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terça-feira, junho 06, 2006

Vícios antigos são duros de vencer 

Depois de anos a insistir nos mesmos temas, temos alguma autoridade para ao menos constatar o fracasso da prégação.
Recorda-se que um eixo fundamental da campanha pelo "fascismo em rede" foi sempre a problemática da comunicação. O problema está há muito diagnosticado, e analisado em múltiplos autores e locais.
As forças políticas da Direita em geral, e os nacionalistas em especial, padecem desde há muito de um deficit crónico no que respeita a comunicação social de massas, de uma estranha aversão ou ineptidão para actuar no seio das sociedades contemporâneas usando eficazmente os meios de difusão que estas proporcionam.
Consequentemente, veio daí a insistência nas "redes", na "época das redes", no imperativo da comunicação.
Não se trata de nada de original, nem de nada que não seja sabido de todos.
Mas apesar disso verifica-se que os hábitos e condicionamentos antigos são persistentes, arreigados e teimosos.
Os nacionalistas em geral, e a Direita em geral, continua teimosamente a falhar no capítulo da divulgação, mesmo quando acertam na realização. Ou seja, mesmo quando se faz, e se faz bem, o esforço geralmente perde-se porque não atinge os potenciais destinatários. É uma frustração.
Querem exemplos?
A revista "Futuro Presente", com todas as suas insuficiências, é desde há muitos anos a principal referência intelectual de certas correntes da Direita Nacional. Pois só há pouco tempo começou a ter um bloguezinho na internet, aliás pobrezinho, para ajudar à divulgação da mesma, absolutamente inexistente.
O semanário "O Diabo", com todas as suas insuficiências, é o único órgão da imprensa escrita dominado por algumas figuras da Direita Nacional. Nunca teve ainda sequer uma janela na internet, onde ao menos fossem publicitados os títulos da semana. É uma publicação de circulação quase confidencial.
O Partido Nacional Renovador, com todas as suas insuficiências, é o único partido de confissão nacionalista. Toma iniciativas, emite comunicados, tem posições públicas. Pois não utiliza sequer um instrumento tão simples como uma mailing-list, que com umas dezenas de endereços poderiam assegurar-lhe imediatamente uma divulgação de qualquer realização ou declaração por algumas dezenas de blogues e outros lugares na internet.
Têm que ser os interessados a correr atrás da notícia, em vez de ser esta a chegar e oferecer-se mesmo aos não interessados, como é norma na comunicação de massas.
Este exemplo da falta de uma gestão eficaz de uma lista de correio pode estender-se indefinidamente: recentemente houve uma comemoração do 28 de Maio no Porto. Para além dos organizadores e amigos mais chegados, ninguém soube. Os responsáveis certamente saberiam que dá mais trabalho organizar a coisa do que dá-la a conhecer; mas preferiram o instinto atávico de manter o assunto entre gente conhecida.
Está em curso a organização das comemorações do 10 de Junho. Quem quis divulgar essas realizações publicitando-as na medida das suas possibilidades teve que informar-se por si e por si mesmo tomar a iniciativa de as publicitar. Ninguém se encarregou de difundir de forma organizada, para uma hipotética rede, a informação necessária para amplificar e dar expressão pública aos eventos.
Nestes tempos que se pretendem modernos, prevalecem os atavismos de sempre. Mesmo os designados revolucionários parecem cultivar instintos de capelinha. A confidencialidade é de regra, os amigos é que contam e o mundo fica lá fora.
Repare-se que as atitudes mentais de grupos como a Causa Identitária e o Terra Identidade Resistência são precisamente as mesmas dos grupos congéneres de há dez, vinte ou trinta anos atrás. Falam em política, mas não fazem política. Não procuram sequer qualquer intervenção para além do círculo pequenino e fechado da sua gente.
Aqui, nesta trincheira solitária que nunca alinhou nem participou em qualquer tertúlia, grupo, fracção ou seita, tentamos ver o mundo todo. O mundo todo está, evidentemente, lá fora.
Lamentavelmente, o que se observa é que esse mundo lá de fora continua a não se dar conta da existência dos pequenos mundos em que se comprazem os poucos devotos a que nos referimos. E lamentavelmente tem que observar-se que muitas vezes a culpa é destes, que parecem cultivar e retribuir essa indiferença. Brincam na areia, absortos como os petizes na praia, atentos apenas aos quatro reunidos à volta do seu castelo, sem reparar sequer na ondulação mais próxima.
Ignoram e desprezam as massas; as massas, com inteira justiça, pagam-lhes na mesma moeda e ignoram-nos a eles.

8 Comentários
Comments:
Uma boa análise da actual situação.
 
Já vi associações de trazer por casa, aparentarem ser grandes, por dominarem precisamente esta ferramenta!
 
E alguém tem fé neste nosso povo???

São fracos e doentes, merecem a sorte que têm!
 
Uma adenda, no caso da CI não acho que isso seja inteiramente justo.Eles fazem um bom trabalho de divulgação ideológica e têm vários sites on-line, para além da casa mãe.Mas é certo que, em minha opinião, há posições a rever ou estratégias a repensar...Estive lá algum tempo e acho que no que concerne à doutrina o trabalho que realizam através de vários sítios, alguns dos quais não aparecem explicitamente como conectados à CI mas provêm de lá, é de boa qualidade.Essa evolução de que fala também dependerá do tempo e das conjunturas.

Cumprimentos
 
"...ecentemente houve uma comemoração do 28 de Maio no Porto. Para além dos organizadores e amigos mais chegados, ninguém soube. Os responsáveis certamente saberiam que dá mais trabalho organizar a coisa do que dá-la a conhecer; mas preferiram o instinto atávico de manter o assunto entre gente conhecida."

Agora está a ser injusto.
Eu não só fui informado como....compareci!
:)
 
Compareceu só a tempo da mousse de chocolate, não venha com histórias!
 
O TIR também tem feito algum trabalho como pode ser constatado na página.
Tanto quanto sei é uma organização que esta a crescer.
 
Tenham calminha e aprendam com o Mestre CamisaNegra. Ele sabe do que fala.
Só temos a ganhar.


PS: Não sei porquê mas suspeito que o buiça tem muita culpa do "estado a que isto chegou".
 
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