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terça-feira, fevereiro 22, 2011

Só não reagem os mortos! 

Se um homem está a morrer envenenado, o que precisa é de um contra-veneno; ninguém ousará duvidar da necessidade de encontrar um antídoto, e de lho administrar com urgência. Nunca se ouviu dizer que era preciso reforçar-lhe a dose do veneno que o está matando. Pois uma verdade assim tão simples e de aceitação geral parece não valer para os povos, ao menos no entendimento daqueles que, até ver, vão pensando pelos portugueses. Entre nós, recentemente, logrou consenso quase geral, com foros de verdade instituída, o diagnóstico sobre o estado comatoso em que o país se encontra; dizem os sábios, e sentimos todos, que se não lhe acudirmos rápido é desta que se fina a Pátria oito vezes secular. Quanto à raiz do mal, quanto à cicuta que lhe corrói as entranhas e ameaça a existência, também é geral o consenso: tudo vem de cima, do desgoverno que nos tem sido feito, da camarilha que se apossou do poder e nos vem assassinando a existência colectiva por entre torpezas e inépcias.
Aqui chegados, seria de esperar que todos convergissem na terapêutica - pelo menos a imediata: é urgente extrair o veneno, extirpar a gangrena, arranjar tratamento que salve o doente, e permita abrir caminho para a cura.
Mas não: chegados aqui vieram as sumidades da praça, de ar grave e compungido, explicar que o que se impunha agora era a estabilidade; mais explicadinho, o que era preciso era manter a governança e os governantes; impõe-se, dizem-nos, que eles levem a tarefa até ao fim... E assim, com esta placidez, se prescreve o veneno ao organismo já de si tão enfraquecido pelo mesmo veneno. Deixá-los levar a tarefa até ao fim! E sobreviveremos nós?

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