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quarta-feira, fevereiro 23, 2011

A História está de volta 

Os movimentos de massas só ganham um sentido político quando têm uma direcção, que lhes imprime esse sentido. Por vezes essa direcção preexiste, outras vezes surge da dinâmica dos acontecimentos. Existem nessas realidades, muitas vezes, planeamento e provocação, conspiração e manipulação, e muitas vezes também espontaneidade, imprevistos e acidentes, circunstâncias de excepção e actores de génio. Por tudo isso, é certo que a história só se torna previsível depois de ter acontecido.
Tudo o que se pode dizer com segurança sobre as agitações que sacodem o mundo árabo-muçulmano é que ninguém sabe rigorosamente o que se passa, e menos ainda o que se vai passar. Estão presentes e actuantes todos os factores habituais, no que se refere a influências externas e a confrontos internos, a forças ocultas e a factores de antagonismo e conflito, mas ignora-se de todo qual o seu peso relativo, qual a relação de forças, tudo se traduzindo num universo complexíssimo, onde se jogam cartadas de todas as origens.
Não sabemos o que se vai passar, nem quanto tempo levará até que se vislumbrem princípios de definição. O que nos parece certo é que, para além do mais, assistimos a uma confrontação agónica, entre estertores de mundos antigos e de velhas civilizações e os embates de uma modernidade fatalmente perturbante e niveladora.
Não sabemos o que virá a resultar, a nível político, das transformações a que iremos assistir. Estamos em crer que novas sínteses, cujos tipo e características provavelmente não obedecerão aos modelos já conhecidos, e que não trarão a satisfação a muitos dos jogadores envolvidos.
O realismo exige que se rejeitem as análises simplistas e os primarismos do costume. Certo, certo - é que a História está de volta.

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