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quinta-feira, abril 13, 2006

Ponto de ordem 

Um camarada mais novo interpelou-me acerca da instabilidade que nota em certos meios nacionais, da fragilidade de espírito, do constante entrar e sair ou desistir, da confusão ideológica - até das taras ridículas, como a obsessão contra o cristianismo, tornado ódio de estimação.
Respondo-lhe simplesmente. Os males que aponta são o resultado lógico da deseducação instalada: muitos dos rapazes são de esquerda sem saber. As certezas que adquiriram são apenas os lugares comuns que ouviram, na escola, na televisão ou no lar.
Por isso, a superficialidade e a banalidade. E daí resulta também a fraqueza e a instabilidade. Hoje estão numa, amanhã já estão noutra.
É muito difícil combater o clima de facilidade, ainda por cima em nome de convicções exigentes e certamente pouco compensadoras.
É o espírito do tempo, que se instala mesmo nos meios que em princípio lhe seriam adversos.
A hostilidade ao cristianismo (religião que nem sequer conhecem, tal é a sua ausência hoje em dia) nasce também disso, das vulgaridades dos manuais e das telenovelas.
Resta-nos tentar introduzir algum princípio de ordem, mas a ordem é um equilíbrio difícil. O caos é que é natural.

13 Comentários
Comments:
Concordo inteiramente.
Eu lido diariamente com jovens, e encontro muita dificuldade em transmitir-lhe os valores mais básicos.
Os pais não têm tempo, na escola ensinasse não se educa, a televisão destrói o cérebro.
Por vezes parece que não conseguem raciocinar.
Estou sempre a dizer-lhes pensem, pensem, leiam nas entrelinhas.
 
Como de costume, os pretensos «educadores da juventude», gostam de dizer que a juventude que não sofreu a lavagem cerebral beata é simplesmente ignorante.

O pior é que, quando a tal «juventude ignorante» vem aqui argumentar, os «educadores da juventude» calam-se caladinhos, fecham-se no seu iluminadíssimo dogmatismo, provavelmente abanam a cabeça e lamentam muito por já não conseguirem tapar as vistas dos jovens, espetando-lhes com uma Bíblia à frente e obrigando-os a beijar o bom multirracialismo do Portugal pluricontinental.

É que nem quando um «jovem racista desviado» diz, abertamente, «Então, foram-se embora, já não discutem? Onde é que estão?», nem assim saem da toca, digo, da sacristia.

Portanto, aquilo a que, de um modo intelectualmente medíocre, chamam «ignorância juvenil», é na verdade uma profunda discordância ideológica, que os ditos «educadores» ou não percebem, ou então tentam negar, mas sem sequer utilizar qualquer argumentação lógica («é assim porque a Bíblia diz!», já não serve, ao contrário do que quereriam).

E porque é que não usam argumentação lógica?

Porque não foram preparados para isso. Já o professor José Hermano Saraiva afirmou que os estudantes portugueses não estão preparados para a argumentação, para o debate. Isto intensifica-se no caso dos «direitinhas» beatos - a própria ideia de diálogo é contrária à sua índole, porque, a seu ver, o processo do conhecimento acontece assim: o sô doutor/padre diz, os meninos acatam. E quem não acata, é burro e/ou mau/comuna (por isso é que um certo curvado dos costados, não aguentando mais «desrespeito», isto é, discordância de fundo, acabou por aproveitar todos os pretextos possíveis para me proibir de comentar as suas mal amanhadas arengas).

Depois queixam-se de terem perdido o País por completo, quando nos anos sessenta se formou a elite cultural de Esquerda, que dominou as universidades, enquanto a «boa elite de direita» estava na missa ou nalguma tourada, seguida de faduncho, sem esquecer um bom jogo de futebol para ver o Eusébio marcar um golo à Eusébio.

Ó tempo volta para trás, dizem os Minho-Timorenses. Mas o raio do tempo não volta e, neste caso, ainda bem. O 25 de Abril, por pior que possa ter sido, teve pelo menos a virtude de acabar com essa Tugolândia saloia.

Sobre a discordância ideológica a respeito do Cristianismo, que é disso que o tópico trata, vejamos:
de cada vez que se demonstra, por a + b, que o credo do Judeu Crucificado é visceralmente contrário ao Nacionalismo (e alguns beatos patriotas sabem disto, como é disso exemplo Berdiaev), devido à sua natureza universalista «anti-racista» (quase nem eram necessárias as aspas), nessa altura os «educadores da juventude»... onde estão, o que respondem, o que têm a dizer?

