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quinta-feira, agosto 10, 2006

Entrevista de José Pinto Coelho 

José Pinto Coelho concedeu uma entrevista ao Jornal de Leiria. Prevenindo a possibilidade de a mesma vir a desaparecer do site do referido jornal, decidimos publicá-la na íntegra e sem qualquer alteração.

Líder nacional da extrema-direita, de férias em S. Martinho do Porto, fala sobre o partido

À luz do facho

Criar o Ministério da Família e uma rede de infantários do Estado, defender as crianças contra a violência e a pornografia, e agravar as penas para os crimes de pedofilia e outros abusos de menores são algumas das propostas de José Pinto Coelho, líder do Partido Nacional Renovador, cujo símbolo é um facho

A marginal de S. Martinho do Porto, que já foi avenida Salazar, fervilha de gente de todas as classes sociais. Longe vão os tempos em que aquela estância balnear acolhia o ditador e as elites do antigo regime.
Enquanto bebe um trago de cerveja numa esplanada, José Pinto Coelho perscruta o horizonte com o seu olhar azul. Um olhar frio e inquisidor, distinto dos mil e um olhares de quem por ali pulula em gozo de férias. No entanto, tem a vida presa a um facho, símbolo do seu partido, que traduz "esperança, luz, calor e heroicidade". "Como o facho olímpico", afirma.
Quando olha o mar, não é pelo sonho que o faz. José Pinto Coelho tem mais que fazer. Fundador do Partido Nacional Renovador (PNR), único movimento da extrema-direita legalizado em Portugal, o seu grande objectivo é ser eleito deputado em 2009.
Partido recente, com pouca relevância eleitoral, o PNR tem andado ultimamente nas bocas do mundo, em manifestações contra o lobby gay, a imigração em Vila de Rei e no apoio às polícias.
"Há cada vez mais um divórcio entre o país real e a classe política. Os políticos queixam--se, mas são lágrimas de crocodilo. O desemprego aumenta em Portugal e os mais poderosos estão acima da justiça. As pessoas andam revoltadas", refere.
O anti-capitalismo é uma das teclas nucleares do registo ideológico do PNR. "O capital é bom, mas tem que estar ao serviço da Nação e do povo. Para os capitalistas a deslocalização é uma palavra de ordem, assim como a mobilidade. Tudo isso é um atentado aos direitos dos trabalhadores e à segurança das famílias", acrescenta.
A integração "obscura e precipitada" na União Europeia é vista pelo líder do PNR como uma "aberração", tal como a "invasão imigrante".
Questionado pelo JORNAL DE LEIRIA sobre uma hipotética aproximação ao CDS/PP, José Pinto Coelho é peremptório: "Nunca. Há um abismo enorme entre nós e os partidos do sistema. Poderá haver alguns aspectos em que o CDS/PP está próximo de nós, mas há outros em que está muito longe. O CDS é um partido capitalista e liberal. Está tão longe de nós como o Bloco de Esquerda. Nunca faremos uma aproximação ao CDS, que está no mesmo pacote dos partidos do sistema. São partidos inimigos de Portugal".
E sem se deter: "Esses partidos têm a faca e o queijo na mão para fazerem aprovar o casamento entre homossexuais, com a consequente adopção de crianças, já que a Constituição diz que ninguém pode ser discriminado por questões de sexo, religião e ideologia política. E acrescentaram: nem pela sua orientação sexual. Quem acrescentou isso foram os partidos do sistema. O CDS é igualmente culpado".
Questionado sobre as relações que mantém com a Frente Nacional, o movimento skinhead (cabeça rapada) defensor da pureza racial que se auto-proclama a "espada sobre a cabeça" do PNR, o líder da extrema-direita em Portugal argumenta que "tudo é tolerado para a esquerda e nada é tolerado para os nacionalistas".
"Se aparecer um tipo com uma suástica que queira ser militante do PNR é aceite porque não discriminamos ninguém", afirma José Pinto Coelho, que associa os skinheads ao "tribalismo urbano" e a uma "questão de estética". "Ninguém anda a reclamar contra os rastas. O que se diz dos skinheads é mentira. É uma perseguição".
Aquele dirigente nega que os militantes do PNR tenham treino militar, embora admita que isso possa suceder com "grupos que estão na nossa órbita". Católico praticante, o líder nacional da extrema-direita esclarece que o PNR é laico, embora realce a religião católica como "parte da identidade nacional".
Admirador de Mussolini, mais do que de Salazar, afirma que no plano internacional o PNR mantém relações mais estreitas com a Frente Nacional de Le Pen e com o alemão NPD de Hudo Voight. Em tom profético, avisa que "quando o primeiro país da Europa virar a mesa, vai haver um efeito dominó. Quanto mais unidos estivermos, melhor". E sentencia: "A onda nacionalista, que é uma reacção natural ao que se está a passar na Europa, vai vencer. É uma questão de tempo".

