sexta-feira, julho 04, 2008
O Destino das Nações
(do boletim Gladium, ano I, número 2 – Julho/Agosto de 2008)
A forma de coexistência chamada Nação representa uma circunstância tão perfeita de viabilidade que todos os poderes políticos tendem a fazer convergir o seu povo para essa condição.
(Adriano Moreira)
A fase mais característica do colapso de uma civilização é a fase penúltima da desagregação, identificável em muitas civilizações, tanto passadas como presentes, e a que Toynbee chama O ESTADO UNIVERSAL. Cada sociedade em declínio obtém um período de alívio quando se submete a uma poderosa unificação política ou Império Universal.
(Vintila Horia)
Não se sabe bem quando nem como começou a generalizar-se a ideia, por vezes mais intuitiva que intelectiva, de que nos encontramos no fim de um ciclo histórico, no ocaso de uma civilização que já atingiu o zénite e se encontra pois na sua fase descendente. Não importa sequer alongarmo-nos no assunto, citando factos, apresentando argumentos, socorrendo-nos de opiniões de todo o género de pensadores; parece que, embora não se trate de um ponto assente ou de um dado adquirido visto que ainda que há muito e muitos (parecem apontar?) apontam em sentido contrário, se trata já de uma posição defensável, objectiva e científica, e sobretudo defendida. E porque já defendida não se concorrerá aqui as razões de muitos que, a despeito da diversidade das fontes e das vias escolhidas, convergem na mesma encruzilhada: a actual época histórica aproxima-se do seu termo. Aceitamos pois o seu contributo, tomemos essa sua conclusão como pressuposto e, a partir daqui, comecemos estas linhas.
A BIOLOGIA DAS CIVILIZAÇÕES
Um dos livros mais importantes deste século foi a célebre obra de Oswald Spengler A Decadência do Ocidente – Ensaio de uma morfologia da História do Mundo. Lá, o ensaísta e pesquisador alemão faz pela primeira vez uma análise das culturas como corpos, segundo uma perspectiva morfológica-histórica pelos quais aqueles nasceriam como qualquer ser vivo, debaixo das leis históricas mais ou menos válidas, mais ou menos vigorosas, em organismos, melhor ainda: organismos como culturas (no começo) e como civilizações (na segunda fase). Cada cultura possui pois a sua própria e especifica civilização, ou seja, a sua evolução a partir das formas mais profundas e criadoras do espírito, inclusas no conceito de cultura, até aos estádios mais esotéricos e artificiais a que pode ascender uma espécie humana superior, e que seriam as civilizações, ocasos das culturas. Neste momento, no auge da técnica encontrar-nos-íamos portanto, segundo Spengler, numa dessas fases finais, em um acaso do Ocidente.
Outro pensador, o historiador inglês Arnold Toynbee, aponta a actual fase da decadência do Ocidente como uma «fase antepenúltima» que designa por «tempos revoltos» os quais podem preencher vários séculos. A esse período suceder-se-á a etapa do império universal (cfr. Supra, a citação feita imediatamente ao título) ao que se seguirá um interregno que precederia o colapso final. Podemos aliás testar este esquema em relação a algumas culturas-civilizações históricas conhecidas: nomeadamente a Helénica (recorde-se a unificação imperial das cidades gregas após a guerra do Peloponeso, sob a bandeira de Esparta a que se seguiu a de Tebas, numa fase que precedeu um interregno a que se seguiu um colapso final) e a Romana (o período mais florescente do Império durante a dinastia dos Antoninos, quando o Império Romano conheceu a sua máxima extensão territorial) como exemplos e modelos mais conhecidos e identificáveis.
E o Ocidente actual? Parece sobretudo que pela primeira vez escasseiam as «alternativas», normalmente uma cultura-civilização acaba, no seu colapso, por ser subjugada, ou pelo menos substituída, por outra como «potência dirigente» de uma determinada esfera geográfica (na Antiguidade do «universo conhecido», ou do «mundo civilizado»). Ora actualmente, e como consequência do prodigioso desenvolvimento técnico científico, e sobretudo com o progresso das comunicações que, em termos civilizacionais, aboliram as distâncias, chegou-se a uma civilização planetária, à «aldeia global» de Marshall McLuhan. Então, depois de um eventual colapso desta civilização planetária o que se lhe sucederia? Parece de facto que não se vislumbram alternativas.
