segunda-feira, outubro 12, 2009
Sobre acção política nacionalista
"A vida colectiva, sobretudo na sua expressão nacional, e num plano superior desta, não se congrega nem ordena espontaneamente. É ilusão supor que a sociedade busca ou encontra por si própria as suas directrizes; ou mesmo apreende em termos sensíveis as suas próprias necessidades. Um ou poucos debruçados sobre o ser colectivo deduzem e esclarecem o que pode encontrar-se vaga e embrionariamente na consciência geral, sentem as necessidades ou conveniências, fixam um objectivo, definem uma direcção, dão o impulso, criaram uma política."
Esta reflexão de Salazar parece-me especialmente ajustada aos tempos em que a nossa geração é colocada perante a história – em que descobriu o mundo e em que, como todas as juventudes conscientes da sua missão, sente a necessidade de o transformar. Alguns de nós têm vindo a insistir no modo de fazer essa transformação; chegados à encruzilhada é preciso saber como agir, estabelecer uma escala de prioridades, conferir à acção um grau de precisão e eficácia que evite a dispersão inglória das forças que restam e assegure as condições para o triunfo final. Tarefa difícil pelo que exige de tenacidade, de constância, de perseverança, é ela o ponto-chave da definição de qualquer estratégia revolucionária, e a pedra de toque que permite reconhecer o autêntico revolucionário (estamos aqui a utilizar, sem preocupações de rigor, a palavra revolução com o seu significado imediato de modificação profunda das estruturas em que assenta um país).
Ao reflectir sobre esses tais modos de agir, que garantam a viabilidade e o sucesso, ao menos a prazo, dos esforços políticos dos nacionalistas portugueses, desde há muito deparámos com a importância do facto cultural, e conferimos-lhe a primazia na acção. Com isso não descobrimos nada: apenas seguimos os ensinamentos de muitos mestres, e da grande mestra que é a história. Charles Maurras escreveu que "as revoluções estão feitas antes de rebentarem"; com isso constatava o facto de elas antes de chegarem às ruas já terem conquistado os espíritos. Mais recentemente o politólogo Jules Monnerot empregou-se a demonstrar como era capital o domínio da massa cinzenta (ver a importante obra "Sociologia da Revolução" de Monnerot).
No nosso quotidiano, dedicado à acção nacionalista, sentimos muitas vezes que esta opção é dolorosa. Sobretudo porque ela, cortando com o imediatismo, nos separa de imediato dos nossos camaradas mais impacientes, nos afasta de muitos cujos sentimentos e intenções são os nossos, mas em que a resistência psicológica ou a capacidade intelectual exigem um activismo mais virado para o concreto, para o imediato, para o resultado visível e a curto prazo (haverá sempre uma grande massa de potenciais militantes que só poderemos prender, porque só podem vincular-se, através de acção que encha o olho). E as grandes massas não se movem pela cabeça, mas pelo coração ou pelos instintos.
Evidentemente que a persistência num trabalho lento de conquista das inteligências nos levou a descurar esses aspectos. Não há tempo para fazer tudo. O que importa é não esquecer que os diversos tipos de acção política se não excluem, antes a plena eficácia pressupõe uma correcta utilização de todos eles, num interrelacionamento perfeito. Conforme as circunstâncias o exigirem e as possibilidades o permitirem.
Na certeza, porém, de que toda a acção política só faz sentido, só é possível, quando norteada por uma determinada concepção do mundo. E a nossa cosmovisão nacionalista exige-nos uma política nacional, com todas as afirmações e negações que o nacionalismo traz implícito. Nacionalismo: doutrina política que apresenta a nação como valor supremo na esfera temporal; logo, "ardentemente antiliberal é, também, ardentemente anti-individualista. Se a nação real, definida como uma herança determinada, um património moral comum que cada um de nós deve respeitar, continuar e fazer durar, representa o valor supremo, parece evidente que os indivíduos ou pessoas têm de subordinar-se inteiramente à nação (António José de Brito, in "Destino do Nacionalismo Português").
E então, posto o nacionalismo como princípio, resulta evidente que temos que realizar uma política nacional. Para explicar qual resolvemos terminar como começámos, ou seja, com uma citação de Salazar: "Quando digo política nacional entendo: que a Nação – a nossa Nação – é uma realidade viva que desejamos imorredoira; que a Nação é um todo orgânico constituído por indivíduos diferenciados em virtude de aptidões diversas e actividades diferentes, hierarquizados na sua diferenciação natural; que há interesses deste todo perfeitamente distintos dos interesses individuais e por vezes até antagónicos aos interesses imediatos da generalidade e muito mais de um grupo ou de uma classe de cidadãos; que a bem do interesse nacional se tem que reconhecer os agrupamentos naturais ou sociais dos homens – a família, a sociedade, o sindicato profissional, a associação de fins ideais, a autarquia local".
