sábado, março 15, 2008
"Nós e eles"
Um importante texto na ODISSEIA:
Em comentário ao meu postal intitulado “Velhopress”, o Corcunda refere que «há por aí uma tendência (a que tu não foges, caro Atrida) a falar de um “nós” que não existe. Como se pode fazer uma frente entre gente que diz coisas opostas? Como se podem juntar pessoas de esquerda, racialistas e conservadores (tradicionalistas, monárquicos, etc.) sem que exista uma parte grande a submeter-se a coisas que são o contrário do que defendem? Por exemplo, um conservador não pode aceitar o estatismo e a redistribuição social igualitária dos TIR’s, p.ex. Um Identitário não pode aceitar que a comunidade não seja sobretudo um vínculo material, ao contrário do tradicionalista que vê a comunidade como uma forma de amizade ou amor superior à matéria. Quem prescinde destes elementos que são essenciais é porque não acredita neles o suficiente e portanto nunca foi aquilo que disse ser. Quem aceita que se propaguem todas as mensagens (mesmo as contraditórias) acredita em alguma coisa?»
Acho a questão mal formulada. Se efectivamente se quiser “fazer uma frente” não se vai pegar nas coisas opostas que dizem os seus elementos mas sim naquilo que os une. Em política não há romantismos mas táctica, não há amizades mas alianças (muitas delas pontuais). Não pretendo com isto que se abandonem os princípios que devem nortear a acção política - pelo contrário, a falta de princípios é que caracteriza quem está de bem com o sistema que nos desgoverna. Mas é perfeitamente irrealista pensar-se em mudar o estado de coisas sem o contributo de movimentos e pessoas que, mesmo tendo algumas incompatibilidades com as nossas ideias, mantêm alguns pontos em comum.
Confesso que também não tenho qualquer habilidade para esse exercício perigoso e recheado de armadilhas e incompreensões (e por isso nunca me envolvi na acção política). Mas no século passado há excelentes exemplos de pessoas de convicções que conseguiram alianças por vezes precárias mas que permitiram levar à prática boas políticas que de outro modo não sairiam das páginas de revistas doutrinárias.
Encontrar pontos comuns é um exercício curioso que serve para mostrar as potencialidades de uma comunicação (ou frente) entre “nacionais”, bem como os seus limites. Assim, eu concordo com a Causa Identitária quando esta organização fala dos perigos crescentes da imigração, em especial a extra-europeia; mas discordo do seu ideal europeu, tão vagamente romântico como perigosamente impreciso; concordo com a TIR quando denuncia os abusos laborais em certas empresas mas de modo algum concordo com a sua “via para o socialismo”. Tal como não tenho paciência para quem diz que quem não é branco não pode ser português (e vai ao ponto de “desaportuguesar” pessoas que já deixaram este mundo e que sempre foram portuguesas) também não compreendo quem ache que não há problemas em se continuar a receber em barda imigrantes dos PALOP. E tal como, sendo monárquico por convicção, me sentiria muito pouco à vontade a viver numa “monarquia democrática”, regime em que o rei é uma testemunha impotente da desagregação nacional. Igualmente pode soar-me mal ao ouvido o slogan do “orgulho branco” (se significar supremacia arrogante) mas arrepia-me ainda mais a retórica do “orgulho mestiço” com que nos matraqueiam a toda a hora, num afã despudorado de diluição da identidade (e, porque não dizê-lo, do sangue) europeu.
É por tudo isto que não vejo nenhum mal em haver uma plataforma de divulgação de iniciativas e textos oriundos das várias correntes ditas nacionais. Não só porque isso de modo algum significa que eu não “acredite em alguma coisa”, como significa que acredito que alguma coisa pode ser feita.
Em comentário ao meu postal intitulado “Velhopress”, o Corcunda refere que «há por aí uma tendência (a que tu não foges, caro Atrida) a falar de um “nós” que não existe. Como se pode fazer uma frente entre gente que diz coisas opostas? Como se podem juntar pessoas de esquerda, racialistas e conservadores (tradicionalistas, monárquicos, etc.) sem que exista uma parte grande a submeter-se a coisas que são o contrário do que defendem? Por exemplo, um conservador não pode aceitar o estatismo e a redistribuição social igualitária dos TIR’s, p.ex. Um Identitário não pode aceitar que a comunidade não seja sobretudo um vínculo material, ao contrário do tradicionalista que vê a comunidade como uma forma de amizade ou amor superior à matéria. Quem prescinde destes elementos que são essenciais é porque não acredita neles o suficiente e portanto nunca foi aquilo que disse ser. Quem aceita que se propaguem todas as mensagens (mesmo as contraditórias) acredita em alguma coisa?»
Acho a questão mal formulada. Se efectivamente se quiser “fazer uma frente” não se vai pegar nas coisas opostas que dizem os seus elementos mas sim naquilo que os une. Em política não há romantismos mas táctica, não há amizades mas alianças (muitas delas pontuais). Não pretendo com isto que se abandonem os princípios que devem nortear a acção política - pelo contrário, a falta de princípios é que caracteriza quem está de bem com o sistema que nos desgoverna. Mas é perfeitamente irrealista pensar-se em mudar o estado de coisas sem o contributo de movimentos e pessoas que, mesmo tendo algumas incompatibilidades com as nossas ideias, mantêm alguns pontos em comum.
Confesso que também não tenho qualquer habilidade para esse exercício perigoso e recheado de armadilhas e incompreensões (e por isso nunca me envolvi na acção política). Mas no século passado há excelentes exemplos de pessoas de convicções que conseguiram alianças por vezes precárias mas que permitiram levar à prática boas políticas que de outro modo não sairiam das páginas de revistas doutrinárias.
Encontrar pontos comuns é um exercício curioso que serve para mostrar as potencialidades de uma comunicação (ou frente) entre “nacionais”, bem como os seus limites. Assim, eu concordo com a Causa Identitária quando esta organização fala dos perigos crescentes da imigração, em especial a extra-europeia; mas discordo do seu ideal europeu, tão vagamente romântico como perigosamente impreciso; concordo com a TIR quando denuncia os abusos laborais em certas empresas mas de modo algum concordo com a sua “via para o socialismo”. Tal como não tenho paciência para quem diz que quem não é branco não pode ser português (e vai ao ponto de “desaportuguesar” pessoas que já deixaram este mundo e que sempre foram portuguesas) também não compreendo quem ache que não há problemas em se continuar a receber em barda imigrantes dos PALOP. E tal como, sendo monárquico por convicção, me sentiria muito pouco à vontade a viver numa “monarquia democrática”, regime em que o rei é uma testemunha impotente da desagregação nacional. Igualmente pode soar-me mal ao ouvido o slogan do “orgulho branco” (se significar supremacia arrogante) mas arrepia-me ainda mais a retórica do “orgulho mestiço” com que nos matraqueiam a toda a hora, num afã despudorado de diluição da identidade (e, porque não dizê-lo, do sangue) europeu.
É por tudo isto que não vejo nenhum mal em haver uma plataforma de divulgação de iniciativas e textos oriundos das várias correntes ditas nacionais. Não só porque isso de modo algum significa que eu não “acredite em alguma coisa”, como significa que acredito que alguma coisa pode ser feita.
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