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sexta-feira, dezembro 11, 2009

A esquerda festiva e a direita catita 

Se nada existe de superior ao Indivíduo, como sempre acreditou certa direita, então não há como fundamentar a imposição de regras e condutas que não sejam o resultado livre da vontade dele - tal como proclama certa esquerda.
Comportamentos sexuais, uniões pessoais, hábitos de consumo, tudo pertence à esfera íntima e pessoal de cada um.
E se isto é certo, como acredita a tal esquerda, o que não tem lógica é insistir na mania do socialismo, que releva da preocupação da justiça social - como basear essa ideia de justiça, se não existem valores, senão as particulares e subjectivas representações que disso tenha cada Indivíduo? E como justificar a luta por tal modelo concreto, no seu impulso moralizante, perante a liberdade das vontades que eventualmente o rejeitam?
Em resumo: na sua admiração pelo Indivíduo e pela liberdade apresenta-se plenamente coerente a posição da esquerda louçã nas matérias de costumes, da chamada agenda social - seja a droga, seja o aborto, sejam as uniões de facto, sejam os direitos de homossexuais, seja lá o que for. O que não bate certo é o projecto de imposição ao colectivo dos tais seres livres de um modelo definido de sociedade que é dado à partida como justo e a que os interesses e vontades individuais terão que submeter-se - apesar de não se conhecer valor independente e superior a tais vontades.
E por outro lado, no campo da direita catita com assinatura na Independente e estágio nos bares do Príncipe Real, se nada existe a legitimar a sujeição do Indivíduo a normas que ele rejeita, por ser ele o supremo valor e ser soberana a liberdade, compreende-se a rejeição do socialismo, quadro rígido a cercear a livre expressão do agregado voluntário de indivíduos que a sociedade seria - e do mesmo passo decorre a aceitação do essencial do pensamento atrás exposto como a "agenda social" da tal esquerda festiva. Onde se iria apoiar a construção de uma Ética, negando desse modo o lugar cimeiro do Indivíduo a ela sujeito?
Nada trazem de novo portanto os cronistas que nestes últimos tempos têm provocado, a meu ver sem justificação, alguma agitação no chocho debate de ideias que de quando em vez anima as redacções da capital.
Tudo está certo, coerente e lógico. Com o rótulo de "nova direita" ou outro qualquer, têm razão os injustiçados teorizadores. Daqui lhes expresso a minha aprovação plena.
E mais digo, que o pobre casamento ideológico entre a visão da sociedade e dos costumes que tem sido defendida pela esquerda festiva e a concepção do homem, dos valores e da organização social que é própria da citada direita apresenta-se em tudo como um casamento natural e equilibrado, que decorre das posições conhecidas das partes e não de qualquer inovação.

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