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segunda-feira, abril 07, 2008

Meditação para hoje 

Somos hoje um povo cansado. Mais do que duvidando da nossa existência como comunidade solidária, interrogamo-nos sobre o futuro como nação independente, dentro do sistema político vigente e com a classe política que temos.
E damos connosco cansados, porque vemos que, por trás do suceder de personagens, de candidatos a chefes, de bobos e de traidores, tudo permanece: a injustiça, a miséria insidiosa, porque se instala lentamente, quase imperceptivelmente, mas de forma segura, e a humilhação de termos de mendigar a sobrevivência, numa Europa mercantilista, de luzes de néon e arranha-céus, que apenas nos olha como moeda de troca muito desvalorizada.
E damos connosco cansados, porque os dias passam iguais, sem chama que incendeie os espíritos, nem pedradas no charco. O processo de adormecimento das almas que está a ser praticado quer-nos fazer crer na normalidade de tudo o que acontece, na estabilidade do sistema e das ideias que o fundamentam.
Mas aqui está o problema: se queremos reencontrar o nosso fio histórico, a nossa identidade como nação livre e independente, temos de nos colocar fora das formas políticas que nos querem impôr, fora da lógica com que querem que guiemos os nossos pensamentos. Temos sobretudo de demonstrar que nada está normal, pois a própria essência da actual sociedade política se encontra viciada. Temos de saber ultrapassar a mera oposição a governos, a figuras políticas, a partidos, para nos unirmos na luta contra o erro fundamental do sistema.
Temos de nos organizar, de fazer ouvir a nossa voz e as nossas ideias. Por toda a parte temos de viver perigosamente, para que, reencontrado Portugal, possamos viver habitualmente, entre homens da mesma fé e parecer.

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