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quinta-feira, novembro 02, 2006

Aborto: o crime do dia seguinte 

(Texto do PNR, de 01-Nov-2006)

Aquilo que se pretende com a pergunta complicada e disfarçada do referendo ao aborto, é a sua pura e simples liberalização. Ou seja, aborto livre!
Aborto livre e pago com o nosso dinheiro.
A pergunta, camuflada por uma pretensa despenalização das mulheres que praticam o aborto, visa na verdade legalizar e permitir o aborto totalmente livre e a pedido apenas da mulher, até às 10 semanas…
O grande argumento esquerdista, é o de que não é concebível que se levem as mulheres a julgamento pela prática do aborto. Tal atitude numa sociedade civilizada é chocante, dizem. Mas, nessa tal sociedade "civilizada" a prática de aborto cabe que nem uma luva, certo?
É óbvio que quem comete um crime, quem vai contra a lei tem que sofrer as suas consequências, caso contrário não faria sentido haver lei. Nisso todos concordamos.
Ora, assim sendo e por uma questão de coerência – dizem ainda – há que mudar a lei.
Deixa então de ser crime, por decreto, a prática livre do aborto até às 10 semanas. Nas primeiras 10 semanas de uma nova vida humana, em gestação, esta pode ser aniquilada a pedido da mãe, sem qualquer consequência penal para ela.
E então se uma mulher fizer um aborto às 10 semanas e um dia? Isto é, se o fizer no dia seguinte ao prazo estipulado por eventual nova lei, então essa mulher já é uma criminosa? Já é legítimo levá-la à humilhação da barra do tribunal?
Quer dizer que 24 horas fazem a diferença entre um acto normal e um crime? Entre uma mulher de livre decisão e uma criminosa?
Estamos pois, perante o crime do dia seguinte e, com ele, perante uma tremenda farsa e hipocrisia dos defensores da barbárie e da cultura de morte.
Com esta lei, estão a assumir implicitamente que o aborto é um crime, se feito das 10 semanas em diante.
Então porquê as 10 semanas? É fácil perceber-se que perante tal mentalidade tão perversa e sem pés nem cabeça, a arbitrariedade é quem mais ordena… É que, quando se defendem aberrações que não têm qualquer suporte racional, moral, filosófico, humano, etc, mas tão só o capricho e o desejo de destruir a sociedade, então caímos fatalmente no arbítrio sem lógica.
Contudo, não podemos menosprezar esta situação. Não pensemos que são ingénuos ou primários, já que eles bem sabem do carácter provisório desta conquista, na preparação de outras mais ousadas. Os esquerdistas, verdadeiros maestros desta estratégia muito bem orquestrada, são peritos em usar o tempo e a manipulação das mentes mais permeáveis: hoje, arbitrariamente defendem as 10 semanas para o aborto livre, num futuro próximo, com novos argumentos, virão trazer de novo este assunto para a ordem do dia, defendendo o alargamento do prazo…
É uma estratégia já conhecida: devagar se vai ao longe…
É por essas e por outras que sempre defendemos que as questões fundamentais de uma sociedade e de uma Nação, não se discutem nem se negoceiam. Combatem-se!

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