Sul do distrito atrai extrema-direita
Caldas da Rainha é a cidade do distrito de Leiria com mais apoiantes do Partido Nacional Renovador (PNR), admitiu a este jornal José Pinto Coelho, líder da extrema-direita em Portugal, a passar férias em S. Martinho do Porto. Em Outubro, alguns elementos do PNR colocaram uma faixa que dizia "Portugal aos portugueses" na ponte pedonal em frente à escola D. João II, nas Caldas da Rainha. A faixa seria retirada no mesmo dia. Também já houve material de propaganda do PNR e da Frente Nacional (FN) afixado na cidade, assim como acções de recrutamento em diversas escolas A manifestação no 1º de Maio realizada nas Caldas da Rainha trouxe o PNR para as primeiras páginas dos jornais.
Também cerca de 100 skinheads da FN que participaram numa manifestação contra as mortes de portugueses na África do Sul no passado dia 26 de Janeiro, em Lisboa, deslocaram-se em seguida às Caldas da Rainha onde assistiram ao lançamento do novo CD da banda Ódio.
Composta por skinheads da zona de Lisboa, esta banda entoa frases como "és um preto de merda". No seu site também se encontram várias fotografias como a de um porco com a palavra judeu escrita no corpo.
Os responsáveis do Centro da Juventude das Caldas da Rainha, onde o concerto teve lugar, equacionaram a proibição do evento nas suas instalações. No entanto, as autoridades policiais aconselharam a realização do concerto para que não fossem criados conflitos.
Os elementos da organização fizeram saber que já tinham um autocarro alugado para transportar para as Caldas os fãs desta corrente. O executivo municipal, com receio de actos de violência, autorizou a iniciativa. No entanto, aquele espaço foi encerrado ao público em geral e retirados os computadores do Espaço Internet.
Terminado o espectáculo, os skinheads partiram para Lisboa sem desacatos. A polícia reforçou o seu contingente nessa noite, mas não foi necessária a sua intervenção. Uma equipa de reportagem da RTP esteve no local.
Em Peniche, na madrugada de 17 de Abril de 2005, um grupo de skinheads terá sido responsável por uma onda de violência que destruiu dois bares na cidade. Os agressores atacaram funcionários e clientes, um dos quais teve que ser hospitalizado. Nas ruas pintaram inscrições nazis e em duas habitações particulares.
Em Julho passado, militantes da Juventude Nacionalista (JN) visitaram o Mercado Medieval, em Óbidos, numa acção de propaganda. “Os nacionalistas", refere o site daquela organização, "ao mesmo tempo que visitavam uma das mais belas e tradicionais vilas portuguesas, iam falando com os comerciantes e artesãos que ali se encontravam e distribuindo um folheto alusivo ao estado de abandono da cultura do nosso país, consciencializando assim a população para a importância da preservação do nosso património histórico-cultural".

