domingo, maio 04, 2008
"Une droitisation à l'échelle de l'Europe"
Dominique Reynié, professor de Ciências Políticas em Paris, em entrevista ao "LE MONDE", aponta o que chama "uma direitização à escala europeia":
Detecta nos recentes resultado eleitorais na Grã-Bretanha e em Itália características comuns?
Reconheço um movimento de direitização, não apenas em Roma ou em Londres, mas que se observa à escala europeia. Isto traduz-se num deslizamento espectacular para a direita do eleitorado europeu.
Desde 2007 houve dez eleições gerais: França, Estónia, Finlândia, Polónia, Bélgica, Dinamarca, Grécia, Irlanda, Espanha, Itália. Por todo o lado onde a direita estava no poder ela conservou-o. Em Itália, tomou o poder. O único exemplo em contrário é a Espanha, onde a esquerda manteve o poder.
Em alguns países onde havia uma esquerda importante, como a Finlândia, a Bélgica ou mesmo a Grécia, os partidos sociais-democratas ou socialistas registaram derrotas particularmente importantes.
É este o clima que se volta a encontrar nas eleições romanas e londrinas. Confirma o que se observa desde 1996 na Europa, com tendência a generalizar-se e a radicalizar-se. Não só a direita se sucede a si mesma como o faz propondo uma oferta política mais dura.
O que é que alimenta essa tendência?
Quaisquer que sejam os movimentos da conjuntura, a direita parece beneficiar deles.
Quando a conjuntura económica é melhor, há uma procura de liberalização, de desregulação, a que a esquerda não parece capaz, salvo excepções, de responder de forma convincente.
A esquerda que resiste é uma esquerda que se pode qualificar de "social-liberal", que consegue enfrentar a direita apoiando-se nos temas ditos de sociedade.
Podia pensar-se que o contexto da crise económica, em que parece ter-se entrado, seria mais favorável à esquerda, na medida em que vai gerar uma procura de redistribuição, mas a direita volta a beneficiar mais. Ela soube transformar-se, acentuando a oferta de protecção identitária e securitária e, obviamente, as questões da imigração.
Um dos dados determinantes é o envelhecimento demográfico das sociedades europeias, que exprimem cada vez mais medos e ansiedades.
Pensa que se assiste ao emergir de novas figuras da direita europeia?
Gianni Alemanno, em Roma, é tipicamente uma figura da direita europeia em ascensão. Há já algum tempo que se vê em aumento este tipo de perfil. Situa-se numa direita clássica, rompe com as referências a uma ideologia de extreema-direita, e consegue entrar num quadro de coligação importando para esta de maneira radical temas como a segurança ou a imigração.
Este género de figuras políticas vão utilizar muito mais eficazmente, porque sem complexos, os temas que fazem a diferença com a esquerda social-democrata.
Detecta nos recentes resultado eleitorais na Grã-Bretanha e em Itália características comuns?
Reconheço um movimento de direitização, não apenas em Roma ou em Londres, mas que se observa à escala europeia. Isto traduz-se num deslizamento espectacular para a direita do eleitorado europeu.
Desde 2007 houve dez eleições gerais: França, Estónia, Finlândia, Polónia, Bélgica, Dinamarca, Grécia, Irlanda, Espanha, Itália. Por todo o lado onde a direita estava no poder ela conservou-o. Em Itália, tomou o poder. O único exemplo em contrário é a Espanha, onde a esquerda manteve o poder.
Em alguns países onde havia uma esquerda importante, como a Finlândia, a Bélgica ou mesmo a Grécia, os partidos sociais-democratas ou socialistas registaram derrotas particularmente importantes.
É este o clima que se volta a encontrar nas eleições romanas e londrinas. Confirma o que se observa desde 1996 na Europa, com tendência a generalizar-se e a radicalizar-se. Não só a direita se sucede a si mesma como o faz propondo uma oferta política mais dura.
O que é que alimenta essa tendência?
Quaisquer que sejam os movimentos da conjuntura, a direita parece beneficiar deles.
Quando a conjuntura económica é melhor, há uma procura de liberalização, de desregulação, a que a esquerda não parece capaz, salvo excepções, de responder de forma convincente.
A esquerda que resiste é uma esquerda que se pode qualificar de "social-liberal", que consegue enfrentar a direita apoiando-se nos temas ditos de sociedade.
Podia pensar-se que o contexto da crise económica, em que parece ter-se entrado, seria mais favorável à esquerda, na medida em que vai gerar uma procura de redistribuição, mas a direita volta a beneficiar mais. Ela soube transformar-se, acentuando a oferta de protecção identitária e securitária e, obviamente, as questões da imigração.
Um dos dados determinantes é o envelhecimento demográfico das sociedades europeias, que exprimem cada vez mais medos e ansiedades.
Pensa que se assiste ao emergir de novas figuras da direita europeia?
Gianni Alemanno, em Roma, é tipicamente uma figura da direita europeia em ascensão. Há já algum tempo que se vê em aumento este tipo de perfil. Situa-se numa direita clássica, rompe com as referências a uma ideologia de extreema-direita, e consegue entrar num quadro de coligação importando para esta de maneira radical temas como a segurança ou a imigração.
Este género de figuras políticas vão utilizar muito mais eficazmente, porque sem complexos, os temas que fazem a diferença com a esquerda social-democrata.
2 Comentários
Comments:
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Gosto desta nova vertente informativo do blogue (y) a fazer lembrar os primeiros meses de "fascismo em rede" :)
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