O QUE NOS ESPERA
Creio haver eventualmente cinco fórmulas no âmbito das quais poderão caber estes próximos séculos do nosso futuro. Em primeiro lugar, o Ocidente possui fundamentos e energias para empreender um novo começo, ou ciclo, que seria o Terceiro por hipótese. Em segundo lugar, este novo impulso assumirá dois aspectos: um, segundo a variante americana, outro segundo a variante russa, da mesma forma que na sua primeira fase o Ocidente se cindiu numa variante ocidental europeia e outra bizantina. É também possível que apenas uma destas variantes consiga subsistir. Em terceiro lugar o Mundo Ocidental poderá decompor-se a partir do interior, perecer no termo de uma conflagração de tipo atómico. Nessa hipótese salvar-se-iam apenas fragmentos da nossa civilização, nas suas extremidades hispano-americanas, australiana e japonesa. Em quarto lugar, poderia quiçá pensar-se na remota possibilidade de uma nova civilização brotar em qualquer ponto do planeta que um dia se voltasse contra o Ocidente e o aniquilasse. Finalmente, em quinto e último lugar, nenhuma razão existe para afastar a possibilidade de uma ossificação ocidental, semelhante às ossificações de que foram vítimas o Islão, a Índia e o antigo Egipto. São palavras escritas pelo historiador francês Jaques Soustelle. De todas estas hipóteses convenha-se que a primeira parece ser a única verdadeiramente digna de um passado fecundo e altivo, pressupondo-se que a segunda alternativa (que seria um pouco a continuação de um presente-actual, a confirmação dos últimos trinta anos, nos quais precisamente se incrementaram as opiniões e as teses que diagnosticavam a evidência cada vez maior do processo de decadência) não o seria verdadeiramente, mas apenas um intervalo, antes de suceder uma das três últimas. Soustelle foi pouco explícito acerca da concretização e dos pormenores da primeira alternativa.
A nós parece-nos que ela terá de ser sobretudo um regresso às potencialidades das especificidades e das idiossincrasias, e à exploração das suas qualidades, das suas múltiplas virtudes. A salvação do Ocidente está no regresso à diversidade.
Contra as actuais tendências de universalismo político, integracionismo económico, globalização dos problemas e das suas soluções (quando elas existem), máxime de governo mundial, contrapomos nós a ideia de aproveitamento da fertilidade das diferenças, das potencialidades das diversas componentes nacionais dessa gigantesca realidade multifacetada que foi (e é?) a Civilização Ocidental.
Não se pregue um isolacionismo reducionista, nem a destruição de pontes de intercâmbio sempre úteis; apenas se lembra que na procura exacerbada da unidade se perdem as virtualidades de cada um, as identidades que formam as faces do prisma geral, o qual indirecta mas consequentemente também perderá a identidade. Além de que, a planetarização da civilização actual restringe, ou elimina mesmo, as alternativas no caso de fracasso da única estrada deixada em aberto. Um coelho selvagem ou um furão quando constroem a sua toca não se limitam a dar-lhes uma saída, mas várias. As diversidades nacionais da Civilização Ocidental serão as suas saídas. Ou então não haverá saídas.
. A GRÃ-BRETANHA, santuário do liberalismo, a tenacidade, a teimosia, o isolamento insular, a capacidade de resistência, o sentido comercial, o snobismo, um certo estilo desportivo de coragem, Shakespeare ou Chesterton, Carlyle, Wilde, Shaw, Gibson, Kipling ou John Locke; e Palmerston, ou Gladstone, Drake, ou James Kook, Isabel I ou Cromwell, Ricardo Coração de Leão ou Winston Churchill, Montgomery, Allenby ou Welleslley.
. A FRANÇA, e a patente das grandes transformações revolucionárias e burguesas, jacobina ou imperial, pomposa e cortesã, exaltada e impulsiva, chauvinista, frívola e culta ou rude e individualista, Maurras e Hugo, Balzac e Zola, Drieu la Rochelle, Voltaire, Montesquieu e Proudhon, Malraux e Bernanos; a França maquiavélica de Luís XI, espampanante de Luís XIV, reaccionária de Carlos X, revolucionária de Robespierre, mística com Joana D’Arc, teatral com De Gaulle, heróica com Pétain em Verdun, com os pára-quedistas na Argélia e na Indochina. E tudo isto, mas em excesso, com Bonaparte a segurar a Bandeira tricolor.
. E a ALEMANHA, rígida e disciplinada, militarista e cortês, perseverante e universitária, guerreira e majestosa atrás da águia heráldica, Fichte e Kant, Rilke e Mann, Nietzshe e Junger, Hegel e Schmitt; e Frederico o Grande e Luddendorf, Bismark e Maximiliano da Baviera, Wallenstein e Hitler, Adenauer e Otão o Grande.
