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quarta-feira, março 21, 2007

Antes “Cartas de Iwo Jima” que “300” 

(um artigo de Christian Bouchet, in http://www.voxnr.com/ )

Numerosos indícios levam a pensar que “300” deverá rapidamente tornar-se um filme de culto para uma parte da juventude da oposição nacional extra-parlamentar francesa.
Pela minha parte, o que conheço já – pelos artigos da imprensa, as reportagens e os anúncios de apresentação – provoca-me um certo mau estar. O tratamento dos factos a meio caminho entre o comic e a heroic fantasy arrasta uma falta de referências históricas e civilizacionais claras e obriga a uma demonização (1) do inimigo. Para resumir, “300” é, do meu ponto de vista, mais um remake dos combates do “Senhor dos Anéis” do que um filme relatando um momento da história da nossa Europa.
Como se sabe, por outro lado, que o responsável pelo cenário e um dos produtores executivos do filme – Frank Miller – é conhecido pelo seu sionismo e a sua defesa do politicamente correcto, não posso deixar de me interrogar sobre um timing tão adequado: o filme saindo no momento mesmo em que Washington e Tel-Aviv desejam mobilizar a opinião pública do mundo inteiro contra o Irão, herdeiro histórico dos Persas. Para falar claro, penso que não é preciso ser grande especialista para compreender que “300” é um filme que se integra perfeitamente na propaganda dos partidários do “choque das civilizações”. (2)
Se a juventude do movimento nacional deve escolher um filme de culto entre os mais recentes aparecidos nos cinemas, “Cartas de ’Iwo Jima” corresponde mil vezes melhor.
Encontram-se nele todos os valores que são os “nossos”: patriotismo, sacrifício de si, concepção aristocrática da vida, etc. Tudo isso sem a caricatura hollywoodesca e o moralismo de “300” e sem a demonização do inimigo.
Julius Evola insistiu longamente nos seus escritos sobre o facto de a raça de espírito prevalecer sobre a raça de sangue. Ver “Cartas de Iwo Jima” reforça-nos essa ideia. Os “nossos”, aqueles que defendem os nossos valores, são os japoneses, os “outros”, o inimigo, são gente da nossa raça… Esta constatação é transponível para a actualidade, em que os “outros” são com frequência racialmente dos “nossos”…
Que seja preciso colocar “os nossos antes dos outros”, sempre foi minha íntima convicção. Mas também estou convencido do facto de a verdadeira clivagem que divide o movimento nacional está nesse ponto, na definição que cada um dá do nosso e do outro.

Notas:
1 – Repare-se por exemplo na presença de monstros e elementos acentuadamente negróides entre os Persas…
2 – Nesta linha pode ler-se no sítio anglófono do apresentação do filme: "Based on the epic graphic novel by Frank Miller, 300 is a ferocious retelling of the ancient Battle of Thermopylae in which King Leonidas (Gerard Butler) and 300 Spartans fought to the death against Xerxes and his massive Persian army. Facing insurmountable odds, their valour and sacrifice inspire all of Greece to unite against their Persian enemy, drawing a line in the sand for democracy. The film brings Miller’s (Sin City) acclaimed graphic novel to life by combining live action with virtual backgrounds that capture his distinct vision of this ancient historic tale."

1 Comentários
Comments:
A perspectiva cinematográfica de Hollywood
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Com extensa campanha publicitária (para isso capital não falta) o filme norte-americano "300" pretende retratar a luta heróica dos gregos nas Termópilas mas, fiel à tradição, não consegue mais que uma farsa, não só porque confundem o local do combate com um matadouro municipal, como pela sinopse que diz :
"(…) a sua coragem e o seu sacrificio encorajaram o povo grego a unir-se contra os exércitos persas e a fundar a democracia."

Ora bem, a batalha do desfiladeiro das "Termópilas" tornou-se célebre pela heróica defesa proporcionada pelos espartanos e pelo seu rei Leónidas, massacrados pelos persas que não permitiram sobreviventes, mas (pergunta pertinente)… que tinham a ver os espartanos com a "democracia" ?
Na verdade… absolutamente nada, ou seja, eram adversários resolutos da democracia, regime politico existente em Atenas (desde as reformas de Clistenes em 508 EP) e que aí vigorou até à sua abolição em 322 EP…
Como se pode afirmar que o comportamento heróico dos espartanos, em 480 EP, "encorajou o povo grego … a fundar a democracia", se esta já existia em Atenas há cerca de 28 anos, para desaparecer no século seguinte ?

A manipulação demagógica da História é já um dado adquirido pela cinematografia "made in USA" e é sabido que a demagogia é uma das principais caracteristicas do regime democrático. Aliás, foi uma das principais causas da sua dissolução em Atenas, onde durou 186 anos ! Quanto durará entre nós ?

A batalha do desfiladeiro das Termópilas, um emblema da resistência do povo grego, traduz antes de mais o espirito de sacrificio dos espartanos, um exemplo para os democratas de Atenas.
No ponto mais alto do desfiladeiro, no cume de Kolonós, onde se desenrolou o derradeiro episódio da resistência espartana, foi erigido um mausoléu onde se pode ler uma inscrição do poeta Simonide de Céos (556-467 EP) :
"Vai, viajante, dizer a Esparta que aqui jazemos, fiéis às suas leis" !

Fiéis às leis de Esparta… não às de Atenas !

Afirmar que os espartanos morreram em defesa da democracia é um despropósito, um desatino e um disparate !

Aliás, o facto de se produzir um filme "histórico" (não, este não é do Spielberg) em que os iranianos (persas) atacam a Europa… nas actuais circunstâncias terá sido mera coincidência ?

Felizmente, a mediocridade da realização, a indigência dos diálogos e o ridículo dos acessórios, retira credibilidade a semelhante manipulação da História !

O público, que corre entusiasmado a ver semelhante vacuidade, produz dois tipos de reacção : uns sentem-se burlados e recordam a mãezinha dos produtores da "coisa", outros, mais intelectualizados, "até gostam" e interrogam-se sobre se a Grécia já existiria antes de que os "yankees" inventassem o "chewing gum" ?
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