Há naturezas incompatíveis, há ideais irreconciliáveis, há mentalidades que pura e simplesmente se opõem como o positivo ao negativo. Isto não significa que não se entendam - PELO CONTRÁRIO, quanto mais se entendem mutuamente, mais constatam a separação que cria dentre eles um abismo crescente.

Com o desenrolar dos acontecimentos, e agindo cada qual de acordo com as suas ideias, as posições cristalizam-se e as antigas alianças de circunstância deixam de ser possíveis.

A isto, o que dizem os «educadores da juventude?

Ah, é verdade, faltam-lhes meios para responder condignamente - faltam-lhes os instrumentos de tortura da Inquisição, por exemplo... ou, pelo menos, um Tarrafalzinho jeitoso...

E depois dizem, ou dão a entender, que ser de Direita é ser contra a Liberdade; que só os animadores-de-festas-gays-e-maricas-desses é que defendem a Liberdade... (já uma me vi «forçado» a esclarecer que amar a Liberdade não significa ser sodomita passivo...).

E quer «isto» educar a juventude?...
 
"É o espírito do tempo, que se instala mesmo nos meios que em princípio lhe seriam adversos."

Isso é o que me assusta.
 
E mesmo a democracia directa, usando o referendo tantas vezes quantas as que forem possíveis, também não é nenhuma miséria. A Suíça não está propriamente a morrer de fome ou mergulhada em guerra civil.

Significativamente, os países mais avançados do mundo e com melhor nível de vida, são também os mais democráticos.
 
De resto, a desunião só sucede quando o fanatismo leva a que não se consiga trabalhar lado a lado pela nação, pondo de lado a divergência nas crenças.

E a solução dos salazaretes para tal divergência é... calar a boca ao povinho e acabou.

Religião não se discute!
Política não se discute!
Sexo não se discute!

Discute-se... futebol... telenovelas... e depois temos um dos países com melhor nível educacional da Europa, pois que, como dizia Salazar, «o excesso de luzes cega»...

Assim é que é. As elites é que sabem e o Zé Povo baixa a bolinha e obedece. Depois, as elites fazem o que lhes apetece, roubam quanto puderem, e o Povinho, tão bom, tão angelical, sorri docemente e comenta «Pois, os políticos são mesmo assim... quécagente há-de fazer, não é...».
 
«De resto, a desunião só sucede quando o fanatismo leva a que não se consiga trabalhar lado a lado pela nação, pondo de lado a divergência nas crenças.»

Mas a essência da democracia é essa: a desunião (afinal de contas, os partidos são só um parte, certo?).

«E porquê? Porque não os partidos? O que o amedronta na existência de diversos pontos de vista? O que o amedronta na vontade popular e no confronto de ideias?»

Será que as pessoas que constituem as corporações também não têm opiniões? Serão robôs descerebrados?... De qualquer maneira, de uma perspectiva nacionalista, a representação orgânica faz muito mais sentido, já que o nacionalista rejeita a visão atomizada da sociedade que é a base da liberal-democracia. Para o nacionalista a sociedade (a Nação) é, ou deveria ser, um todo, em que as suas várias partes colaboram na elaboração da política nacional. Além do mais, os partidos políticos fomentam um espírito sectário de confronto (basta pensar que a oposição é sempre contra aquilo que o governo faz, quer seja bom ou mau – se não o fizesse não tinha razão de existir, ou seja, as “oposições” tornam-se um fim em si mesmo, em vez de serem um meio) e há também o problema do fosso existente entre o cidadão e o partido. Quantas pessoas conhecem os "seus" deputados?? E os programas dos partidos??

A representação orgânica, aliada a uma aplicação efectiva do principio de subsidiariedade, permitiria aproximar efectivamente o cidadão nacional do seu representante político, e permitiria uma maior proximidade entre as instâncias decisoras e o cidadão, o que se traduziria por uma melhor resolução dos problemas das populações (já que a pessoa responsável pela resolução desses problemas seria ela própria membro da comunidade, e estaria por isso perfeitamente ao corrente dos problemas).
 
«De resto, a desunião só sucede quando o fanatismo leva a que não se consiga trabalhar lado a lado pela nação, pondo de lado a divergência nas crenças.»

Mas a essência da democracia é essa: a desunião

Não. A essência da democracia é a vontade popular. Na democracia, também existe liberdade de expressão e respeito pela diversidade.

Ora, só o totalitarismo pode confundir «diversidade» com «desunião». Na verdade, são duas coisas bem diferentes. E o sucesso de qualquer empresa humana consiste na capacidade de estabelecer uma união de esforços que não oprima ou mutile a diversidade de cada um.
 
