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terça-feira, março 31, 2009

Duplo centenário: Maurice Bardèche e Robert Brasillach 

Maurice Bardèche
Escritor francês (1909–1998), crítico de cinema e literatura, que após a II Guerra Mundial se tornou o mentor dos intelectuais franceses nacionalistas, tendo dirigido a revista "Défense de l’Occident", onde se revelou como combativo polemista político. Em 1961 publicou um ensaio muito pessoal, "Qu'est-ce que le Fascisme?".
Anotou a edição das obras completas de Robert Brasillach, seu cunhado, em colaboração com o qual escreveu uma "Histoire du cinéma" e uma "Histoire de la Guerre d’Espagne". Estudou autores como Balzac, Stendhal, Proust, Flaubert, Céline e Bloy. Em 1993 publicou Souvenirs.

Robert Brasillach
Cronista, tradutor, poeta, romancista e ensaísta francês (1909-1945), cujas simpatias pelo fascismo o levaram, no final da guerra, à prisão. Acusado de colaboracionismo, fo julgado e condenado à morte, tendo sido fuzilado no final da II Guerra Mundial, apesar de uma larga campanha pela clemência subscrita por escritores e intelectuais de várias sectores ideológicos e políticos. Autor dos romances Le Voleur d'Etincelles (1932), L'Enfant de la Nuit (1934), Le Marchand d'Oiseaux (1936), Comme le Temps passe (1937), Les Sept Couleurs (1939), La Conquérante (1943), Six Heures à perdre (1953), publicou uma Histoire du Cinéma (1935, de colaboração com Maurice Bardèche) e de ensaios sobre Virgílio (1931) e Corneille (1938), entre outros.
Passam hoje cem anos sobre o seu nascimento.

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E já agora recordo um bicentenário:

Juan Donoso Cortés (1809-1853), teórico político cujas ideias tiveram enorme influência nos séculos XIX e XX, a sua reacção contra o Iluminismo e contra a Revolução Francesa deixou obras de notável preciosidade. Para Donoso os seres humanos são essencialmente e naturalmente depravados, corruptos e irracionais, desta forma a civilização só pode ser preservada através da imposição de um poder divinamente legitimado com base em dogmas e em mecanismos repressivos. Entende que a verdade é revelada ao homem por Deus e quando se discute demasiado apenas se abre a porta à dúvida, à confusão e se prepara o terreno para o socialismo cujo fim último é a anarquia. Danoso defende que a legitimidade de um regime não é baseada na hereditariedade mas sim na capacidade repressiva, a autoridade é vista como sinónimo de infalibilidade. As ideias de Donoso dominaram na Igreja até ao Concílio Vaticano II, em 1965. Crítico feroz do liberalismo influenciou o teórico político nacionalista alemão Carl Schmitt. O seu princípio da infalibilidade da autoridade teria ressonâncias significativas em vários regimes autoritários. Essencial no seu pensamento é o elevado sentido de justiça, defendia que o crime não deveria nunca ficar impune ou ser tolerado, a justiça, a autoridade e a ordem deveriam sempre ser preservadas. Sustentava que a violência que promove o mal deve ser combatida com a violência que promove o bem. Uma vez que os seres humanas são moralmente depravados justifica-se a imposição de regras morais perfeitas para toda a humanidade. O pensamento de Donoso combina a perspectiva escatológica de Santo Agostinho com os ciclos históricos de Vico e com o processo dialéctico de Hegel. Donoso previu no seu tempo a tirania socialista e não se enganou, falta ainda esperar pelo desfecho final do pesadelo revolucionário. Previu também que se travaria uma luta de morte, pelo controlo das sociedades e das almas, entre o catolicismo e o socialismo, entre a civilização católica e a civilização filosófica saída do iluminismo. Donoso Cortés deixou uma vasta obra publicada, contudo nenhuma vertida para português.
 
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