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quinta-feira, setembro 10, 2009

Considerandos estratégicos 

No difícil panorama do nacionalismo português contemporâneo avulta, a meu ver, um facto positivo: a existência de um único partido a chamar a si a representação política dos nacionalistas.
Dirão que é pouco se tal partido não for capaz de cumprir eficazmente a sua função; respondo no entanto que o facto em si mesmo é extraordinário, dada a extrema dificuldade em conseguir congregar as variadíssimas famílias políticas que compõem o leque dos nacionalismos.
Se olharmos para a Europa verificamos que o único caso de sucesso desse ponto de vista é a FN francesa, ultrapassando uma longa tradição de divisão que a antecedeu. Essa unidade na acção é um exercício de equilíbrio em constante risco de derrocada, como se sabe, mas é essencial; e só pode ser concretizado por um partido de tipo frentista, combativo para o exterior mas flexível para o seu interior, o suficiente para não afastar ou excluir nenhuma das sensibilidades que têm de sentir-se representadas.
O caminho oposto conduz à situação espanhola, obviamente lamentável: mais partidos que militantes, todos lutando entre si e isolando-se cada vez mais da sociedade em geral.
Dou por assente portanto que esse é um facto positivo, de grande importância. E não vale a pena discutir a magna questão de saber se esse partido possui virtualidades para eficazmente assumir a sua função de representação - esssa é a missão que nos cabe (a todos nós), cumprir na prática.
Falta-nos, no entanto, aqui em Portugal, quase tudo o resto. Com efeito, a essa unidade da representação política de tipo eleitoralista, actuante segundo as regras do sistema, deve corresponder um máximo de pluralidade e diversidade nos outros planos. Ou seja, devem multiplicar-se as trincheiras no corpo social. Que existam associações, grupos, círculos, revistas, editoras, livrarias, uns mais directamente políticos outros de vocação cultural, genéricos uns e mais específicos e temáticos outros, enfim, um magma de iniciativas e actividades que abarquem todos os campos e domínios e que alastrem por toda a sociedade. Mesmo uns blogues e umas páginas na net também servem tal finalidade...
Da dimensão dessa rede e da sua capacidade para gerar e alimentar correntes de opinião, e formar quadros, elites e militantes, tanto como comunicar com as massas, dependerão as possibilidades de êxito da tal frente de representação política.
A qual de outro modo se encontrará sozinha em campo esforçando-se por representar coisa nenhuma.

2 Comentários
Comments:
Meu caro Camisa Negra, quero apenas referir que em Portugal esse facto positivo de haver um único partido que chame a si a representação dos nacionalistas, deve-se unicamente à imensa dificuldade de registar um partido nestas bandas ao contrário dos nuestros hermanos. Se a lei fosse mudada para facilitar o aparecimento de novos partidos, veria que a situação seria pior do que a espanhola.
Saudações!
 
Não tenho dúvidas!
Todos querem ter um...
Neste caso o que nos salva são precisamente os regulamentos adversários.
Por ironia: parece-me que se o actual partido obtivesse resultados eleitorais muito bons o sistema corria a alterar a lei dos partidos políticos. Passava a ser muito fácil, qualquer grupo de 3 ou 4 podia ser partido e entrar na corrida.
Paradoxos da democracia.
 
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