Além do mais, os partidos políticos fomentam um espírito sectário de confronto

O confronto é inevitável e faz parte da natureza humana. No entanto, há confrontos e confrontos - e, numa sociedade nacionalista, com um povo educado de modo nacionalista, nunca uma discordância ideológica pode levar a uma desunião nacional.

Agora, se se elimina uma organização só porque pode criar divisão, então acaba-se já com o FCP, com o SCP e com o SLB... aliás, ninguém muda de equipa, mas há muitos que mudam de partido, o que só mostra que o «divisionismo» do futebol é mais forte do que o da política.

Além disso, também pode haver confrontos dentro das corporações, entre os seus dirigentes; e é sabido que os jogos de poder são do mais corrosivo que há.

Acresce que se verificam também confrontos entre diferentes grupos de profissionais, como por exemplo entre a Judiciária e a PSP.
 
em precisam de os conhecer. Basta que saibam as ideias mestras que cada partido defende: quem representa essas ideias numa Câmara é absolutamente borrifativo.

É mesmo assim que deve ser numa sociedade evoluída - concentração nas ideias e não nas pessoas.

Ora, com corporações, há menos espaço para o combate de ideias e mais espaço para o combate entre pessoas, entre líderes...
 
«E porque não partidos? Explique-me em que medida uma corporação é melhor do que um partido.»

Já lhe expliquei. Se você não concorda paciência, mas não me vou estar a repetir.

«E isso que tem de mal?»

O que tem de mal? Se você acha que a critica meramente destrutiva (chegamos ao ridículo de ver um partido recusar uma medida quando está na oposição e coloca-la em prática quando está no poder!), e o bloquear de iniciativas e legislação só “porque sim”, não tem nada de mal, o problema é seu. Eu acho que tem muito «de mal».

«Nem precisam de os conhecer. Basta que saibam as ideias mestras que cada partido defende: quem representa essas ideias numa Câmara é absolutamente borrifativo.»

Ai é? Eu acho muito relevante saber se o deputado que faz campanha contra a corrupção é corrupto ou não… Eu acho relevante saber se o deputado que faz campanha a favor dos direitos dos trabalhadores explora os seus funcionários ou não… Enfim, eu acho muito relevante saber se os candidatos são pessoas sérias ou não e só posso saber isso se os conhecer.

«De resto, não é credível que um deputado a uma Assembleia Corporativa, só porque "os eleitores o conhecem" seja mais competente ou mais esforçado.»

Mais competente até pode não ser, mais esforçado de certeza que será, até porque os problemas dele serão os problemas da sua comunidade. E ninguém gosta de ser apontado pelos vizinhos como “corrupto” ou “incompetente”.

* * *

«Não. A essência da democracia é a vontade popular. Na democracia, também existe liberdade de expressão e respeito pela diversidade.»

E num Estado Nacionalista deve existir liberdade contra a Nação?

«E o sucesso de qualquer empresa humana consiste na capacidade de estabelecer uma união de esforços que não oprima ou mutile a diversidade de cada um.»

Por isso se propõe a representação corporativa, que representa os corpos sociais realmente existentes e não meras abstrações.

«O confronto é inevitável e faz parte da natureza humana. No entanto, há confrontos e confrontos - e, numa sociedade nacionalista, com um povo educado de modo nacionalista, nunca uma discordância ideológica pode levar a uma desunião nacional.»

Remeto para a primeira pergunta: num Estado Nacionalista deve existir liberdade contra a Nação? No entanto tu já avanças com parte da resposta: "nunca uma discordância ideológica pode levar a uma desunião nacional". Suponho que as ideologia anti-nacionais seriam então proibidas.

«Agora, se se elimina uma organização só porque pode criar divisão, então acaba-se já com o FCP, com o SCP e com o SLB... aliás, ninguém muda de equipa, mas há muitos que mudam de partido, o que só mostra que o «divisionismo» do futebol é mais forte do que o da política.»

Exemplo estúpido. O clubismo não põe em causa a Nação (a menos que queiras levar a sério o slogan "O [FC] Porto é uma nação!").

«Além disso, também pode haver confrontos dentro das corporações, entre os seus dirigentes; e é sabido que os jogos de poder são do mais corrosivo que há.»

Claro que pode. Só numa Utopia é que todos os males da humanidade seriam resolvidos, e como sabemos, as utopias, por definição, não existem. Mas há sistemas e sistemas, e há sistemas que fazem do confronto sectário a sua razão de ser. A palavra-chave aqui é sectário.

«Acresce que se verificam também confrontos entre diferentes grupos de profissionais, como por exemplo entre a Judiciária e a PSP.»

Novamente, exemplo estúpido. Esse confronto não coloca em causa a Nação.