. E a ESPANHA, orgulhosa, extremista, excessiva, religiosa, austera e isolada, violenta e honrada, sempre um tudo-nada anacrónico. É Calderon de la Barca Velásquez, Goya, El Greco, Danoso Cortes, Unamuno, Cervantes; e Canovas, Carlos V, Fernando e Isabel, Pizarro e Elcano, Primo de Rivera e Franco.
. E a RÚSSIA, autocrática, desigual, terna e cruel, submissa e revoltada, imensa, cinzenta, resistente, inabalável, introvertida, imperialista; Ivan o Terrível e Alexandre Nevski, Pedro o Grande e Catarina, Nicolau I e Lenin, Estaline e Alexandre I Romanoff, que vergou Bonaparte. E Gorki, Tolstoy, Dostoiewski, Pasternak, Eisenstein e Gogol.
. E PORTUGAL, saudoso, insatisfeito, melancólico, poético, aventuroso, individualista, improvisador e leal, universalista e particular; é D. Diniz, Infante D. Henrique, Afonso de Albuquerque e Nun’Álvares, Pombal, Vasco da Gama, Fernão de Magalhães e Mouzinho, Salazar e D. Pedro V; e Camões, Bernardino, Nuno Gonçalves, Gil Vicente, Pessoa, Eça, Herculano, António Vieira e Pedro Hispano.
Seis Nações, seis culturas, seis civilizações em uma civilização global. Apenas seis, tiradas à sorte, arbitrariamente, numa imensidade. Os Estados Unidos (embora uma civilização recente), a Itália, a Áustria… E aproveitando as facilidades actuais de outras civilizações, a Índia, a China, a América Latina, a civilização Árabe, o Japão (despojado da chocante americanização de que foi vítima após 1945…)
CONCLUSÃO
É no aproveitamento desta riqueza incomensurável, que um pouco exaustivamente exemplificamos, que reside a alternativa. Não se pode alienar tudo isto por troca com projectos vagos e materialistas, reduzidos e utópicos, na mira de uma pretensa construção de um Estado Mundial, de um Estado Universal que ainda que possível, mais não seria (como vimos em análise de Toynbee) que uma fase episódica, o fulgor da morte, o esplendor fictício da penúltima fase de desagregação.
A civilização do Ocidente é uma civilização de Nações, sinóptica e una na diversidade. E é no retorno à sua natureza própria, e só nela, que o Ocidente poderá sobreviver.
(José António Carvalho)
A forma de coexistência chamada Nação representa uma circunstância tão perfeita de viabilidade que todos os poderes políticos tendem a fazer convergir o seu povo para essa condição.
(Adriano Moreira)
A fase mais característica do colapso de uma civilização é a fase penúltima da desagregação, identificável em muitas civilizações, tanto passadas como presentes, e a que Toynbee chama O ESTADO UNIVERSAL. Cada sociedade em declínio obtém um período de alívio quando se submete a uma poderosa unificação política ou Império Universal.
(Vintila Horia)
Não se sabe bem quando nem como começou a generalizar-se a ideia, por vezes mais intuitiva que intelectiva, de que nos encontramos no fim de um ciclo histórico, no ocaso de uma civilização que já atingiu o zénite e se encontra pois na sua fase descendente. Não importa sequer alongarmo-nos no assunto, citando factos, apresentando argumentos, socorrendo-nos de opiniões de todo o género de pensadores; parece que, embora não se trate de um ponto assente ou de um dado adquirido visto que ainda que há muito e muitos (parecem apontar?) apontam em sentido contrário, se trata já de uma posição defensável, objectiva e científica, e sobretudo defendida. E porque já defendida não se concorrerá aqui as razões de muitos que, a despeito da diversidade das fontes e das vias escolhidas, convergem na mesma encruzilhada: a actual época histórica aproxima-se do seu termo. Aceitamos pois o seu contributo, tomemos essa sua conclusão como pressuposto e, a partir daqui, comecemos estas linhas.
A BIOLOGIA DAS CIVILIZAÇÕES
Um dos livros mais importantes deste século foi a célebre obra de Oswald Spengler A Decadência do Ocidente – Ensaio de uma morfologia da História do Mundo. Lá, o ensaísta e pesquisador alemão faz pela primeira vez uma análise das culturas como corpos, segundo uma perspectiva morfológica-histórica pelos quais aqueles nasceriam como qualquer ser vivo, debaixo das leis históricas mais ou menos válidas, mais ou menos vigorosas, em organismos, melhor ainda: organismos como culturas (no começo) e como civilizações (na segunda fase). Cada cultura possui pois a sua própria e especifica civilização, ou seja, a sua evolução a partir das formas mais profundas e criadoras do espírito, inclusas no conceito de cultura, até aos estádios mais esotéricos e artificiais a que pode ascender uma espécie humana superior, e que seriam as civilizações, ocasos das culturas. Neste momento, no auge da técnica encontrar-nos-íamos portanto, segundo Spengler, numa dessas fases finais, em um acaso do Ocidente.
