis documentos que põem a nu a vida interna da Democracia Nacional e de La Falange, os dois agrupamentos militantes que em Espanha têm marcado maior presença nacional na vida política espanhola nos anos mais chegados, e os que aparentemente reuniram mais gente.
A leitura e o conhecimento daquele universo de baixarias, de mesquinhez, de facadas, traições e intrigas, de má língua e calúnia sem escrúpulos nem vergonha, deixam um aperto no coração e a amargura na alma.
Como é possível tanta gente que - não duvido - tem ideais e está disposta a lutar por eles, absorver precisamente o pior do inimigo que combate?
Como é possível tanta e tanta vez as energias e os sacrifícios e a dedicação de inúmeros militantes sinceros naufragarem num oceano de baixeza e lama?
Os dois grupos políticos que referi, Democracia Nacional e La Falange, estão notoriamente num processo de dissolução desse género - em que ninguém se sai bem.
E neste ponto regresso ao que quis começar por dizer. Cada dia me convenço mais que o único método válido de luta política é ... metapolítico.
Já há muito tempo que sempre que algum camarada mais jovem e sedento de acção questiona a minha opinião sobre o candente problema "que fazer?" ("o que posso e devo eu fazer para servir a Causa?") a minha resposta tem traduzido essa convicção.
O decurso dos anos e da experiência têm reforçado as minhas certezas.
Respondo sempre: procura algo que saibas fazer e que possas fazer sozinho. Uma tarefa que possas desempenhar sem depender de ninguém nem precisar de estar à espera de alguém. Uma missão própria, por cujo êxito ou fracasso não seja possível responsabilizar outro ou outros. Depois, escolhido o caminho ou a trincheira, dedicar-se obstinadamente a cumprir. Cumprir bem, sem prestar contas nem exigi-las.
Ser um soldado isolado, que no silêncio permanece no seu posto e honra o seu dever.
Não digo isto por hostilidade à acção organizada, ao instinto gregário, à agitação e ao barulho da rua: fico sempre a desejar ardentemente o bom sucesso de quem se lança nesses empreendimentos. Mas desconfio do que já vi e vivi.
De maneira que o meu conselho vai sempre pelo seguro: que cada um faça o que tem a fazer, e o faça sozinho. Não tem desculpas, e está a salvo de contaminações.
E eis-me chegado à explicação que queria dar. Não sendo eu dos resignados, dos conformados ou dos indiferentes, não suportando ficar a ver o insuportável, a minha via é esta. Não me arrependo, não esqueço nada, e a minha via é esta.
Como já foi dito, que cada um se identifique completamente com o seu próprio caminho - mesmo que não seja possível de imediato avistar-lhe um luminoso final.
3 Comentários
A tentação de abandonar, o cansaço, alguma frustração, a sensação de estar a falar só para mim ou para um restrito grupo que também disso não precisava, assaltam-me amiúde, no transcurso dos dias e das noites.
E todavia, sinto e penso que o caminho certo é continuar.
Nos últimos tempos tive acesso aos miseráveis documentos que põem a nu a vida interna da Democracia Nacional e de La Falange, os dois agrupamentos militantes que em Espanha têm marcado maior presença nacional na vida política espanhola nos anos mais chegados, e os que aparentemente reuniram mais gente.
A leitura e o conhecimento daquele universo de baixarias, de mesquinhez, de facadas, traições e intrigas, de má língua e calúnia sem escrúpulos nem vergonha, deixam um aperto no coração e a amargura na alma.
Como é possível tanta gente que - não duvido - tem ideais e está disposta a lutar por eles, absorver precisamente o pior do inimigo que combate?
Como é possível tanta e tanta vez as energias e os sacrifícios e a dedicação de inúmeros militantes sinceros naufragarem num oceano de baixeza e lama?
Os dois grupos políticos que referi, Democracia Nacional e La Falange, estão notoriamente num processo de dissolução desse género - em que ninguém se sai bem.
E neste ponto regresso ao que quis começar por dizer. Cada dia me convenço mais que o único método válido de luta política é ... metapolítico.
Já há muito tempo que sempre que algum camarada mais jovem e sedento de acção questiona a minha opinião sobre o candente problema "que fazer?" ("o que posso e devo eu fazer para servir a Causa?") a minha resposta tem traduzido essa convicção.
O decurso dos anos e da experiência têm reforçado as minhas certezas.
Respondo sempre: procura algo que saibas fazer e que possas fazer sozinho. Uma tarefa que possas desempenhar sem depender de ninguém nem precisar de estar à espera de alguém. Uma missão própria, por cujo êxito ou fracasso não seja possível responsabilizar outro ou outros. Depois, escolhido o caminho ou a trincheira, dedicar-se obstinadamente a cumprir. Cumprir bem, sem prestar contas nem exigi-las.
Ser um soldado isolado, que no silêncio permanece no seu posto e honra o seu dever.
