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segunda-feira, março 10, 2008

Sobre a hora 

Enquanto alguns proclamam que "Global warming" is not a global crisis, e lançam solenemente a Manhattan Declaration on Climate Change, por cá tivemos a maior mobilização de sempre de uma classe profisional contra o estado do respectivo sector, e em Espanha houve eleições gerais.
Quanto às polémicas climáticas e respectiva relevância aconselha-se a maior prudência: leiam-se estes defensores do CO2, ouçam-se também os catastrofistas do efeito estufa, e mais todos os Al Gore associados, veja-se o que diz Bjorn Lomborg, outro céptico em liça, e sempre com um pé atrás, que nisto do tempo que faz ou vai fazer o Criador não passou procuração a ninguém (e o único método seguro era esperar para ver, mas para isso nenhum de nós tem tempo).
Quanto à indignação dos docentes, muito haveria a dizer. É um fenómeno singular, uma manifestação de rejeição e de revolta como não se tinha visto - mas terá consequências da mesma proporção? Ou irá esvaziar-se, como um balão, e não deixar rasto político que se veja? Esta gente que se manifestou agora foi a que deu a vitória a Sócrates. Fugirá amanhã das redes socialistas? Será possível ainda ver o PCP, de momento o principal beneficiário desta revolta, aparecer como um partido representativo dos sectores urbanos e da classe média, à medida que se esvazia do seu eleitorado rural, campesino e proletário? Tinha graça, embora provavelmente o Bloco de Esquerda e o PS não se rissem muito com a piada.
Em relação ao que deveria ser a oposição, isto é o PSD e o CDS, pouco há a dizer que não se diga por aí fora todos os dias. Por agora não é possível calcular até onde poderão as inenarráveis lideranças de Menezes e de Portas fazer descer os respectivos partidos. Pode ser que sobrevivam, mas há lugar a dúvidas.
No tocante aos resultados das eleições em Espanha, uma certeza: acentua-se a bipolarização. Todos perderam para o PSOE e para o PP, nalguns casos fragorosamente (o Partido Comunista afundou-se). Quanto aos partidos da área nacional, que aqui já tinha comentado criticamente, observa-se o óbvio: as votações obtidas são ainda piores do que em 2004 (até poque decorreram quatro anos, que era suposto não terem sido perdidos). A Falange consegue mais uns votos, devido à reunificação de uns dissidentes, mas será vitória passar de 12.000 para 13.000 votos? A Democracia Nacional, claramente enfraquecida nos últimos tempos, baixa de 15.000 para 12.ooo votantes. Os restantes ainda estão pior: España 2000 e Alternativa Espanhola, por esta ordem, surgem na casa dos 7.000 votos. E não vale a pena referir outros, alguns com votações a que temos de chamar ridículas.
Como já não é a primeira vez, interrogo-me se será desta que alguma lição será tirada do desastre. Continuarão os militantes da área nacional em Espanha a fazer política exclusivamente virada para dentro, em infindáveis competições internas que só interessam aos próprios? Quando se lembrarão de começar a fazer política para o país, para o exterior das suas capelinhas, e de acordo com o tempo presente? Aqueles cenários de reconstituição histórica, aquelas encenações de outras eras, continuarão a ser as únicas formas de actividade política praticada?
Vanguardas, sede vanguardistas! Procuremos os caminhos que nos conduzam à frente dos nossos adversários, em vez de andar permanentemente atrás deles a denunciar o que fazem e o que não fazem! Sejamos criadores, e verdadeiramente revolucionários! Sejamos nós a construir a História, e os reaccionários que sejam eles!
Em Espanha como em Portugal, o autocomprazimento de alguns, a autosatisfaçãozinha, o narcisismo, são venenos mortais. Não é verdade que as coisas vão bem, e não podemos condescender com essa mentira. O tempo urge, e só a insatisfação nos levará a procurar os rumos do futuro. Queira Deus que a inquietação sacuda as fileiras e um vento novo sopre a reanimar as chamas. Do que está já conhecido, experimentado e gasto nada mais virá.
Sejamos subversivos, ousados, inovadores, encontremos outras formas e outras vias, ou acabaremos mortos de vida em pé.

2 Comentários
Comments:
Caro camisa negra,

duas observações.

«Aqueles cenários de reconstituição histórica, aquelas encenações de outras eras, continuarão a ser as únicas formas de actividade política praticada?»

O seu blog, com o nome "fascismo em rede", não será o melhor exemplo. E, quando se tenta instruir outros, nada como dar o exemplo.

A segunda nota, perguntar quando (e se) em Portugal os resultados forem similiares, se nessa altura a culpa será tambem desses cenários?

Obviamente que são duas observações a pedir uma resposta.

Cumprimentos
 
Vou tentar responder em duas palavras.
Primeiro, quanto a exemplos: para quem acompanhe o conteúdo deste blogue será fácil verificar que aqui não se encontram exemplos de sectarismo, de enquistamento, de mesquinhez pessoal ou de grupo.
Tenta-se humildemente detectar onde há movimento, procurar o que mexe, e encorajar quem o faz - sempre à procura das vias e caminhos que permitam encontrar formas de sucesso.
Nunca houve aqui crispação, nem excomunhões, nem agressões. Julga-se não ter contribuído para a exclusão ou afastamento de nada nem de ninguém.
No mais, penso ter feito um blogue descomplexado, descontraído, irreverente.
Quanto ao nome, eu percebo a objecção mas respondo que pensei muito no assunto e estou convencido que esse nome serve o mesmo objectivo: o de ser descomplexado, descontraído, irreverente. Sem sujeições nem interdições.
Diverte-me aliás verificar as perplexidades que provoca.
Não vejo o blogue como uma realização exemplar, destinada a dar lições a quem quer que seja: ao contrário, sei que é feito a correr e nos poucos momentos livres que se improvisam para lhe dar atenção.

Sobre a segunda pergunta, resolvi ser mais reservado. Em Portugal há factores próprios que não são os de Espanha. Embora por vezes também encontremos vícios que apontei aos espanhóis (por ex. a tentação de fazer política só para dentro, em circuito fechado, o grupismo adolescente, o narcisismo autoadmirativo que faz tantas vvezes dizer que corre tudo maravilhosamente e que somos todos admiráveis quando é visível que isso são miragens).
Porém, os resultados são muitas vezes devidos a factores múltiplos, e incontroláveis. Mesmo factores externos.
Creio que não é o sítio nem o momento adequados para fazer críticas concretas com destinatários concretos entre nós. As minhas finalidades são as de provocar a reflexão crítica, mas não o de deitar abaixo.
A seu tempo e por outras vias, serenamente, pode evidentemente analisar-se o que corre bem ou mal, e o que podia correr melhor.
 
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