Esta reflexão de Salazar parece-me especialmente ajustada aos tempos em que a nossa geração é colocada perante a história – em que descobriu o mundo e em que, como todas as juventudes conscientes da sua missão, sente a necessidade de o transformar. Alguns de nós têm vindo a insistir no modo de fazer essa transformação; chegados à encruzilhada é preciso saber como agir, estabelecer uma escala de prioridades, conferir à acção um grau de precisão e eficácia que evite a dispersão inglória das forças que restam e assegure as condições para o triunfo final. Tarefa difícil pelo que exige de tenacidade, de constância, de perseverança, é ela o ponto-chave da definição de qualquer estratégia revolucionária, e a pedra de toque que permite reconhecer o autêntico revolucionário (estamos aqui a utilizar, sem preocupações de rigor, a palavra revolução com o seu significado imediato de modificação profunda das estruturas em que assenta um país).
Ao reflectir sobre esses tais modos de agir, que garantam a viabilidade e o sucesso, ao menos a prazo, dos esforços políticos dos nacionalistas portugueses, desde há muito deparámos com a importância do facto cultural, e conferimos-lhe a primazia na acção. Com isso não descobrimos nada: apenas seguimos os ensinamentos de muitos mestres, e da grande mestra que é a história. Charles Maurras escreveu que "as revoluções estão feitas antes de rebentarem"; com isso constatava o facto de elas antes de chegarem às ruas já terem conquistado os espíritos. Mais recentemente o politólogo Jules Monnerot empregou-se a demonstrar como era capital o domínio da massa cinzenta (ver a importante obra "Sociologia da Revolução" de Monnerot).
No nosso quotidiano, dedicado à acção nacionalista, sentimos muitas vezes que esta opção é dolorosa. Sobretudo porque ela, cortando com o imediatismo, nos separa de imediato dos nossos camaradas mais impacientes, nos afasta de muitos cujos sentimentos e intenções são os nossos, mas em que a resistência psicológica ou a capacidade intelectual exigem um activismo mais virado para o concreto, para o imediato, para o resultado visível e a curto prazo (haverá sempre uma grande massa de potenciais militantes que só poderemos prender, porque só podem vincular-se, através de acção que encha o olho). E as grandes massas não se movem pela cabeça, mas pelo coração ou pelos instintos.
Evidentemente que a persistência num trabalho lento de conquista das inteligências nos levou a descurar esses aspectos. Não há tempo para fazer tudo. O que importa é não esquecer que os diversos tipos de acção política se não excluem, antes a plena eficácia pressupõe uma correcta utilização de todos eles, num interrelacionamento perfeito. Conforme as circunstâncias o exigirem e as possibilidades o permitirem.
Na certeza, porém, de que toda a acção política só faz sentido, só é possível, quando norteada por uma determinada concepção do mundo. E a nossa cosmovisão nacionalista exige-nos uma política nacional, com todas as afirmações e negações que o nacionalismo traz implícito. Nacionalismo: doutrina política que apresenta a nação como valor supremo na esfera temporal; logo, "ardentemente antiliberal é, também, ardentemente anti-individualista. Se a nação real, definida como uma herança determinada, um património moral comum que cada um de nós deve respeitar, continuar e fazer durar, representa o valor supremo, parece evidente que os indivíduos ou pessoas têm de subordinar-se inteiramente à nação (António José de Brito, in "Destino do Nacionalismo Português").
E então, posto o nacionalismo como princípio, resulta evidente que temos que realizar uma política nacional. Para explicar qual resolvemos terminar como começámos, ou seja, com uma citação de Salazar: "Quando digo política nacional entendo: que a Nação – a nossa Nação – é uma realidade viva que desejamos imorredoira; que a Nação é um todo orgânico constituído por indivíduos diferenciados em virtude de aptidões diversas e actividades diferentes, hierarquizados na sua diferenciação natural; que há interesses deste todo perfeitamente distintos dos interesses individuais e por vezes até antagónicos aos interesses imediatos da generalidade e muito mais de um grupo ou de uma classe de cidadãos; que a bem do interesse nacional se tem que reconhecer os agrupamentos naturais ou sociais dos homens – a família, a sociedade, o sindicato profissional, a associação de fins ideais, a autarquia local".
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