sábado, outubro 14, 2006
PERMANECER PARA CRIAR
Seja onde for que se manifeste qualquer maioria abdicando ou abandonando as atitudes e as ideias justas, nunca renegaremos os nossos princípios nem nos desviaremos das nossas convicções. Entendemos que o cumprimento do dever possui uma importância primordial e que é indispensável manter um testemunho inteiro da verdade. Desdenhamos do relativismo, tão corrente e crescente onde seria de estranhar que ele se instalasse. Recusamo-nos ao extraordinário acervo de contradições, de desnecessários e duvidosos realismos, de pressurosas adaptações.
Consideramos que certas posições representam uma forma de fatalismo, uma submissão a quanto nomeiam de irreversível (com extensões e funduras espantosas). Assim, praticam uma justificação de tudo aquilo e contribuem, afinal, para solidificar o que seria desejável que não se tivesse instalado e que seria meritório fazer todo o possível para abalar e - quem sabe? - derrubar. Por falta de intransigência, de constância, de acorrer aos postos de combate e aí permanecer, cada um de vários ou de muitos instaura um clima de deserção, de tibieza, de abastardamento; em vez de, pelo contrário, aumentar, intensificar e expandir a firmeza, a fé e o espirito de sacrifício. No meio da descrença geral, vão desaparecendo e renunciando os que deviam ser inamovíveis focos de resistência e luta.
Queremos apelar aos nacionalistas, para que reflictam e mergulhem bem no íntimo propulsor dos actos maiores. Quem se corrige pauta-se pela regra; quem se pauta pela regra regula-se; quem se regula torna-se semelhante ao rei e propriamente um rei.
Confessar um erro e emendar-se dele é nobre. Perseverar no erro é diabólico. Quando o espirito está afectado, a epidemia grassa: eis a porta aberta à morte e à possessão.
Em lugar do pequeno maquiavelismo, do jogo da alta-baixa política, preferimos a irredutibilidade dos que querem permanecer na honra, iguais a si mesmos e ao que os ultrapassa, ao que foi timbre e herança do passado e que cumpre transmitir ao futuro; como depositários, guardando as sementes e, na medida total das nossas capacidades, deitando-as à terra que laborarmos.
Afirmamos ainda que esta atitude de idealismo e de pretenso "irrealismo" tem uma função vital e decisiva na construção da realidade (que não se limita a mero dado), assumindo, pois, um carácter também realista.
Não nos remetemos à condição de resignados. Não nos curvamos ao jugo e à desculpa duma condenação. Acompanhando e confirmando a declaração de outros, não julgamos ser apenas os últimos de hoje; "afrontosamente", sustentamos ser os primeiros de amanhã.
As nossas recusas provêm do irrecusável, da aceitação de responsabilidades incómodas. As nossas rejeições traduzem um modo de assumir. Dizemos não, pelo imperativo sim a que estamos ligados. Não nos movemos no indiferentismo, nem com a interesseira prudência, nem por simples negativismo, mas sim na vivência da profunda afirmação.
Consideramos que certas posições representam uma forma de fatalismo, uma submissão a quanto nomeiam de irreversível (com extensões e funduras espantosas). Assim, praticam uma justificação de tudo aquilo e contribuem, afinal, para solidificar o que seria desejável que não se tivesse instalado e que seria meritório fazer todo o possível para abalar e - quem sabe? - derrubar. Por falta de intransigência, de constância, de acorrer aos postos de combate e aí permanecer, cada um de vários ou de muitos instaura um clima de deserção, de tibieza, de abastardamento; em vez de, pelo contrário, aumentar, intensificar e expandir a firmeza, a fé e o espirito de sacrifício. No meio da descrença geral, vão desaparecendo e renunciando os que deviam ser inamovíveis focos de resistência e luta.
Queremos apelar aos nacionalistas, para que reflictam e mergulhem bem no íntimo propulsor dos actos maiores. Quem se corrige pauta-se pela regra; quem se pauta pela regra regula-se; quem se regula torna-se semelhante ao rei e propriamente um rei.
Confessar um erro e emendar-se dele é nobre. Perseverar no erro é diabólico. Quando o espirito está afectado, a epidemia grassa: eis a porta aberta à morte e à possessão.
Em lugar do pequeno maquiavelismo, do jogo da alta-baixa política, preferimos a irredutibilidade dos que querem permanecer na honra, iguais a si mesmos e ao que os ultrapassa, ao que foi timbre e herança do passado e que cumpre transmitir ao futuro; como depositários, guardando as sementes e, na medida total das nossas capacidades, deitando-as à terra que laborarmos.
Afirmamos ainda que esta atitude de idealismo e de pretenso "irrealismo" tem uma função vital e decisiva na construção da realidade (que não se limita a mero dado), assumindo, pois, um carácter também realista.
Não nos remetemos à condição de resignados. Não nos curvamos ao jugo e à desculpa duma condenação. Acompanhando e confirmando a declaração de outros, não julgamos ser apenas os últimos de hoje; "afrontosamente", sustentamos ser os primeiros de amanhã.
As nossas recusas provêm do irrecusável, da aceitação de responsabilidades incómodas. As nossas rejeições traduzem um modo de assumir. Dizemos não, pelo imperativo sim a que estamos ligados. Não nos movemos no indiferentismo, nem com a interesseira prudência, nem por simples negativismo, mas sim na vivência da profunda afirmação.
(Goulart Nogueira)
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