Contra o "racismo" de cor
O recrutamento de estudantes em "escolas secundárias de todo o País", através da Juventude Nacionalista (JN), secção de jovens do PNR, notícia avançada na edição do Expresso de 29 de Julho, já mereceu uma reacção dos dirigentes daquele movimento de extrema-direita que se queixam de perseguição política.
O PNR pediu audiências ao Procurador Geral da República e aos ministros da Administração Interna e da Justiça. Os pedidos, segundo José Pinto Coelho, seguiram no passado dia 1, em carta registada.
Aquele semanário cita um documento da PSP que chama a atenção para "alguns dos principais líderes do movimento skinhead em Portugal que tentam incutir nos mais jovens um espírito criminoso, de racismo e xenofobia". E também anuncia que 70 "recrutadores estão identificados e sob vigilância policial.
"Pedimos as audiências porque queremos manifestar a nossa preocupação pelo facto da PSP e da GNR manterem uma vigilância apertada a 70 militantes da JN. Isso é de uma grande gravidade", desabafa José Pinto Coelho.
Também o líder da JN reage às acusações das autoridades. "Em relação ao conteúdo dos nossos folhetos, refutamos por completo qualquer mensagem de violência e de xenofobia. Os folhetos estão disponíveis no nosso site", refere Emanuel Guerreiro, 24 anos, estudante de Ciências Políticas e Relações Internacionais na Universidade Lusófona, em Lisboa.
Emanuel Guerreiro confirma as acções de recrutamento junto das escolas. "Acima de tudo damo-nos a conhecer. São equipas de duas ou quatro pessoas que vão para a porta das escolas e das universidades. Entregamos folhetos da JN e explicamos quais os objectivos da nossa organização".
Em relação ao racismo, Emanuel Guerreiro contrapõe que esses actos "são denunciados por nós, em especial nas escolas secundárias da Grande Lisboa", visto que "são praticados por imigrantes africanos de segunda e terceira geração contra os jovens portugueses". E adverte: "Esse racismo existe, embora encapotado pelo sistema. Mas basta abrir os jornais diários para se perceber que existe realmente. Nas escolas da Amadora, os jovens vivem em constante sobressalto, pois já foram agredido, ou assaltados".
Em declarações a este jornal, fontes da PSP de Leiria e das Caldas da Rainha afirmam desconhecer qualquer tipo de acções de militantes da JN nas escolas da sua jurisdição.

Discurso directo
José Pinto Coelho
“O capital deve estar ao serviço da Nação e do povo e nunca ao serviço do lucro de alguns senhores que nem sequer têm rosto.

Não somos contra a imigração, somos contra a invasão de imigrantes. O capitalismo é que defende a imigração para criar mão-de-obra barata e com isso atirar os nacionais para o desemprego. A imigração é um perigo para a identidade nacional.

Não sou racista. Mas não aceito que o meu País seja invadido por massas incontroláveis de outras raças que não nos respeitam sequer. Além de que nos tiram o emprego e favorecem uma classe suja e capitalista.

A foice e o martelo foram responsáveis por 100 milhões de mortos no século XX. O PCP é um partido que usa esse símbolo e ninguém se importa. Mas se houver meia-dúzia de simpatizantes do PNR que usam a suástica, cai logo o Carmo e a Trindade.

Na Holanda, recentemente foi legalizado o primeiro partido pedófilo. Isso é a ponta de um iceberg de uma evolução anti--natural das coisas. Somos contra isso.

Há um abismo tão grande entre nós e o CDS/PP, tão grande, tão grande, em certos aspectos quase tão grande como em relação ao Bloco de Esquerda.

Pergunto se esses polícias (as cúpulas) não deviam ter mais atenção aos assaltos às portas das escolas feitos pelas pessoas de cor. Quem faz a violência não somos nós. A violência já existe.

A Maçonaria é uma sociedade sem rosto, com fins inconfessáveis, que age e manipula na sombra. É responsável pelo caos reinante no mundo.

Também há skinheads anarquistas e comunistas e ninguém fala deles. Reduzir a imagem do PNR a skindheads chateia-me. É querer diabolizar a nossa imagem. É má fé.

A invasão de Israel no Líbano é escandalosa e nojenta. Israel pratica o terrorismo de estado, o pior dos terrorismos. Não há ninguém decente no mundo que não esteja revoltado com a situação no Líbano”.

(Damião Leonel)

1 Comentários
Comments:
Estes jornalistas metem nojo.
 
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