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quarta-feira, junho 07, 2006

Os factos são teimosos 

O nosso escrito mais recente motivou contestações. O mais interessante que resulta da leitura dessas contestações é que todas elas confirmam integralmente o bom fundamento daquilo que escrevemos. Mesmo quando se apresentam como negação, acabam ímplicita ou explicitamente por confirmar a análise apresentada.
E quanto a factos, daqueles que foram por nós referidos nem um só foi contraditado.
Nem o poderia ser, porque tudo é precisamente assim.
O que tem mais valor nesta observação é constatar que as atitudes mentais, ou meramente instintivas, são mais poderosas do que as teorias. Levam mesmo a que um cidadão, não forçosamente estúpido, acene energicamente com a cabeça que não enquanto tudo o resto no seu gesto e na sua atitude comprova que sim.
Continuaremos portanto a ter fartura de grupos nacionalistas de entretenimento privado. É o "fascismo de garagem", ou de cave, em toda a sua plenitude. Uns cultivam o esoterismo, tipo mesa pé de galo. Alguns cultivam o folclore - tirado das revistas ou dos filmes. Três ou quatro posam para a fotografia - conforme as encomendas. Outros confundem acção cultural com passeios na floresta. Entre os do escuro e os do exibicionismo não há grande oposição, há a mesma ineptidão para qualquer acção consequente.
Não fosse a circunstância de a lei vigente constituir obstáculo quase intransponível à criação de novos partidos e ainda veríamos por aí o milagre da multiplicação dos partidos - o meu, o teu, o dele... Seriam sempre quatro ou cinco partidos por cada três ou quatro nacionalistas.
É o infantilismo em todo o seu esplendor. É a inadaptação à vida vomo ela é, e à actividade política possível, viável, realista.
Nas nossas caixas de correio recebemos habitualmente informações sobre as actividades de grupos políticos espanhóis, franceses, britânicos ou italianos: servem para convocar uma manifestação, para divulgar um comunicado, para anunciar o lançamento de um livro ou de uma revista, para informar da realização de uma conferência, de uma campanha qualquer.
Obviamente que essas cadeias informativas, feitas somente através das suas listas de correio, visam conseguir amplificação. Mesmo sem pedir expressamente, pretendem que os destinatários constituam outros tantos multiplicadores da mensagem.
Pois bem: em relação a grupos portugueses posso afirmar rigorosamente que nunca nenhum nos pediu nada, nem nos deu a conhecer nada. É cem por cento verdade. Nunca nas nossas caixas de correio surgiu um comunicado para reproduzir, um anúncio para divulgar, uma notícia que fosse para espalhar.
Sempre que essa função informativa e divulgadora foi aqui assumida foi exclusivamente por iniciativa própria.
Um paranóico pensaria que estava a ser discriminado; mas não, penso que infelizmente as dezenas de páginas mais ou menos nacionalistas que por aí pululam ou pulularam, umas melhores outras piores, terão sido todas tratadas por igual. E sublinhe-se que o potencial de divulgação em cadeia desse conjunto de meios não é nada desprezível: quase sem dar por isso atingiria certamente alguns milhares de destinatários na rede, que por sua vez iriam espalhar em outros tantos destinatários...
Mas não: para criar e utilizar uma simples mailing-list, o que é gratuito e demora uma ou dias horas, não há tempo nem dinheiro. Para imprimir cartazes, que custam caríssimo, e passar noites a colá-los nas estações do metro (onde de manhã já não estarão) já há tempo e dinheiro.
O mais grave é que não serão só os blogues e páginas nacionalistas que sentem a jusante o black-out total dos grupos e associações mais ou menos secretas que se integram no "movimento nacionalista".
Esse black-out noticioso certamente atinge também o Notícias das Beiras, ou a Crónica do Minho, ou o Diário de Trás-os-Montes, ou o Jornal do Algarve, ou as centenas de publicações locais que todas elas lutam com falta de colaboração e até agradeceriam que lhes mandassem notícias na devida forma. E que são as folhas de papel que os portugueses lêem. De igual forma creio que as redacções do Diário Digital, do Portugal Diário, do Público ou do Correio da Manhã, estarão abrangidas pelo apontado boicote informativo.
Não senhor: o que os nacionalistas fazem só a eles diz respeito. Fica em família. Os outros não têm nada que saber.
Continuemos pois a cultivar esmeradamente a clandestinidade e o secretismo. E depois queixemo-nos, como alguns fazem, que o povo é que não presta, já que não nos liga. Será preciso mudar de povo, claro - nós é que não temos que mudar nada.
Por agora não diremos mais. Embora talvez fosse oportuno ir mais longe, e avançar noutras direcções, porque realidades merecedoras de crítica não faltam. A seu tempo lá chegaremos.
Por último, e como defesa antecipada, declara-se desde já que não existe nas palavras mais desagradáveis que aqui possam ler o menor gosto em dizer mal, nem o menor propósito destrutivo, nem sombra de inimizade a ninguém dos que se possam sentir criticados. Ao contrário: quem dera que só houvesse razões para dizer bem, quem dera que nenhuma das críticas tivesse o menor fundamento e fossem desmentidas de imediato.
Com que alegria se faria acto de contrição, e marcha-atrás no erro, e pedido de desculpas aos visados!!!
Mas não. O que está à vista é isto. Corrija-nos quem puder.