Outro pensador, o historiador inglês Arnold Toynbee, aponta a actual fase da decadência do Ocidente como uma «fase antepenúltima» que designa por «tempos revoltos» os quais podem preencher vários séculos. A esse período suceder-se-á a etapa do império universal (cfr. Supra, a citação feita imediatamente ao título) ao que se seguirá um interregno que precederia o colapso final. Podemos aliás testar este esquema em relação a algumas culturas-civilizações históricas conhecidas: nomeadamente a Helénica (recorde-se a unificação imperial das cidades gregas após a guerra do Peloponeso, sob a bandeira de Esparta a que se seguiu a de Tebas, numa fase que precedeu um interregno a que se seguiu um colapso final) e a Romana (o período mais florescente do Império durante a dinastia dos Antoninos, quando o Império Romano conheceu a sua máxima extensão territorial) como exemplos e modelos mais conhecidos e identificáveis.
E o Ocidente actual? Parece sobretudo que pela primeira vez escasseiam as «alternativas», normalmente uma cultura-civilização acaba, no seu colapso, por ser subjugada, ou pelo menos substituída, por outra como «potência dirigente» de uma determinada esfera geográfica (na Antiguidade do «universo conhecido», ou do «mundo civilizado»). Ora actualmente, e como consequência do prodigioso desenvolvimento técnico científico, e sobretudo com o progresso das comunicações que, em termos civilizacionais, aboliram as distâncias, chegou-se a uma civilização planetária, à «aldeia global» de Marshall McLuhan. Então, depois de um eventual colapso desta civilização planetária o que se lhe sucederia? Parece de facto que não se vislumbram alternativas.
O QUE NOS ESPERA
Creio haver eventualmente cinco fórmulas no âmbito das quais poderão caber estes próximos séculos do nosso futuro. Em primeiro lugar, o Ocidente possui fundamentos e energias para empreender um novo começo, ou ciclo, que seria o Terceiro por hipótese. Em segundo lugar, este novo impulso assumirá dois aspectos: um, segundo a variante americana, outro segundo a variante russa, da mesma forma que na sua primeira fase o Ocidente se cindiu numa variante ocidental europeia e outra bizantina. É também possível que apenas uma destas variantes consiga subsistir. Em terceiro lugar o Mundo Ocidental poderá decompor-se a partir do interior, perecer no termo de uma conflagração de tipo atómico. Nessa hipótese salvar-se-iam apenas fragmentos da nossa civilização, nas suas extremidades hispano-americanas, australiana e japonesa. Em quarto lugar, poderia quiçá pensar-se na remota possibilidade de uma nova civilização brotar em qualquer ponto do planeta que um dia se voltasse contra o Ocidente e o aniquilasse. Finalmente, em quinto e último lugar, nenhuma razão existe para afastar a possibilidade de uma ossificação ocidental, semelhante às ossificações de que foram vítimas o Islão, a Índia e o antigo Egipto. São palavras escritas pelo historiador francês Jaques Soustelle. De todas estas hipóteses convenha-se que a primeira parece ser a única verdadeiramente digna de um passado fecundo e altivo, pressupondo-se que a segunda alternativa (que seria um pouco a continuação de um presente-actual, a confirmação dos últimos trinta anos, nos quais precisamente se incrementaram as opiniões e as teses que diagnosticavam a evidência cada vez maior do processo de decadência) não o seria verdadeiramente, mas apenas um intervalo, antes de suceder uma das três últimas. Soustelle foi pouco explícito acerca da concretização e dos pormenores da primeira alternativa.
A nós parece-nos que ela terá de ser sobretudo um regresso às potencialidades das especificidades e das idiossincrasias, e à exploração das suas qualidades, das suas múltiplas virtudes. A salvação do Ocidente está no regresso à diversidade.
Contra as actuais tendências de universalismo político, integracionismo económico, globalização dos problemas e das suas soluções (quando elas existem), máxime de governo mundial, contrapomos nós a ideia de aproveitamento da fertilidade das diferenças, das potencialidades das diversas componentes nacionais dessa gigantesca realidade multifacetada que foi (e é?) a Civilização Ocidental.