«Ora, com corporações, há menos espaço para o combate de ideias e mais espaço para o combate entre pessoas, entre líderes...»

E os líderes são uns descerebrados que não pensam? Os confrontos entre líderes são também confrontos de ideias, porque diferentes lideres têm diferentes ideias.
 
«E não tem nada de mal, não senhor. Têm todo o direito a exercer o seu mandato como entenderem - muito pior seria a lógica do "O Chefe manda, a gente aceita".»

De facto, quem está a defender essa lógica é você: "eu sou eleito, agora faço o que quero!"...

«E porquê?»

Para saber se o tipo é coerente ou não... isso não lhe parece um "pormenor" importante?

«Não seja idiota - você acha que numa corporação de pedreiros todos eles se conhecem de norte a sul do país???»

Claro. A corporação não é um organismo massificado, organiza-se a vários níveis (freguesia, municipio, distrito, nacional). Os comunas chamam-lhe "centralismo democrático".

«Ah, pois, porque os deputados que hoje estão na AR não pertencem à comunidade... Em verdade, caíram de Marte, aos trambolhões...»

Se calhar moram no seu bairro... no meu não.

«Tem-se visto, tem-se visto...»

Então afinal sempre há deputados corruptos que «não se podem candidatar»?
 
Você tem dificuldades de interpretação daquilo que lhe dizem??

Mas de facto é engraçado ver os democratas negarem tudo o que defendem só para serem «contra os fascistas».
 
«Não. A essência da democracia é a vontade popular. Na democracia, também existe liberdade de expressão e respeito pela diversidade.»

E num Estado Nacionalista deve existir liberdade contra a Nação?

Liberdade de acção contra a Nação, seria como autorizar a prática do assassinato, por exemplo. Logo, ia contra a liberdade daqueles que querem ter Nação.


Por isso se propõe a representação corporativa, que representa os corpos sociais realmente existentes e não meras abstrações.

Meras abstracções... referes-te às ideias?
Faço notar que, para já, nem sequer sou contra as corporações. Simplesmente, não concordo que o sistema partidário seja mau em si.



No entanto tu já avanças com parte da resposta: "nunca uma discordância ideológica pode levar a uma desunião nacional". Suponho que as ideologia anti-nacionais seriam então proibidas.

É uma pergunta difícil. Hoje tenho uma opinião, amanhã posso ter outra. Para já, acho que não seriam proibidas na sua manifestação. Mas os anti-nacionais, como Louçã e afins, não falam só disso e também podem, ocasionalmente, ter ideias úteis noutros campos.


«Agora, se se elimina uma organização só porque pode criar divisão, então acaba-se já com o FCP, com o SCP e com o SLB... aliás, ninguém muda de equipa, mas há muitos que mudam de partido, o que só mostra que o «divisionismo» do futebol é mais forte do que o da política.»

Exemplo estúpido. O clubismo não põe em causa a Nação

Não é um exemplo estúpido. O clubismo extremo põe em causa a Nação sim, porque agrava rivalidades regionais, como tu tens obrigação de saber.


«Além disso, também pode haver confrontos dentro das corporações, entre os seus dirigentes; e é sabido que os jogos de poder são do mais corrosivo que há.»

Claro que pode. Só numa Utopia é que todos os males da humanidade seriam resolvidos, e como sabemos, as utopias, por definição, não existem.

Logo, conotar a democracia com corrupção, é um erro grosseiro que falsifica a questão.


Mas há sistemas e sistemas, e há sistemas que fazem do confronto sectário a sua razão de ser

O termo «sectário» dá pano para mangas. Para já, do confronto de ideias nascem mais coisas positivas do que negativas. Como diz o Povo, da discussão nasce a luz.


«Acresce que se verificam também confrontos entre diferentes grupos de profissionais, como por exemplo entre a Judiciária e a PSP.»

Novamente, exemplo estúpido

Novamente, um exemplo que não entendeste - porque essas lutas internas causam problemas de segurança e talvez de justiça, que afectam o País moralmente e até securitariamente.

De um modo ou doutro, pela tua óptica acabava-se com a diversidade das polícias.


Esse confronto não coloca em causa a Nação.

Geralmente, o confronto partidário também não.


«Ora, com corporações, há menos espaço para o combate de ideias e mais espaço para o combate entre pessoas, entre líderes...»

E os líderes são uns descerebrados que não pensam? Os confrontos entre líderes são também confrontos de ideias, porque diferentes lideres têm diferentes ideias.

Mas aí há sempre muito mais intervenção do aspecto pessoal do que das ideias em si. O partido político, como formação abstracta que é, adequa-se muito mais a esse combate de ideias.
 
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