5 Comentários
Comments:
Eu continuo a achar que o povo se desligou completamente da política e que isto não vai além do PS e do PSD...

Foi aliás essa a razão pela qual abandonei todo o activismo no campo nacionalista, além dos defeitos que apontou, há quem, como eu, perca pura e simplesmente a fé de que "isto" mude algum dia.

Odeio o meu povo, fazer o quê? Vou comprar um sofá novo...
 
Por acaso recebo no meu mail os comunicados da CI, que não pedi mas que entenderam por bem fazer-me chegar. E como eu mais alguns, certamente.
 
"Pois bem: em relação a grupos portugueses posso afirmar rigorosamente que nunca nenhum nos pediu nada, nem nos deu a conhecer nada. É cem por cento verdade. Nunca nas nossas caixas de correio surgiu um comunicado para reproduzir, um anúncio para divulgar, uma notícia que fosse para espalhar."

Isso não é bem assim. Você costuma receber os comunicados da CI e até os reproduz. Lembro-me também que aqui há tempos também reproduziu o texto de apresentação das "Edições Falcata".

"E sublinhe-se que o potencial de divulgação em cadeia desse conjunto de meios não é nada desprezível: quase sem dar por isso atingiria certamente alguns milhares de destinatários na rede, que por sua vez iriam espalhar em outros tantos destinatários..."

Mas para isso também é preciso que os "receptores" das tais mensagens estivessem dispostos a divulgá-las nos seus sites/blogues, o que não acontece na maior parte dos casos.

"Mas não: para criar e utilizar uma simples mailing-list, o que é gratuito e demora uma ou dias horas, não há tempo nem dinheiro."

Não tem tanto a ver com o dinheiro, mas com o "know-how" (falo por mim, obviamente).

"Esse black-out noticioso certamente atinge também o Notícias das Beiras, ou a Crónica do Minho, ou o Diário de Trás-os-Montes, ou o Jornal do Algarve, ou as centenas de publicações locais que todas elas lutam com falta de colaboração e até agradeceriam que lhes mandassem notícias na devida forma. (...) De igual forma creio que as redacções do Diário Digital, do Portugal Diário, do Público ou do Correio da Manhã, estarão abrangidas pelo apontado boicote informativo."

Bem, falando mais uma vez daquilo que conheço, posso dizer-lhe que a CI já enviou comunicados para a imprensa regional e o PNR também. E o Diário Digital, o Portugal Diário, o Público, o Correio da Manhã e até o Avante já receberam comunicados da CI.

Em conclusão: a sua crítica peca por pessimismo em excesso. As coisas não são perfeitas, mas estão a ser feitas e irão melhorando com a prática.
 
Ah!, e algo que me lembrei agora: não faz muito sentido acusar os nacionalistas de secretismo nesta era da internet, em que tudo está on-line para todo o mundo ver.
 
Ó camisa negra, não insista, registe-se na mailing list do PNR que logo passa a receber os respectivos mails, que chato...
 
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