Não se pregue um isolacionismo reducionista, nem a destruição de pontes de intercâmbio sempre úteis; apenas se lembra que na procura exacerbada da unidade se perdem as virtualidades de cada um, as identidades que formam as faces do prisma geral, o qual indirecta mas consequentemente também perderá a identidade. Além de que, a planetarização da civilização actual restringe, ou elimina mesmo, as alternativas no caso de fracasso da única estrada deixada em aberto. Um coelho selvagem ou um furão quando constroem a sua toca não se limitam a dar-lhes uma saída, mas várias. As diversidades nacionais da Civilização Ocidental serão as suas saídas. Ou então não haverá saídas.
. A GRÃ-BRETANHA, santuário do liberalismo, a tenacidade, a teimosia, o isolamento insular, a capacidade de resistência, o sentido comercial, o snobismo, um certo estilo desportivo de coragem, Shakespeare ou Chesterton, Carlyle, Wilde, Shaw, Gibson, Kipling ou John Locke; e Palmerston, ou Gladstone, Drake, ou James Kook, Isabel I ou Cromwell, Ricardo Coração de Leão ou Winston Churchill, Montgomery, Allenby ou Welleslley.
. A FRANÇA, e a patente das grandes transformações revolucionárias e burguesas, jacobina ou imperial, pomposa e cortesã, exaltada e impulsiva, chauvinista, frívola e culta ou rude e individualista, Maurras e Hugo, Balzac e Zola, Drieu la Rochelle, Voltaire, Montesquieu e Proudhon, Malraux e Bernanos; a França maquiavélica de Luís XI, espampanante de Luís XIV, reaccionária de Carlos X, revolucionária de Robespierre, mística com Joana D’Arc, teatral com De Gaulle, heróica com Pétain em Verdun, com os pára-quedistas na Argélia e na Indochina. E tudo isto, mas em excesso, com Bonaparte a segurar a Bandeira tricolor.
. E a ALEMANHA, rígida e disciplinada, militarista e cortês, perseverante e universitária, guerreira e majestosa atrás da águia heráldica, Fichte e Kant, Rilke e Mann, Nietzshe e Junger, Hegel e Schmitt; e Frederico o Grande e Luddendorf, Bismark e Maximiliano da Baviera, Wallenstein e Hitler, Adenauer e Otão o Grande.
. E a ESPANHA, orgulhosa, extremista, excessiva, religiosa, austera e isolada, violenta e honrada, sempre um tudo-nada anacrónico. É Calderon de la Barca Velásquez, Goya, El Greco, Danoso Cortes, Unamuno, Cervantes; e Canovas, Carlos V, Fernando e Isabel, Pizarro e Elcano, Primo de Rivera e Franco.
. E a RÚSSIA, autocrática, desigual, terna e cruel, submissa e revoltada, imensa, cinzenta, resistente, inabalável, introvertida, imperialista; Ivan o Terrível e Alexandre Nevski, Pedro o Grande e Catarina, Nicolau I e Lenin, Estaline e Alexandre I Romanoff, que vergou Bonaparte. E Gorki, Tolstoy, Dostoiewski, Pasternak, Eisenstein e Gogol.
. E PORTUGAL, saudoso, insatisfeito, melancólico, poético, aventuroso, individualista, improvisador e leal, universalista e particular; é D. Diniz, Infante D. Henrique, Afonso de Albuquerque e Nun’Álvares, Pombal, Vasco da Gama, Fernão de Magalhães e Mouzinho, Salazar e D. Pedro V; e Camões, Bernardino, Nuno Gonçalves, Gil Vicente, Pessoa, Eça, Herculano, António Vieira e Pedro Hispano.
Seis Nações, seis culturas, seis civilizações em uma civilização global. Apenas seis, tiradas à sorte, arbitrariamente, numa imensidade. Os Estados Unidos (embora uma civilização recente), a Itália, a Áustria… E aproveitando as facilidades actuais de outras civilizações, a Índia, a China, a América Latina, a civilização Árabe, o Japão (despojado da chocante americanização de que foi vítima após 1945…)
CONCLUSÃO
É no aproveitamento desta riqueza incomensurável, que um pouco exaustivamente exemplificamos, que reside a alternativa. Não se pode alienar tudo isto por troca com projectos vagos e materialistas, reduzidos e utópicos, na mira de uma pretensa construção de um Estado Mundial, de um Estado Universal que ainda que possível, mais não seria (como vimos em análise de Toynbee) que uma fase episódica, o fulgor da morte, o esplendor fictício da penúltima fase de desagregação.
A civilização do Ocidente é uma civilização de Nações, sinóptica e una na diversidade. E é no retorno à sua natureza própria, e só nela, que o Ocidente poderá sobreviver.
(José António Carvalho)
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