sábado, outubro 14, 2006
A PERSPECTIVA INTEGRAL
O homem nasce primeiro como um herdeiro. Ele não nasce em série, ele nasce dentro de um povo, dentro de uma cultura, dentro de uma dada era, e é desta particular posição em que está que ele será levado a emitir juízos de valor e juízos de facto; (é tão necessário aspirar à objectividade, como quanto teremos que nos resignar que sempre será impossível alcançar uma objectividade total. É impossível considerar “objectivamente” todos os aspectos de um problema, assim como o é olhar a terra de dois pólos ao mesmo tempo).
Nesta relação, as leis que governam as sociedades humanas não diferem muito das leis da microfísica: a posição do observador determina em parte o esboço da “paisagem” estudada.
O que é certo, por outro lado, é que as ideologias, isto é, os modos de ver e conceber o mundo, ainda quando não se associam como tal, não foram sempre conscientes de si próprias como o são hoje, numa era em que já foram grandemente acumuladas e formalizadas numa multidão de sistemas. Esta “súbita preocupação ideológica” é, obviamente, uma consequência directa ou indirecta da revolução de 1789. De facto, logo que o princípio de autoridade que naturalmente governava as sociedades da pré-revolução foi posto em dúvida na sua legitimidade e nos seus fundamentos, tudo o que antes “was going with saying”, tudo o que era espontaneamente considerado como posição integrante de uma “ordem natural”, apareceu como convenção, isto é, como uma criação humana subjectiva, e, em consequência, deparou-se com uma grande quantidade de facções político-ideológicas, pretendendo todas, sucessivamente, possuir uma “nova verdade” e procurando os meios de assegurar o poder para si próprias.
Paralelamente, desde que o Estado se colocou na posição de ser questionado pelas diversas facções, as quais estão aptas a uma tomada do poder de um dia para o outro (como é hoje sabido), vimos, enquanto todo um edifício de contra-poderes era levantado frente ao poder estabelecido, simultaneamente surgir toda uma multiplicação e expansão de pólos de pressão ideológica.
(Alain de Benoist)
Nesta relação, as leis que governam as sociedades humanas não diferem muito das leis da microfísica: a posição do observador determina em parte o esboço da “paisagem” estudada.
O que é certo, por outro lado, é que as ideologias, isto é, os modos de ver e conceber o mundo, ainda quando não se associam como tal, não foram sempre conscientes de si próprias como o são hoje, numa era em que já foram grandemente acumuladas e formalizadas numa multidão de sistemas. Esta “súbita preocupação ideológica” é, obviamente, uma consequência directa ou indirecta da revolução de 1789. De facto, logo que o princípio de autoridade que naturalmente governava as sociedades da pré-revolução foi posto em dúvida na sua legitimidade e nos seus fundamentos, tudo o que antes “was going with saying”, tudo o que era espontaneamente considerado como posição integrante de uma “ordem natural”, apareceu como convenção, isto é, como uma criação humana subjectiva, e, em consequência, deparou-se com uma grande quantidade de facções político-ideológicas, pretendendo todas, sucessivamente, possuir uma “nova verdade” e procurando os meios de assegurar o poder para si próprias.
Paralelamente, desde que o Estado se colocou na posição de ser questionado pelas diversas facções, as quais estão aptas a uma tomada do poder de um dia para o outro (como é hoje sabido), vimos, enquanto todo um edifício de contra-poderes era levantado frente ao poder estabelecido, simultaneamente surgir toda uma multiplicação e expansão de pólos de pressão ideológica.
(Alain de Benoist)
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