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terça-feira, fevereiro 12, 2008

Clarificar a direita em Portugal 

(um artigo de Ricardo Pinheiro Alves, in www.incontinentesverbais.blogspot.com e www.pnd.pt )

A chamada direita portuguesa com representação parlamentar, O PSD e o CDS, esteve em dois dos três últimos governos em Portugal. Os resultados foram de tal modo maus que ainda hoje, passados mais de dois anos, a tal direita parlamentar está à procura de si própria. Perante este descalabro a esquerda aproveitou para se instalar no poder e continuar um processo iniciado no 25 de Abril com a imposição das suas "transformações" sociais e culturais na sociedade portuguesa.
A única forma da direita conseguir retomar o seu papel de charneira na sociedade portuguesa é permitir uma clarificação do que é a verdadeira direita quer em termos de ideias quer em termos de grupos que a compõem. O que falta para conseguir esta clarificação? Falta vontade para o fazer e para ultrapassar os receios de não conseguir chegar ao poder.
O PSD, com o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa à cabeça, tenta há anos e a todo o custo evitar qualquer clarificação sobre o que é a direita em Portugal. Porquê? porque sabe que só tem a perder com esta clarificação. O PSD junta debaixo do mesmo tecto pessoas que não são de direita com pessoas de direita, socialistas democráticos e sociais democratas com liberais, e populistas, oportunistas com "tachistas" e outros que tais. O problema do PSD é que é um partido sem real substância ideológica e que tem pouca gente com mas muita sem qualquer tipo de substância. Isto explica como é que Santana Lopes chegou ao poder em Portugal. O PSD e os seus militantes são os grandes responsáveis pela eleição de uma pessoa que promete, acima de tudo, destaque televisivo e notícias de jornais. Se a direita estivesse clarificada e Santana Lopes tivesse de optar entre um partido social democrata e um partido de direita, nunca teria chegado ao poder.
O CDS é um pouco diferente. São dois partidos num só, um democrata-cristão e outro popular, que só não se desmembrou ainda porque as pessoas têm medo de mudar, não estão para se chatear ou precisam de favores. São os chamados maus conservadores. No CDS foram recentemente criadas umas tendências internas mas, de uma forma "estalinista", pela direcção actual. Na realidade representam pouco ou nada do que é o partido. A ânsia de voltar ao poder impede também qualquer mudança ou clarificação.
É este "status quo" que só prejudica a direita e beneficia a esquerda já que é muito por isto que Sócrates está no poder. Urge, por isso, que no CDS e no PSD se clarifique o que é e quem é de direita.

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