Não digo isto por hostilidade à acção organizada, ao instinto gregário, à agitação e ao barulho da rua: fico sempre a desejar ardentemente o bom sucesso de quem se lança nesses empreendimentos. Mas desconfio do que já vi e vivi.
De maneira que o meu conselho vai sempre pelo seguro: que cada um faça o que tem a fazer, e o faça sozinho. Não tem desculpas, e está a salvo de contaminações.
E eis-me chegado à explicação que queria dar. Não sendo eu dos resignados, dos conformados ou dos indiferentes, não suportando ficar a ver o insuportável, a minha via é esta. Não me arrependo, não esqueço nada, e a minha via é esta.
Como já foi dito, que cada um se identifique completamente com o seu próprio caminho - mesmo que não seja possível de imediato avistar-lhe um luminoso final.
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Comments:
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No se si esto es posible, dada la naturaleza social del ser humano.
Lo que si que es necesario es formar celulas, pequenas. En el sitio de cada uno. A veces esa celula seran solo dos personas. Pero uno no estara completamente solo.
Hay varios vectores de actuacion que me parecen incuestionables:
1. Oracion
Primacia de lo espiritual, de las virtudes pasivas sobre las activas, de la contemplacion sobre la accion. Eso da una dimension vertical a la lucha que de otro modo se convierte en puro activismo.
2. Estudio
Decian que los carlistas eran gente peligrosa, porque cuando no estaban en los campos de batalla, estudiaban. Pues eso.
No voy a entrar en lo obvio: recuperemos la Metafisica Tomista, recuperemos la formacion clasica, el conocimiento de Grecia y Roma. Desempolvemos los textos de Latin del bachillerato. Estudiemos buena Teologia y leamos mucha, pero que mucha Historia.
3. Ejemplaridad
En el puesto en que Dios nos haya puesto, mas que hablar, dar ejemplo. Que nuestro ejemplo sea el mas elocuente de nuestros discursos. No hay acto mas patriotico que el cumplir con el deber, por pequeno que este sea.
4. Reforzamiento de la familia
Para los que somos padres de familia que seamos la roca de la casa, el cimiento y la muralla de nuestras esposas, protegiendolas siempre. Que Cristo Rey reine en nuestras casas y que la formacion que demos a nuestros hijos sea la mejor posible dentro de nuestras posibilidades (hablo de lo que hagamos nosotros, no de los colegios a los que los llevemos).
5. Practica de la virtud de la Piedad en todos los sentidos. Hacia nuestros mayores, hacia los ancianos, hacia la Patria.
Y si, querido camisanegra, yo tambien estoy convencido despues de muchos desenganos de que la unica via es la metapolitica. Dicho esto DN ha tenido actuaciones desastrosas y La Falange es un grupo mas de una miriada que tienen un tesoro de pensamiento, pero nada mas. Mucho me temo que en los tiempos que corren la lucha politica, en un sentido clasico, nos esta vetada.
Un cordial saludo,
Rafael Castela Santos
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Lo que si que es necesario es formar celulas, pequenas. En el sitio de cada uno. A veces esa celula seran solo dos personas. Pero uno no estara completamente solo.
Hay varios vectores de actuacion que me parecen incuestionables:
1. Oracion
Primacia de lo espiritual, de las virtudes pasivas sobre las activas, de la contemplacion sobre la accion. Eso da una dimension vertical a la lucha que de otro modo se convierte en puro activismo.
2. Estudio
Decian que los carlistas eran gente peligrosa, porque cuando no estaban en los campos de batalla, estudiaban. Pues eso.
No voy a entrar en lo obvio: recuperemos la Metafisica Tomista, recuperemos la formacion clasica, el conocimiento de Grecia y Roma. Desempolvemos los textos de Latin del bachillerato. Estudiemos buena Teologia y leamos mucha, pero que mucha Historia.
3. Ejemplaridad
En el puesto en que Dios nos haya puesto, mas que hablar, dar ejemplo. Que nuestro ejemplo sea el mas elocuente de nuestros discursos. No hay acto mas patriotico que el cumplir con el deber, por pequeno que este sea.
4. Reforzamiento de la familia
Para los que somos padres de familia que seamos la roca de la casa, el cimiento y la muralla de nuestras esposas, protegiendolas siempre. Que Cristo Rey reine en nuestras casas y que la formacion que demos a nuestros hijos sea la mejor posible dentro de nuestras posibilidades (hablo de lo que hagamos nosotros, no de los colegios a los que los llevemos).
5. Practica de la virtud de la Piedad en todos los sentidos. Hacia nuestros mayores, hacia los ancianos, hacia la Patria.
Y si, querido camisanegra, yo tambien estoy convencido despues de muchos desenganos de que la unica via es la metapolitica. Dicho esto DN ha tenido actuaciones desastrosas y La Falange es un grupo mas de una miriada que tienen un tesoro de pensamiento, pero nada mas. Mucho me temo que en los tiempos que corren la lucha politica, en un sentido clasico, nos esta vetada.
Un cordial saludo,
Rafael Castela Santos