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sábado, janeiro 06, 2007

Orientação 

Será que vale a pena o tempo e o esforço gastos neste exercício teimoso? Será que não estarei a perder com isto outras possibilidades de mais valor? Não será o vício da blogação um gesto inútil e vaidoso, sem outro efeito que não o de nos vermos ao espelho quando ligamos uma dada página da internet?
A tentação de abandonar, o cansaço, alguma frustração, a sensação de estar a falar só para mim ou para um restrito grupo que também disso não precisava, assaltam-me amiúde, no transcurso dos dias e das noites.
E todavia, sinto e penso que o caminho certo é continuar.
A realidade dos grupos políticos organizados é confrangedora.
O conhecimento daquele universo de baixarias, de mesquinhez, de facadas, traições e intrigas, de má língua e calúnia sem escrúpulos nem vergonha, deixam um aperto no coração e a amargura na alma. Como é possível tanta gente que - não duvido! - tem ideais e está disposta a lutar por eles, absorver precisamente o pior do inimigo que combate?
Como é possível tanta e tanta vez as energias e os sacrifícios e a dedicação de inúmeros militantes sinceros naufragarem num oceano de baixeza e lama?
E neste ponto regresso ao que quis começar por dizer. Cada dia me convenço mais que o único método válido de luta política é ... metapolítico.
Já há muito tempo que sempre que algum camarada mais jovem e sedento de acção questiona a minha opinião sobre o candente problema "que fazer?" ("o que posso e devo eu fazer para servir a Causa?") a minha resposta tem traduzido essa convicção.
O decurso dos anos e da experiência têm reforçado as minhas certezas.
Respondo sempre: procura algo que saibas fazer e que possas fazer sozinho. Uma tarefa que possas desempenhar sem depender de ninguém nem precisar de estar à espera de alguém. Uma missão própria, por cujo êxito ou fracasso não seja possível responsabilizar outro ou outros. Depois, escolhido o caminho ou a trincheira, dedicar-se obstinadamente a cumprir. Cumprir bem, sem prestar contas nem exigi-las.
Ser um soldado isolado, que no silêncio permanece no seu posto e honra o seu dever.
Não digo isto por hostilidade à acção organizada, ao instinto gregário, à agitação e ao barulho da rua: fico sempre a desejar ardentemente o bom sucesso de quem se lança nesses empreendimentos. Mas desconfio do que já vi e vivi.
De maneira que o meu conselho vai sempre pelo seguro: que cada um faça o que tem a fazer, e o faça sozinho. Não tem desculpas, e está a salvo de contaminações.
E eis-me aqui chegado à explicação que queria dar. Não sendo eu dos resignados, dos conformados ou dos indiferentes, não suportando ficar a ver o insuportável, a minha via é esta. Não me arrependo, não esqueço nada, e a minha via é esta.
Como já foi dito, que cada um se identifique completamente com o seu próprio caminho - mesmo que não seja possível de imediato avistar-lhe um luminoso final.

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2 Comentários
Comments:
Caro camisanegra, a via ou o caminho, aquilo que preferir, com certeza diz respeito ao próprio, a não ser que tenha nascido acompanhado, contudo, a via percorre-se melhor, se aqueles que a partilham connosco forem da mesma estirpe.
Depois de o ler com regularidade aqui, bem como noutros sítios, devo dizer-lhe, que um dia destes, ainda lhe farei uma visita, quer dizer, descerei há terra...

Até breve, e cumprimentos
 
Tem razão no que diz, mas desistir nunca é o caminho. É de incentivos como esse que todos precisamos. Se cada um fizer o que sabe, da melhor maneira, creio que os resultados aparecerão. Cedo ou tarde, o que interessa é que a acçao dê frutos.

Cumprimentos
 
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